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Norman Bates da Vida Real: Ed Gein, o Monstro que Inspirou ‘Psycho’ e ‘Monster’ da Netflix

A figura de um psicopata calmo, isolado e com uma relação obsessiva com a mãe que esconde segredos perturbadores em sua casa é instantaneamente associada a Norman Bates, o icônico personagem de Alfred Hitchcock em “Psicose”. Mas e se dissermos que essa figura aterradora foi inspirada em um homem de verdade, cujos crimes hediondos chocaram uma nação e continuam a fascinar o mundo do true crime? Prepare-se para mergulhar na história de Ed Gein, o “Monstro de Plainfield”, cuja vida e atos são a base para algumas das maiores lendas do horror.

Recentemente, a saga de Ed Gein ganhou um novo destaque com a chegada de produções como “Monster: The Ed Gein Story”, da Netflix (uma parte da aclamada série que já abordou Jeffrey Dahmer e os irmãos Menendez). No entanto, o que a ficção nos mostra é apenas a ponta do iceberg de uma realidade muito mais sinistra.

O Fazendeiro Quieto e a Casa dos Horrores

Na década de 1950, para os moradores da pacata Plainfield, Wisconsin, Ed Gein era apenas um fazendeiro solitário. Um homem recluso, que vivia em sua propriedade rural após a morte de sua família. Ninguém poderia imaginar que por trás daquela fachada discreta se escondia um cenário de pesadelo, uma verdadeira “casa dos horrores” que desafiava a compreensão humana.

Foi em 1957 que a verdade começou a se desenrolar. O desaparecimento de Bernice Worden, proprietária de uma loja de ferragens local, levou as autoridades à porta de Ed Gein. O que eles encontraram lá dentro não era apenas a evidência de um assassinato, mas um museu macabro de atrocidades que redefiniria o conceito de mal.

A Descoberta Aterrorizante e o Legado doentio

Na fazenda de Gein, os investigadores se depararam com o corpo mutilado de Bernice Worden, além de restos mortais de diversas outras vítimas. O mais chocante eram os “móveis” e “roupas” feitos de pele humana e outros ossos, que ele mantinha por toda a casa. Crânios humanos, máscaras faciais feitas de pele feminina, um colete feito do torso de uma mulher e até um abajur de pele – esses foram apenas alguns dos achados grotescos que consolidaram a imagem de Ed Gein como um dos mais perturbadores assassinos em série da história.

Gein confessou os assassinatos de Bernice Worden e Mary Hogan, uma taverneira desaparecida três anos antes. Ele também admitiu ter roubado corpos de pelo menos nove sepulturas em um cemitério local, utilizando-os para seus experimentos bizarros. Seu desejo de matar e colecionar restos humanos, segundo ele, era impulsionado por uma profunda conexão com sua mãe falecida e pelo desejo de “se tornar mais como uma mulher”, vestindo a pele de suas vítimas.

A Mente Perturbada: Infância, Morte e Obsessão

Nascido em 1906, Ed Gein teve uma infância marcada pelo isolamento em Plainfield. Criado por pais George e Augusta Gein, ao lado do irmão Henry, ele viveu sob o domínio de uma mãe extremamente religiosa e controladora, que o punia por tentar fazer amigos e o bombardeava com sermões sobre a imoralidade do mundo e a pecaminosidade das mulheres. Ed idolatrava sua mãe, e após a morte do pai em 1940 e do irmão Henry em 1944 (cuja morte, diferente da ficção, não foi considerada homicídio pelas autoridades da época), a obsessão de Gein por Augusta só se intensificou.

A morte de Augusta em 1945, após um segundo AVC, deixou Ed Gein completamente sozinho e desestruturado. Foi a partir daí que suas fantasias mórbidas, alimentadas por anos de repressão e uma ligação doentia com a figura materna, se manifestaram nos atos grotescos que o tornariam infame.

O Legado no Horror: De ‘Psycho’ a ‘O Massacre da Serra Elétrica’

Os crimes de Ed Gein transcenderam a esfera do true crime e se infiltraram profundamente na cultura pop, servindo como uma fonte perturbadora de inspiração para alguns dos mais icônicos filmes de horror. A história de Gein, com sua casa isolada e sua fixação materna, é a base solta para a criação de Norman Bates, o protagonista de “Psicose” de Alfred Hitchcock, um marco do suspense psicológico.

Mas não parou por aí. As atrocidades de Gein também influenciaram “O Massacre da Serra Elétrica”, com o vilão Leatherface e sua família canibal, e até mesmo elementos de “O Silêncio dos Inocentes”. Sua história continua a ser recontada e reinterpretada, solidificando seu lugar como um dos maiores catalisadores do terror cinematográfico.

Julgamento, Internação e Fim

Após sua prisão, Ed Gein foi acusado pelo assassinato de Bernice Worden. Ele se declarou inocente por motivo de insanidade e foi considerado inapto para ser julgado em seu primeiro processo. Internado em instituições psiquiátricas, foi apenas em um segundo julgamento, em 1968, que ele foi considerado culpado de assassinato, mas logo depois declarado não culpado por motivo de insanidade. Ele nunca foi julgado pela morte de Mary Hogan ou pelos roubos de túmulos que confessou.

Ed Gein passou o restante de sua vida em hospitais psiquiátricos no Wisconsin. Ele faleceu em 1984, aos 77 anos, devido a uma insuficiência respiratória ligada ao câncer de pulmão. A história de Gein permanece como um lembrete sombrio da linha tênue entre a sanidade e a loucura, e de como a realidade pode ser, por vezes, muito mais aterrorizante que qualquer ficção.

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