A Agonia Escondida: Os Bastidores Chocantes de Jim Carrey como o Grinch (25 Anos Depois)

Há 25 anos, o mundo foi presenteado com uma adaptação cinematográfica inesquecível de “Como o Grinch Roubou o Natal”, de Dr. Seuss, que se tornou um fenômeno de bilheteria e um clássico instantâneo. No centro dessa magia verde estava Jim Carrey, cuja performance icônica como o Grinch é lendária. No entanto, por trás daquele sorriso (ou seria um grunhido?) verde e mal-humorado, escondia-se uma experiência de filmagem que o próprio Carrey descreveu como “excruciante”.

Recentemente, em uma entrevista reveladora para a Vulture, Jim Carrey abriu o jogo sobre os desafios físicos e psicológicos de dar vida ao Grinch. Prepare-se para mergulhar nos detalhes selvagens de uma das transformações mais extremas de Hollywood.

A Batalha pela Maquiagem: “Não é Como o Jim Carrey Verde Roubou o Natal!”

A visão original do estúdio para o Grinch era, surpreendentemente, simples: pintar Jim Carrey de verde. Mas Rick Baker, o lendário artista de efeitos de maquiagem que ganharia um Oscar por seu trabalho no filme, sabia que isso seria um erro catastrófico. Baker, um verdadeiro mestre, argumentou: “O estúdio disse: ‘Estamos pagando a Jim US$ 20 milhões, e queremos vê-lo. Apenas pintem-no de verde.’ Mas não é ‘Como o Jim Carrey Verde Roubou o Natal.’ É ‘Como o Grinch Roubou o Natal.’ Ele deveria parecer um personagem de fantasia.”

Em um movimento audacioso, Baker contatou o influente site de cinema Ain’t It Cool News, pedindo que eles divulgassem que a Universal estava cometendo um “erro grave” ao querer um “Grinch verde simples”. A resposta do público foi avassaladora, forçando o estúdio a ceder e permitir a visão mais complexa e fiel ao personagem que conhecemos.

O Tormento da Transformação de Jim Carrey

Apesar da vitória criativa de Baker, a transformação do Grinch era um calvário diário para Jim Carrey. Ele revelou detalhes de um processo que testou seus limites físicos e mentais:

• Respiração Bloqueada: O design da máscara cobria a maior parte do seu rosto, impedindo-o de respirar pelo nariz. Carrey passou o filme inteiro respirando pela boca.
• Cabelo de Iaque Irritante: A fantasia era feita de cabelo de iaque, que causava uma coceira incessante. Com dedos de 25 centímetros de comprimento, ele não conseguia sequer se coçar.
• Visão de Túnel: Lentes de contato verdes cobriam o olho inteiro, deixando-o com uma visão restrita a um pequeno túnel à sua frente.
• Falar com Dificuldade: Os dentes protéticos exigiam que ele “encontrasse uma maneira de falar”.

O produtor Brian Grazer revelou que a equipe ofereceu a Jim Carrey a opção de usar efeitos digitais para seus olhos, mas ele recusou, insistindo nas lentes de contato que pareciam “frisbees” em seus olhos, causando-lhe imensa dor.

Pânico e Resistência: Treinamento Extremo para o Grinch

Ron Howard, o diretor, contou que Jim Carrey começou a ter ataques de pânico nos primeiros dias de filmagem. Ele foi encontrado deitado no chão entre as cenas, com um saco de papel pardo, visivelmente infeliz. No primeiro dia, após oito horas na cadeira de maquiagem, Carrey ameaçou desistir e devolver os US$ 20 milhões.

A solução veio de uma fonte inesperada: um especialista militar. Richard Marcinko, um treinador de oficiais da CIA e forças especiais em como suportar tortura e interrogatórios, foi trazido ao set para ajudar Jim Carrey a suportar a provação.

Marcinko ensinou a Carrey uma série de técnicas para lidar com o estresse e o desconforto extremo:

• Dar um soco forte na perna.
• Pedir a um amigo de confiança para dar um soco no braço.
• Comer tudo o que visse pela frente.
• Mudar padrões no ambiente (ex: desligar a TV e ligar o rádio).
• Fumar o máximo possível (Carrey precisava de um piteira longa para evitar que o cabelo de iaque pegasse fogo!).

Carrey mais tarde descobriu que Marcinko era o fundador da SEAL Team Six, a renomada unidade de elite da Marinha dos EUA. Um fato bizarro e fascinante sobre os bastidores de um filme infantil!

As Saídas Inesperadas: Bee Gees e um Maquiador em Terapia

Curiosamente, além do treinamento militar, a música também se tornou um refúgio para Jim Carrey. Ele revelou que “Os Bee Gees” foram essenciais para atravessar o processo de maquiagem, que eventualmente foi reduzido para cerca de três horas. “A música deles é tão alegre. Nunca conheci Barry Gibb, mas quero agradecê-lo,” disse Carrey.

Mas a intensidade da experiência afetou a todos. Kazuhiro Tsuji, o artista de maquiagem que trabalhava ao lado de Rick Baker, precisou de terapia após a produção, devido ao comportamento exigente de Carrey na cadeira de maquiagem. Tsuji relembrou: “Na sala de maquiagem, ele de repente se levantava, olhava no espelho e, apontando para o queixo, dizia: ‘Essa cor é diferente da que você fez ontem’. Eu estava usando a mesma cor que usei ontem. Ele dizia: ‘Corrija’. E ok, você sabe, eu ‘corrigia’. Todos os dias eram assim.”

O Legado e o Futuro do Grinch

Apesar do sofrimento, a performance de Jim Carrey como o Grinch é um testamento de sua dedicação à arte e um clássico da cultura pop. Sua disposição de mergulhar tão profundamente no personagem, mesmo com um custo pessoal tão alto, cimentou seu lugar na história do cinema.

Em uma entrevista para a ComicBook.com no ano passado, Carrey expressou interesse em reprisar o papel, mas com uma condição crucial: a tecnologia de captura de movimento. “Se pudéssemos descobrir o Grinch com captura de movimento e coisas assim, eu poderia ser livre para fazer outras coisas. Tudo é possível neste mundo,” ele afirmou. Isso sugere que, embora o amor pelo personagem permaneça, a agonia da maquiagem é algo que Jim Carrey não está disposto a reviver.

A história por trás de “Como o Grinch Roubou o Natal” é um lembrete vívido do preço da arte e da incrível resiliência de um dos maiores comediantes de nossa geração. A performance de Jim Carrey como o Grinch nos fez rir, mas os bastidores nos mostram uma face mais complexa e dolorosa do processo criativo.