
José de Abreu Volta aos Palcos com a Peça ‘A Baleia’ no Rio

José de Abreu Volta aos Palcos com a Peça ‘A Baleia’ no Rio
Após um hiato de 12 anos longe dos palcos teatrais, o renomado ator José de Abreu marca seu retorno triunfal estreando nesta quinta-feira, 6 de junho, no palco do Teatro Adolpho Bloch, no Rio de Janeiro. A peça escolhida para este aguardado retorno é “A Baleia“, uma obra que promete emocionar e provocar reflexão.
O Desafio da Personagem em ‘A Baleia’
Com seus 79 anos, José de Abreu abraça um papel de grande complexidade e profundidade. Ele interpreta um professor gay que enfrenta a obesidade mórbida e se encontra em um doloroso processo de autodestruição. Para dar vida a este personagem de forma autêntica, o ator utiliza uma caracterização elaborada, que inclui enchimentos, maquiagem e um traje especial climatizado, contendo cerca de quatro quilos de gelo para suportar o calor das luzes e do esforço físico.
Em entrevista, Abreu comentou sobre o desconforto físico do traje, mas ressaltou que o maior desafio foi a imersão psicológica no universo interior do personagem. “Vestir esse corpo me joga no personagem”, disse ele, “Mas sem dúvida foi um trabalho maior de mergulho no interior dele. Porque o exterior é só uma casca, né?”
Entre Críticas e Política
Conhecido por suas posições políticas firmes, José de Abreu não se esquiva de comentar sobre a reação do público e dos seus detratores. Questionado sobre o temor de reações negativas no teatro, o ator provocou: “Meu hater não vai ao teatro. Ali, é como um peixe fora d’água.”
Ele afirma que, apesar das divergências políticas, a maioria das pessoas respeita seu trabalho como ator. “Muita gente diz: ‘Adoro como ator, mas como político é uma merda!’ A maioria respeita minha profissão, mesmo se não respeita a minha posição política”, disparou, evidenciando a separação que muitos fazem entre a figura pública e o artista.
Arte, Política e a Lei Rouanet
Abreu também teceu críticas à postura da direita em relação à produção cultural e artística. “A direita não gosta de arte, porque incomoda muito, né? A primeira coisa que se faz em uma ditadura é a censura.”, declarou, conectando a aversão à arte com regimes autoritários.
Sobre a utilização de recursos da Lei Rouanet para a montagem de “A Baleia”, tema frequente de debate e ataques a artistas, José de Abreu defendeu o uso da lei. “É um direito de todo artista: é uma lei, está lá para ser usado”, afirmou, ironizando as acusações que recebe: “Já fui chamado de ladrão da Rouanet milhares de vezes, mas nunca escreveram nem sequer o nome certo.”
A Montagem Brasileira Elogiada
A produção brasileira de “A Baleia”, dirigida por Luís Artur Nunes, conta ainda com talentos como Luísa Thiré e Alice Borges no elenco, além de José de Abreu. A estreia contou com a presença ilustre do próprio autor do texto original, Samuel D. Hunter. Hunter destacou a qualidade da montagem brasileira, mencionando que é a primeira vez que uma produção internacional o convida para assistir, apesar de sua peça já ter sido encenada em diversas línguas ao redor do mundo.
O autor elogiou a versão brasileira por preservar trechos cômicos que, segundo ele, não apareceram na adaptação cinematográfica. Este reconhecimento direto do criador do texto original adiciona uma camada extra de prestígio à produção nacional.
Por Trás da Obra: Do Palco ao Cinema
O espetáculo “A Baleia” é baseado no aclamado texto de Samuel D. Hunter, que também inspirou o filme homônimo, que ganhou destaque mundial ao ser vencedor do Oscar em 2022. A montagem teatral oferece uma experiência diferente e aprofundada da história que cativou a crítica e o público no cinema.
A peça “A Baleia”, estrelada por José de Abreu, segue em cartaz no Teatro Adolpho Bloch, prometendo ser um dos grandes destaques da temporada teatral carioca.
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