
Mauro Cid: Reclusão e Desconfiança Após Delação no Caso Bolsonaro

Em um giro dramático dos acontecimentos, o tenente-coronel Mauro Cid, outrora figura central no governo Bolsonaro, enfrenta agora um isolamento implacável. Após a homologação de sua delação premiada pelo STF, que o coloca no epicentro das acusações de tentativa de golpe, Cid se encontra recluso, desconfiado e sob constante vigilância. Morador do Setor Militar Urbano em Brasília, a poucos quilômetros do Palácio do Planalto onde outrora exerceu influência, Cid mantém as janelas fechadas, buscando evitar os olhares curiosos. Vizinhos relatam saídas esporádicas para breves caminhadas, contrastando com a vida agitada de outrora. “Minha vida acabou”, desabafou Cid à Justiça, em um lamento que ecoa o peso das acusações. Frequentador assíduo do restaurante Costelita, reduto de oficiais de alta patente, Cid é observado como um homem “abatido e arredio”. A proximidade com seus pares não alivia seu isolamento; ele se mantém distante, focado em suas refeições rápidas, evitando qualquer interação social. Uma tentativa de cumprimento por um general foi ignorada, tamanha a pressa e o foco em sua reclusão. A divulgação da delação premiada, antes envolta em sigilo, trouxe alívio e, ao mesmo tempo, expôs Cid a um novo nível de escrutínio. O uso da tornozeleira eletrônica, uma condição do acordo de colaboração, tornou-se um símbolo visível de sua situação. Sua defesa, procurada, optou pelo silêncio. Pessoas próximas relatam uma crescente paranoia, uma desconfiança generalizada que o isolou de amigos e familiares. Cid acredita ser constantemente monitorado, mudando trajetos e suspeitando de todos ao seu redor. A divulgação de sua delação, embora tenha trazido à tona sua versão dos fatos, não dissipou o sentimento de vigilância. Apesar do alívio em apresentar sua versão, a possibilidade de se tornar réu paira sobre Cid, comprometendo suas chances de promoção. As prisões passadas e a reviravolta em sua vida demonstram o peso das investigações da trama golpista. Mensagens extraídas de seu celular revelaram novos caminhos para a apuração, culminando em sua delação premiada. Em novembro de 2023, após sua primeira libertação, Cid respondeu laconicamente sobre sua rotina: “Está tudo tranquilo.” Uma tranquilidade efêmera, que se desfez com a divulgação de áudios críticos à Polícia Federal e ao ministro Alexandre de Moraes, levando a uma nova prisão. A defesa classificou as gravações como um “desabafo”, mas o dano já estava feito. A reclusão e a desconfiança de Mauro Cid são o retrato de um homem em meio a uma tempestade política e legal, buscando se agarrar a um fio de esperança em meio ao turbilhão de acusações e incertezas.
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