
Expansão da Residência Médica: Médicos Temem Perda de Qualidade e Debatem os Valores a Receber na Formação

Expansão da Residência Médica: Médicos Temem Perda de Qualidade e Debatem os Valores a Receber na Formação
O futuro da formação médica no Brasil está em pauta. Recentemente, um edital do Ministério da Saúde reacendeu discussões cruciais sobre a expansão dos programas de Residência Médica e os valores a receber pela sociedade em termos de qualidade assistencial.
A iniciativa do Ministério visa ampliar o número de especialistas no país, buscando suprir defasagens regionais e levar atendimento especializado a áreas mais remotas. A medida é uma resposta direta aos dados da Demografia Médica 2025, que escancarou a desigual distribuição de médicos especialistas no território nacional, com uma concentração esmagadora no Sudeste.
O Alerta da Comunidade Médica: Qualidade em Risco?
Apesar da intenção louvável de descentralizar e aumentar a oferta de especialidades, a proposta não vem sem ressalvas. A comunidade médica, representada por entidades como a Associação Paulista de Medicina (APM), expressa temores significativos.
Antonio José Gonçalves, presidente da APM, levanta um ponto crítico: o receio de que a expansão indiscriminada da Residência Médica replique problemas vistos na graduação, resultando na formação de especialistas sem a qualificação adequada, em instituições carentes de infraestrutura.
“Acredito que não é desta maneira que vamos preencher a lacuna da má distribuição dos médicos e da formação de especialistas qualificados. O que há de ser feito é um investimento maior na Residência, contando com o apoio das sociedades de especialidades no credenciamento”, pondera Gonçalves.
A preocupação reside na possibilidade de credenciamento de hospitais menores, com menor volume de casos e instalações que podem não ser ideais para a complexa formação de um especialista que necessita de corpo docente experiente e tradição em ensino.
Especialidades em Destaque
Inicialmente, o edital foca em especialidades prioritárias para a saúde pública. Entre elas estão:
- Ginecologia e Obstetrícia
- Medicina Intensiva Pediátrica
- Pediatria
- Radioterapia
- Cirurgia Oncológica
- Oftalmologia
- Cardiologia
- Neonatologia
Além destas, outras áreas não médicas da saúde também são contempladas. Entretanto, Gonçalves sugere que especialidades como Clínica Médica e Medicina de Família e Comunidade também recebam maior investimento e incentivos, fundamentais para a atenção primária e integral.
Vigilância pela Qualidade e os Valores a Receber
A APM reforça seu compromisso em fiscalizar a qualidade dos programas de Residência Médica que serão credenciados, buscando denunciar capacitações duvidosas. A máxima "competência não se presume, se afere" norteia a postura da entidade.
O debate sobre a expansão da Residência Médica é, fundamentalmente, sobre garantir que o sistema de saúde e os próprios profissionais continuem a colher valores a receber em excelência. A formação de um médico especialista é um investimento de longo prazo, e sua qualidade impacta diretamente a vida da população.
Estar atento aos desdobramentos deste edital e pressionar por critérios rigorosos no credenciamento é essencial para assegurar que a expansão traga, de fato, benefícios duradouros para a saúde brasileira, garantindo que tanto os médicos quanto os pacientes recebam o máximo valor da especialização.
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