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Arlindo Cruz: O Adeus ao Poeta do Samba e o Legado de uma Geração

Arlindo Cruz: O Adeus ao Poeta do Samba e o Legado de uma Geração

temp_image_1754679068.877004 Arlindo Cruz: O Adeus ao Poeta do Samba e o Legado de uma Geração

O Brasil se despede de uma de suas vozes mais emblemáticas. Arlindo Cruz, um dos maiores nomes da história do samba, faleceu aos 66 anos no Rio de Janeiro. A notícia, confirmada por sua esposa, Babi Cruz, marca o fim de uma era para a música popular brasileira, mas o início da eternidade de um legado construído com poesia, ritmo e um amor incondicional pela cultura nacional.

Uma Batalha Pela Vida: A Luta Após o AVC

A jornada de Arlindo Cruz nos últimos anos foi de imensa resiliência. Em março de 2017, o artista sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico severo, que o afastou dos palcos e o colocou em uma longa e árdua batalha pela recuperação. Desde então, ele enfrentou as sequelas da doença com a mesma força que demonstrava em suas composições, passando por diversas internações e inspirando milhões com sua garra.

“Arlindo parte deixando um legado imenso para a cultura brasileira e um exemplo de força, humildade e paixão pela arte. Que sua música continue ecoando e inspirando as próximas gerações…”

Trecho do comunicado da família

Do Cavaquinho de Infância à Consagração no Samba

Nascido Arlindo Domingos da Cruz Filho, no Rio de Janeiro, sua conexão com a música foi quase instantânea. Aos 7 anos, ganhou seu primeiro cavaquinho, e aos 12, já dedilhava melodias de ouvido. Sua genialidade o levou a frequentar a lendária roda de samba do Cacique de Ramos, um verdadeiro berço de talentos, onde conviveu e tocou com gigantes como Jorge Aragão, Beth Carvalho e Almir Guineto.

A Era de Ouro no Fundo de Quintal

O talento de Arlindo Cruz como compositor e instrumentista o levou a um dos postos mais cobiçados do samba: integrar o grupo Fundo de Quintal. Por 12 anos, sua voz e seu banjo foram a alma do grupo, eternizando sucessos que se tornaram hinos obrigatórios em qualquer roda de samba:

  • “Seja Sambista Também”
  • “O Mapa da Mina”
  • “Primeira Dama”
  • “Castelo de Cera”

O Compositor dos Gigantes e a Paixão pelo Império Serrano

Além de sua brilhante carreira solo, Arlindo Cruz foi o poeta por trás de mais de 550 canções gravadas por grandes nomes da música brasileira. Artistas como Zeca Pagodinho (“Bagaço da Laranja”, “Casal Sem Vergonha”) e Alcione (“Novo Amor”) tiveram o privilégio de dar voz às suas composições geniais.

Sua paixão pelo carnaval era igualmente avassaladora. Arlindo foi multicampeão de samba-enredo em sua escola de coração, o Império Serrano, que o homenageou como enredo em 2023, em um desfile emocionante que celebrou sua vida e obra com o tema “O show tem que continuar”.

Um Legado que Ecoa na Eternidade

Arlindo Cruz não foi apenas um músico; ele foi a crônica de um povo, o tradutor de sentimentos em acordes e versos. Seu falecimento deixa uma lacuna irreparável, mas sua obra é imortal. O “sambista perfeito” pode ter partido, mas sua música continuará a embalar corações, a animar festas e a definir o que há de mais puro e verdadeiro na alma brasileira. O samba está de luto, mas também em festa, celebrando a vida de quem o fez gigante. Para saber mais sobre o que é um AVC e seus riscos, consulte fontes confiáveis como o Ministério da Saúde.

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