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Riri Williams em Coração de Ferro: A Heroína Imperfeita que o MCU Ousou Apresentar

Riri Williams em Coração de Ferro: A Heroína Imperfeita que o MCU Ousou Apresentar

temp_image_1751496048.436751 Riri Williams em Coração de Ferro: A Heroína Imperfeita que o MCU Ousou Apresentar

Riri Williams em Coração de Ferro: A Heroína Imperfeita que o MCU Ousou Apresentar

Em um universo repleto de deuses, supersoldados e gênios bilionários, a chegada de Riri Williams na série Coração de Ferro prometia trazer uma perspectiva nova. E, de fato, é refrescante ver a protagonista, interpretada por Dominique Thorne, ter a liberdade de ser tão impulsiva, inconsequente e até mesmo equivocada quanto tantos heróis masculinos e brancos do MCU já foram.

A máxima de que a Marvel cria heróis como “gente como a gente” muitas vezes se traduziu em personagens masculinos (como Tony Stark, Thor ou Peter Quill) que cometem erros graúdos, mas ainda assim cativam a torcida, enquanto figuras femininas e não-brancas (Pepper Potts, Jane Foster, Gamora) frequentemente serviam de âncora moral, recolhendo os cacos. Riri Williams quebra esse molde de forma interessante.

A Jornada Turbulenta de uma Jovem Gênio

A série Coração de Ferro começa com Riri, uma prodígio bancada por uma bolsa Stark no MIT, sendo expulsa após mais um experimento que deu horrivelmente errado. De volta à sua casa em Chicago, ela precisa lidar com traumas do passado, mas sua teimosia a impulsiona a continuar um projeto ambicioso: construir uma armadura no estilo do Homem de Ferro. Sua resposta para quem questiona sua motivação? Uma simples e poderosa declaração: “Porque eu posso”.

O mérito da showrunner Chinaka Hodge é não deixar essa afirmação de capacidade sem questionamento. A série mergulha na necessidade de Riri de provar seu valor, investigando a fundo de onde vem essa urgência e o que ela tenta mascarar. Essa exploração das raízes da personagem e de como sua juventude impetuosa molda suas decisões confere a Coração de Ferro uma profundidade psicológica incomum para a franquia.

Dominique Thorne e a Performance Cativante

Dominique Thorne abraça a complexidade de Riri Williams com energia. Sua performance capta a essência de uma super-heroína que, no fundo, usa o super-heroísmo como uma forma de escapar de suas questões internas. É uma corrente narrativa que, embora presente em outros heróis do MCU, ganha destaque especial aqui, exigindo uma atuação que equilibre a severidade e a necessidade de autoafirmação sem afastar o público.

Altos e Baixos da Narrativa

Os primeiros episódios, sob a direção de Sam Bailey, são particularmente bem-sucedidos. Mais ágeis e focados, eles nos apresentam a Chicago de Riri com afeto e sem rodeios, entregando a empolgação visual de uma armadura metálica voando pelos céus, repleta de gadgets e energia. É um retorno às raízes da ação direta e impactante que ajudou a fundar o MCU.

No entanto, é no seu ato final que Coração de Ferro tropeça. O grande problema reside no vilão, o Capuz (interpretado por Anthony Ramos, que parece um pouco perdido no papel), e na trama envolvendo CEOs antiéticos de Chicago. Riri se envolve para financiar suas pesquisas e é seduzida pelo discurso do Capuz sobre os marginalizados nunca serem reconhecidos.

Infelizmente, a série, como outras produções recentes do MCU (Falcão e o Soldado Invernal, Pantera Negra), parece ter a necessidade de demonizar a ideia de agir fora do sistema para subvertê-lo. A resposta à opressão deve ser, na visão da franquia, algo mais colaborativo do que revolucionário. Essa linha narrativa corporativista asfixia o ímpeto inicial da série, fazendo com que o final se arraste de forma frustrante.

Conclusão: Potencial Subaproveitado?

É uma pena que o talento de artistas como Chinaka Hodge, Sam Bailey e Dominique Thorne, e a produção de Ryan Coogler, sejam direcionados para um desfecho tão previsível e sem brilho. Riri Williams é, sem dúvida, uma das personagens mais afiadas e promissoras introduzidas recentemente no MCU.

Com uma protagonista tão complexa e interessante, a série Coração de Ferro tinha tudo para ser uma joia. Mas, ao final, parece relutante em permitir que Riri, com toda a sua impetuosidade e genialidade, corte de fato pelos nós que a prendem, resultando em um produto que, apesar dos bons momentos e da excelente caracterização inicial de Riri, não alcança seu pleno potencial.

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