Mangueira Anuncia Enredo de 2026: Mestre Sacaca e a Amazônia Negra no Carnaval do Rio

O chão da Sapucaí em 2026 promete ser palco para uma homenagem emocionante e culturalmente rica. A Estação Primeira de Mangueira, uma das mais tradicionais escolas de samba do Rio de Janeiro, revelou seu enredo para o próximo carnaval: “Mestre Sacaca do encanto Tucuju – o Guardião da Amazônia Negra”.

A escolha celebra a vida e o legado de Raimundo dos Santos Souza, conhecido popularmente como Mestre Sacaca. Nascido no Amapá, Sacaca foi uma figura singular, reconhecido por seus profundos conhecimentos em medicina popular, utilizando ervas, chás, garrafadas e simpatias para cuidar da comunidade. Sua sabedoria lhe rendeu o apelido carinhoso de “doutor da floresta”.

O Homenageado: Mestre Sacaca do Amapá

Mestre Sacaca, que faleceu em 1999 aos 73 anos, deixou um legado tão significativo que um importante centro de cultura e ciência em Macapá leva seu nome: o Museu Sacaca. Em 2026, ele completaria 100 anos, tornando a homenagem da Mangueira ainda mais especial.

A escola de samba destacou a importância de Sacaca não apenas como curandeiro, mas como guardião de tradições e defensor incansável da floresta e das culturas afro-indígenas do Norte do Brasil.

A Escolha da Mangueira: Um Mergulho na Amazônia Negra

O carnavalesco Sidnei França ressaltou que este enredo representa um momento inédito na história da Verde e Rosa, ao focar em costumes e narrativas afro-indígenas frequentemente inexploradas ou com pouca visibilidade no contexto nacional.

“Estamos falando de algo inédito na historiografia da Mangueira: tratar de costumes afro-indígenas”, afirmou França. Ele pontuou que, mesmo no Brasil, a visão sobre a Amazônia por vezes carece de profundidade, deixando de lado personagens e histórias fundamentais para a compreensão da diversidade cultural do país.

Legado Multifacetado e Reconhecimento

A influência de Mestre Sacaca transcendeu a cura. Ele foi uma figura marcante no próprio carnaval amapaense, participando por mais de 20 anos como Rei Momo e sendo enredo de diversas agremiações locais. No esporte, atuou como técnico e massagista, revelando talentos em clubes da região.

Seu impacto foi tamanho que, postumamente, recebeu a mais alta condecoração da Divine Académie Française des Arts Lettres et Culture em 2018, um reconhecimento internacional de sua importância.

Com este enredo, a Mangueira não apenas celebra um ícone do Amapá, mas também convida o público a descobrir as riquezas culturais e a força da Amazônia Negra, sob o olhar de um de seus mais ilustres guardiões, Mestre Sacaca.