
David Bowie: O Segredo Revelado de “The Spectator”, Seu Musical Inédito do Século XVIII no V&A Museum

David Bowie: O Segredo Revelado de “The Spectator”, Seu Musical Inédito do Século XVIII no V&A Museum
Mesmo após sua partida em 2016, David Bowie continua a nos surpreender, revelando camadas inéditas de sua genialidade artística. Enquanto Blackstar foi seu poético adeus, moldado pela aceitação da mortalidade, um projeto ainda mais misterioso estava sendo gestado em seus meses finais: um musical do século XVIII, batizado de “The Spectator”. Este tesouro criativo, até então desconhecido até mesmo por seus colaboradores mais próximos, agora vem à luz, prometendo uma nova visão sobre o legado inigualável de Bowie.
O Último Segredo de David Bowie: “The Spectator” Ganha Vida no V&A Museum
As notas para “The Spectator” foram descobertas em seu estúdio trancado, no mesmo ano de sua morte, e agora fazem parte do vasto acervo de 90.000 objetos do V&A Museum. Este projeto ambicioso representava a realização de um desejo antigo de Bowie. “Logo no início, eu realmente queria escrever para o teatro”, ele confidenciou à BBC Radio 4 em 2002. Sua intenção, segundo ele, era sempre alcançar um público amplo, e “The Spectator” seria a materialização dessa visão.
Madeline Haddon, curadora-chefe da coleção, descreve a experiência de encontrar essas anotações: elas estavam fixadas nas paredes e guardadas no escritório de Nova York, intocadas até que os arquivistas começassem a catalogar seus pertences. A partir de 13 de setembro, fãs e estudiosos terão acesso a esse material precioso no David Bowie Centre, que será inaugurado no V&A East Storehouse em Hackney Wick.
Imersão no Século XVIII: A Fascinante Londres de Bowie
A paixão de David Bowie pelo desenvolvimento da arte e da sátira na Londres do século XVIII transborda em suas anotações. Ele se dedicou a um caderno inteiro para “The Spectator”, um periódico diário que circulou entre 1711 e 1712, comentando os costumes e modas da sociedade londrina. Com caneta preta, Bowie resumia e avaliava os principais ensaios, revelando seu aguçado senso crítico e um toque de humor.
Histórias de gangues criminosas e o notório ladrão “Honest” Jack Sheppard cativavam Bowie. Ele chegou a considerar Sheppard como um dos personagens centrais, imaginando cenas pós-enforcamento com “cirurgiões brigando por cadáveres”. O professor Bob Harris, especialista do século XVIII na Universidade de Oxford, compreende o fascínio de Bowie: “Londres, naquela época, era uma cidade tão emocionante, vibrante e diversa… com uma mídia impressa efervescente que comentava constantemente as modas e loucuras da época.”
Os Mohocks, uma gangue de jovens de alta classe que aterrorizavam as ruas de Londres, também aparecem em suas ideias de enredo. Bowie via nessa era uma rica tapeçaria de contrastes — entre o elevado e o vulgar, o virtuoso e o criminoso —, algo que ressoava profundamente com sua própria exploração das dualidades artísticas e sociais.
Criatividade sem Limites: Paralelos entre Épocas
Além das tramas criminais, Bowie mergulhou na cronologia do início do século XVIII, estudando pintores como Joshua Reynolds e William Hogarth, e a formação da Royal Academy. Ele se interessava por como os musicais eram usados para sátira política contra o governo de Robert Walpole, questionando: “Qual o papel dos artistas nesse período? Como os artistas estão criando um tipo de comentário satírico?”
Haddon especula que Bowie estava traçando paralelos entre o Iluminismo e os dilemas contemporâneos, especialmente no contexto político americano de 2015. “Será que ele estava pensando no poder das formas de arte para criar mudanças em nosso próprio momento político?”, ela indaga. Essa é a essência da mente de David Bowie: um artista que transcende o tempo, buscando entender o presente através das lentes do passado, e vice-versa.
O Legado Eterno de David Bowie e a Experiência no V&A
Embora nunca saibamos todas as intenções de Bowie para “The Spectator”, seu arquivo monumental garantirá anos de estudo e inspiração. Cerca de 200 itens estarão em exibição no centro, mas os visitantes podem agendar para ver qualquer um dos 90.000 objetos da coleção – desde figurinos icônicos até letras manuscritas. Este acesso sem precedentes é uma oportunidade única para mergulhar no universo criativo de um dos maiores artistas da história.
Madeleine Haddon expressa sua esperança: “Espero que as pessoas levem consigo a amplitude do impacto que ele teve na cultura popular – mas também espero que sejam levadas a pensar sobre as ferramentas e processos que Bowie usou e que podem aplicar à sua própria criatividade.” O legado de David Bowie continua a inspirar novas gerações de artistas, designers e criadores, provando que sua estrela, de fato, nunca se apagará.
Para mais informações sobre o arquivo e a exposição de David Bowie, visite o site oficial do V&A Museum.
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