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Richard Speck em ‘Monster: A História de Ed Gein’ – Desvendando Mitos e Realidades do ‘Birdman’ na Netflix

Richard Speck em ‘Monster: A História de Ed Gein’ – Desvendando Mitos e Realidades do ‘Birdman’ na Netflix

temp_image_1759901720.770755 Richard Speck em 'Monster: A História de Ed Gein' – Desvendando Mitos e Realidades do 'Birdman' na Netflix

Atenção: Este artigo contém spoilers da série da Netflix “Monster: The Ed Gein Story” e descrições de eventos retratados na série.

Richard Speck em “Monster: A História de Ed Gein” – Desvendando Mitos e Realidades do ‘Birdman’ na Netflix

A chegada de “Monster: The Ed Gein Story” à Netflix reacendeu o interesse por um dos mais notórios assassinos da história americana, mas também trouxe à tona uma série de debates sobre as liberdades criativas tomadas pela produção. Um dos arcos mais polêmicos e cativantes da série envolve a inclusão de outro assassino infame: Richard “Birdman” Speck. Mas qual é a verdade por trás da suposta conexão entre Speck e Ed Gein retratada na tela?

Quem foi Richard “Birdman” Speck? O Assassino das Enfermeiras

Antes de mergulharmos nas nuances da série, é crucial entender quem foi Richard Speck na vida real. Em julho de 1966, Chicago foi palco de um massacre brutal que chocou os Estados Unidos: Speck invadiu um alojamento de estudantes de enfermagem e matou oito delas em uma única noite. Sua identificação posterior foi possível graças a uma sobrevivente que se escondeu durante o ataque e notou uma tatuagem característica no braço de Speck. Ele foi apelidado de “Birdman” durante sua longa pena na prisão, supostamente por cuidar de um pardal em sua cela. Richard Speck faleceu na prisão em 1991.

A Conexão Fictícia: Richard Speck e Ed Gein na Série Netflix

A série “Monster: The Ed Gein Story” apresenta um arco final onde Richard Speck é retratado como um admirador de Ed Gein, chegando a corresponder-se com ele por cartas na prisão. O episódio, intitulado “O Padrinho”, posiciona Gein como uma espécie de “mentor” ou “modelo” para uma geração de serial killers. A narrativa sugere até que a ligação entre Gein e Speck leva à prisão de Ted Bundy, outro criminoso conhecido.

No entanto, a realidade é bem diferente. Não há nenhuma evidência histórica ou documentação que sugira que Richard Speck e Ed Gein tenham se correspondido ou que Speck tivesse qualquer afinidade particular pelos crimes de Gein. Da mesma forma, não existe registro de que Ed Gein tenha tido qualquer conexão com o caso de Ted Bundy. A própria série, em alguns momentos, levanta a dúvida se toda a sequência não seria apenas uma alucinação de Gein, uma manifestação de seus episódios esquizofrênicos.

A Realidade da Prisão: O Vídeo Polêmico de Richard Speck

Embora a série explore a imaginação de Gein, um aspecto da vida de Richard Speck na prisão que realmente se tornou público e chocante foi um vídeo vazado postumamente. Cinco anos após sua morte, em 1991, um vídeo de Speck na prisão emergiu, mostrando-o usando drogas e praticando sexo oral com outro detento. O vídeo também revelou que Speck parecia ter desenvolvido seios, resultado do uso de hormônios femininos. Esse incidente gerou grande clamor público e levou a exigências por mudanças no sistema prisional de Illinois. A série da Netflix faz uma breve recriação dessa imagem ao introduzir Speck.

Ed Gein: Inspirador da Cultura Pop, Não de Outros Assassinos

O tema recorrente da série de Ed Gein como uma estranha inspiração para outros criminosos é mais plausível quando conecta Gein a filmes clássicos como “Psicose”, “O Massacre da Serra Elétrica” e “O Silêncio dos Inocentes”, que são comprovadamente inspirados em seus atos. A ideia de Gein como um “patriarca” em uma “comunidade de serial killers” carece de fundamento histórico. Ed Gein, conhecido como o “açougueiro de Plainfield”, foi responsável por dois assassinatos confirmados (Mary Hogan em 1954 e Bernice Worden em 1957), além de profanar túmulos e usar restos mortais humanos para criar objetos domésticos macabros. Ele foi apreendido após o corpo de Bernice Worden ser encontrado em seu galpão.

Conclusão: A Arte da Ficção e a Responsabilidade da Narrativa True Crime

A série da Netflix, ao misturar fatos e ficção de forma tão vívida, nos lembra da complexidade da narrativa true crime. Enquanto a licença poética pode tornar as histórias mais envolventes, é fundamental que o público esteja ciente das distinções entre o que realmente aconteceu e o que foi criado para fins dramáticos. A história de Richard Speck e sua suposta ligação com Ed Gein é um exemplo claro de como a linha entre a realidade e a ficção pode se tornar tênue na busca por um enredo mais impactante.

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