Marco Pigossi: De Caras & Bocas a Protagonista em Hollywood e a Luta Contra a Homofobia no Brasil

O ator brasileiro Marco Pigossi, radicado em Los Angeles, está em ascensão em Hollywood e aproveitou sua passagem pelo Brasil para lançar “Maré Alta”, seu primeiro filme norte-americano como protagonista. A produção, fruto de sua parceria com o cineasta italiano Marco Calvani, marca um novo capítulo em sua carreira, impulsionado pelo desejo de contar histórias que realmente importam.

A Semente da Produção: Um Conselho de Fernanda Montenegro

Ainda no início de sua trajetória, em 2008, Pigossi recebeu um conselho valioso de Fernanda Montenegro durante as filmagens da minissérie “Queridos Amigos”. A renomada atriz o incentivou a também se tornar produtor, para ter o controle sobre as narrativas que desejava levar ao público. Esse conselho o acompanhou desde então, moldando sua visão de carreira.

“Maré Alta”: Uma História de Imigração e Identidade LGBTQIA+

O filme “Maré Alta” aborda a história de Lourenço, um imigrante brasileiro nos Estados Unidos, interpretado por Pigossi, que enfrenta a iminente expiração de seu visto e a busca por um lugar onde possa viver sua sexualidade livremente. A trama explora as complexidades da vida de um imigrante, a desilusão amorosa e a luta pela autoaceitação.

Pigossi destaca a importância de abordar temas universais que afetam a comunidade LGBTQIA+, como a sexualização dos corpos pretos e a dificuldade de construir intimidade em um mundo de relações líquidas e superficiais. Ele ressalta o poder do cinema em gerar empatia e promover a reflexão sobre essas questões.

A Realidade Cruel da Homofobia no Brasil

Vivendo nos Estados Unidos, Pigossi se surpreende com a reação dos americanos ao saberem sobre a violência e a discriminação enfrentadas pela comunidade LGBT no Brasil. Ele lamenta o fato de o país ser um dos que mais mata pessoas LGBT no mundo, mesmo possuindo uma legislação avançada para acolher imigrantes LGBTQIA+ que sofrem perseguição em seus países de origem.

Novos Projetos e o Cinema Independente

Sem planos de voltar para as novelas, Pigossi se dedica ao cinema independente e atualmente produz um documentário sobre refugiados LGBTQIA+ no Brasil. Ele demonstra paixão por projetos que abordam temas relevantes e que dão voz a grupos marginalizados.

Apoio na Carreira e Ausência de Assédio

Pigossi relata que nunca sofreu assédio nos bastidores da televisão e que sempre encontrou apoio de colegas e diretores gays ao longo de sua carreira. Ele menciona o acolhimento que recebeu de Jorge Fernando após interpretar um personagem gay em “Caras & Bocas”, que o ajudou a mostrar seu talento em outros tipos de papéis.