Renata Vanzetto, MasterChef e a Polêmica do Upfront: A Soberba da Globo Paga o Preço?

O palco do Upfront da Globo em 2026 era para ser um show de novidades e um convite aos anunciantes, mas o que se viu foi um espetáculo de autoelogio que, em vez de valorizar, gerou uma série de questionamentos. No centro da controvérsia, um embate que colocou em xeque a inteligência de medir o sucesso televisivo: a chef Renata Vanzetto e as insinuações sobre a audiência do MasterChef Brasil. Mas, afinal, a soberba ainda tem lugar na nova era da televisão?

Renata Vanzetto e a Cutucada no MasterChef: Audiência é Tudo?

Ao anunciar a segunda temporada do programa “Chef de Alto Nível”, a mentora e chef Renata Vanzetto fez uma declaração que ecoou de forma polêmica no mercado: “Pra vocês terem noção, um episódio nosso deu mais audiência do que todas as temporadas do ‘MasterChef’ juntas.” A frase, carregada de um tom competitivo, gerou desconforto e levantou um debate crucial sobre as métricas de sucesso na televisão contemporânea.

Embora os números de audiência tradicionais, aferidos pela Kantar Ibope, ainda sejam importantes, ignorar o engajamento nas redes sociais é um erro crasso. Hoje, a verdadeira temperatura de um programa é sentida na internet, onde o “Chef de Alto Nível” recebeu mais críticas do que elogios. Enquanto isso, o MasterChef Brasil, apesar de uma fase de audiência mais modesta, mantém uma legião de fãs fiéis e um legado inegável, tendo “inspirado” — e muitas vezes superado — diversas competições culinárias desde 2014.

O Preço da Arrogância: Quando a Globo Erra a Mão

A tentativa de desprezar concorrentes para exaltar a própria programação parece ter sido um tema recorrente no Upfront da Globo. A emissora, que já tentou emplacar seu próprio “MasterChef” em horário nobre com o “Mestre do Sabor”, obteve resultados aquém do esperado. Essa postura, de menosprezar rivais para se engrandecer, é um caminho perigoso.

Outros momentos do evento corroboraram essa percepção:

• Eduardo Sterblitch e a Novela das 21h: O humorista atacou a novela “Beleza Fatal” (HBO Max) comparando-a com a novela das 21h da Globo, ressaltando números de audiência. No entanto, “Beleza Fatal” foi um fenômeno de engajamento digital, provando que o sucesso vai além do Ibope e que a personagem Lola, interpretada por Camila Pitanga, conquistou o público de forma avassaladora, algo que a própria Globo, com “Guerreiros do Sol” no Globoplay, não conseguiu replicar.
• William Bonner e a Fórmula 1: O âncora do Jornal Nacional fez uma piada desnecessária sobre a saída da Fórmula 1 da Globo para a Band. Uma provocação que soou deselegante, especialmente vinda de alguém que teve sua primeira grande oportunidade na emissora rival. A reação do narrador Teo José nas redes sociais, lamentando a “perda de ética e respeito”, reflete o sentimento de muitos.

E as Novidades? Mais do Mesmo?

Entre tantas provocações, o que a Globo realmente apresentou de novo e empolgante para 2026?

• Eliana aos Domingos: Uma aposta em um formato já conhecido da apresentadora em outras emissoras.
• Novela Sertaneja ‘Coração Acelerado’: Uma tentativa de cativar o público conservador, mostrando uma busca por nichos já explorados.
• Microdramas de 1 Minuto e Meio: Uma adaptação de formatos já bem-sucedidos em plataformas como Kwai e ReelShort, sem grande inovação.
• ‘BBB’ com Ex-participantes: Uma ideia “requentada” da 13ª edição, sem o frescor de uma novidade real.

Em suma, o Upfront da Globo para 2026 foi marcado por mais polêmicas e menos surpresas genuínas. A questão não é apenas quem tem mais audiência, mas como se constrói uma programação relevante e respeitosa em um cenário midiático cada vez mais diversificado. A lição de que a autoironia é mais inteligente do que o desprezo pelo concorrente parece ter sido esquecida. Resta saber se essa estratégia trará os resultados esperados ou se a emissora precisará repensar sua abordagem para os próximos anos.