
Novo Superman de James Gunn: Um Desastre Anunciado? Crítica Compara e Geração Dean Cain Questiona

O Superman de James Gunn: Expectativa vs. Realidade
Havia uma faísca de esperança no ar. Após a montanha-russa tonal dos filmes anteriores do Homem de Aço (sim, olhamos para você, Man of Steel e Batman vs Superman), a chegada de James Gunn ao leme do novo Universo DC parecia a promessa de um sopro de ar fresco. Conhecido por seu toque irreverente e carisma em Guardiões da Galáxia, a expectativa era de que Gunn injetaria vida, leveza e, quem sabe, um pouco daquela mágica que faltava ao herói kryptoniano. Infelizmente, o resultado está mais para um Howard, o Pato com orçamento de superprodução.
O que recebemos é um filme que, apesar de tentar ser descolado e divertido, cai no raso e no sem sentido. A inteligência e o coração que marcavam o trabalho anterior de Gunn parecem ter sido deixados de lado, substituídos por uma sucessão de eventos desconexos e piadas que raramente acertam o alvo.
Um Herói Sem Essência? Onde Está o Clark Kent?
Talvez o maior pecado deste novo Superman seja a superficialidade com que trata seu protagonista. Já no início do filme, ele já é um herói conhecido, com Lois Lane a par de sua identidade secreta. Toda a tensão, o drama da dualidade entre o tímido repórter Clark Kent e o poderoso Superman — um elemento que rendeu ouro em interpretações icônicas como a de Christopher Reeve e, para muitos, a charmosa e relacionável versão de Dean Cain na série dos anos 90 — é simplesmente ignorada.
O ator David Corenswet fisicamente lembra o herói, mas a escrita do personagem o deixa sem alma. Ele é apresentado como um sujeito bem-intencionado, quase um ‘mano’ superpoderoso que não quer que ninguém se machuque. Onde está a crença em ‘Verdade, Justiça e o Estilo Americano’ (ou o que quer que isso signifique hoje)? Onde está a complexidade de equilibrar os mundos? Não há espaço para Clark, e o Superman que sobra é unidimensional, reagindo aos eventos em vez de impulsioná-los.
Vilões Fracos e um Roteiro Confuso
A trama, quando existe, é igualmente decepcionante. Lex Luthor, interpretado pelo talentoso Nicholas Hoult (que faz o que pode com o material), é reduzido a um bilionário mimado e vingativo, motivado por inveja da popularidade e boa aparência do Superman. Sua genialidade parece servir apenas a caprichos mesquinhos, controlando metahumanos de forma inexplicada e criando um universo de bolso com macacos treinados, mas cujo objetivo final é… um pedaço de terra e ser mais curtido que o herói?
Os conflitos geopolíticos são abordados de forma simplista e ingênua, perdendo qualquer nuance que sagas de heróis mais maduras conseguiram explorar. A ação é desorganizada, sem impacto real ou senso de perigo. E o roteiro recorre a conveniências absurdas, como um buraco negro aleatório ou um monstro que cresce instantaneamente para proporções de Godzilla, apenas para serem convenientemente neutralizados sem grandes consequências ou explicações.
Personagens Secundários Subaproveitados
Nem mesmo Lois Lane, vivida pela geralmente brilhante Rachel Brosnahan, escapa ilesa. Apesar de ter o potencial para ser a parceira afiada e perspicaz que conhecemos, ela é em grande parte relegada ao papel de namorada do herói, com sua faceta jornalista subutilizada. Outros personagens, como a Liga da Justiça ‘versão Z’ ou o Daily Planet, parecem existir apenas para preencher espaço ou fazer piadas que não funcionam.
O único destaque, paradoxalmente, é Krypto, o Supercão. Embora seu uso como ‘carta curinga’ para tirar o Superman de apuros se torne repetitivo, ele é o personagem mais bem definido e engraçado do filme. Infelizmente, isso diz mais sobre as falhas ao redor do que sobre a força do personagem canino.
Um Início Preocupante para o Novo DCU
Filmes de super-heróis, em seu auge, conseguiram explorar temas complexos de identidade, moralidade e o papel do herói na sociedade moderna, assim como os quadrinhos sempre fizeram. Este Superman de James Gunn joga tudo isso pela janela. Em sua busca por leveza, ele descartou peso, substância e qualquer motivo real para o público se importar.
O filme se apresenta como ‘chiclete’, bobo e despretensioso. Mas nem mesmo nisso ele acerta. Não é engraçado o suficiente, não é empolgante o suficiente, e a sensação ao final é de um encolher de ombros confuso. Se este é o pontapé inicial para o novo Universo DC, o sinal de alerta está ligado. Longe de ser um recomeço promissor, este Superman parece mais um tropeço logo na largada.
Onde o Superman de Dean Cain, com seus dramas relacionáveis e charme dos anos 90, cativou uma geração, este novo herói de James Gunn corre o risco de deixar o público indiferente. É um final melancólico para uma era, em vez de um novo começo vibrante.
Superman está em exibição nos cinemas.
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