
Bienal do Livro Rio 2025: A Força da Literatura Afrocentrada em Destaque

A atmosfera cultural da Bienal do Livro Rio 2025 pulsa com diversidade, e um dos temas que emergem com força e relevância é a literatura afrocentrada. Esse segmento literário, escrito por autores negros a partir de suas vivências e direcionado (mas não limitado) ao público negro, ganha cada vez mais espaço, reconhecimento e, fundamentalmente, impacta a vida de leitores.
No centro dessa discussão na Bienal estão vozes proeminentes como Lázaro Ramos, curador do evento e multiartista, e Lavínia Rocha, autora e professora. Ambos sublinham a potência transformadora da literatura que reflete a identidade e a experiência negra.
Representatividade Que Transforma: Autoestima e Identificação
Para Lázaro Ramos, a literatura afrocentrada consegue unir a profundidade da experiência pessoal à excelência artística. Ele destaca a capacidade desses livros de gerar uma identificação poderosa entre personagens e leitores, algo crucial para a construção da autoestima.
"Você se identificar, se ver, refletir sobre sua existência, potencializa a autoestima, mesmo nas histórias dolorosas", afirma Lázaro Ramos.
Essa identificação é um ponto sensível. Lavínia Rocha compartilha sua própria jornada, marcada pela ausência de personagens com os quais pudesse se reconhecer em sua infância. Essa lacuna a inspirou a se tornar autora, criando histórias onde protagonistas negros pudessem existir e florescer.
"Era muito importante pra mim quando eu pensei: eu queria muito ter uma personagem que se parecesse comigo", revela Lavínia.
O Que Define a Literatura Afrocentrada?
Embora muitas vezes se sobreponha à ‘literatura negra’, o termo ‘afrocentrada’ enfatiza um olhar focado nos cotidianos, imaginários, costumes e símbolos da população negra. É uma literatura que busca visibilizar e celebrar as nuances de uma identidade que, apesar de majoritária no Brasil, foi historicamente marginalizada nas narrativas literárias tradicionais.
Lázaro Ramos complementa que essa literatura, ao narrar a experiência negra, traz à tona uma identidade muitas vezes invisibilizada.
Qualidade Inquestionável e Reencontro com a Ancestralidade
Além de seu valor social e identitário, a literatura afrocentrada é, segundo Lázaro Ramos, sinônimo de alta qualidade literária. Ele cita renomados autores contemporâneos como Jeferson Tenório, Itamar Vieira Junior e Eliana Alves Cruz como exemplos da excelência presente nesse campo.
"É uma literatura também que é de extrema qualidade… O livro nos informa, nos entretêm, nos ensina, nos liberta, nos emancipa", pontua Lázaro.
Lavínia Rocha acrescenta que se ver representado nesses livros não apenas confirma a própria existência, mas também abre um leque de possibilidades na vida real. É a percepção de que histórias de felicidade, sucesso e comédia romântica também pertencem a pessoas negras. Mais ainda, é um reencontro com a ancestralidade.
"É um lugar de reencontro com a ancestralidade, de entender que somos frutos de uma história muito maior do que uma história de escravidão, que nós somos um legado", reflete Lavínia.
Impacto no Hábito da Leitura
Como professora, Lavínia observou um aumento significativo no interesse pela leitura entre seus alunos quando eles encontraram personagens que se pareciam com eles nas histórias.
"Eu tenho convicção de que é algo que interfere no hábito da leitura", conclui.
A presença marcante da literatura afrocentrada na Bienal do Livro Rio 2025 reafirma seu papel vital na promoção da leitura, na construção da autoestima e na celebração da rica e diversa identidade brasileira. É um convite para que todos explorem e se beneficiem dessas narrativas poderosas.
Para saber mais sobre o evento, visite o site oficial da Bienal do Livro.
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