
Robert Pattinson Brilha em Mickey 17: A Nova Obra Instigante de Bong Joon-ho

Robert Pattinson em Mickey 17: A Profundidade da Clonagem sob o Olhar de Bong Joon-ho
A chegada de um novo filme assinado por Bong Joon-ho, o aclamado diretor por trás da obra-prima vencedora do Oscar, Parasita, é por si só um evento cinematográfico. E quando este filme tem Robert Pattinson no papel principal, a expectativa atinge níveis estratosféricos.
Mickey 17, baseado no livro Mickey7 de Edward Ashton, já está disponível na plataforma Max e se apresenta como um programa imperdível, talvez até obrigatório, para quem busca cinema que desafia e provoca.
Bong Joon-ho: Temas Recorrentes e Novas Fronteiras
Seis anos após o fenômeno Parasita, que redefiniu as barreiras do cinema falado não em inglês ao conquistar a estatueta de Melhor Filme no Oscar, Bong Joon-ho retorna com sua habilidade única de transitar entre gêneros e tecer críticas sociais afiadas.
Em Mickey 17, ele revisita a temática da divisão de classes, explorada magistralmente em Expresso do Amanhã (2013). Contudo, aqui, o palco é o espaço sideral, especificamente o gelado planeta Niflheim em 2054.
O diretor sul-coreano continua a investigar a luta pela sobrevivência em sistemas opressores, a importância das conexões humanas e a fusão de elementos de ficção científica, comédia, ação e até romance. Seus filmes frequentemente lidam com humor ácido e criaturas inusitadas, como visto em O Hospedeiro (2006) e Okja (2017), sempre com um olhar crítico sobre o capitalismo, o imperialismo e nossa relação destrutiva com o meio ambiente.
Os temas de Mickey 17 se atualizam para incluir a frenética corrida pela exploração espacial, os complexos limites éticos da clonagem humana e a ascensão de figuras políticas messiânicas com tendências autoritárias – uma sátira que, segundo o diretor, mistura várias referências históricas, embora evoque ecos de figuras contemporâneas.
Um Elenco Estelar Encabeçado por Robert Pattinson
Assim como em trabalhos anteriores, Bong Joon-ho reúne um time de talentos para dar vida à sua visão. O elenco de Mickey 17 conta com nomes de peso ao lado de Robert Pattinson:
- Mark Ruffalo: Dando vida ao político Kenneth Marshall, uma figura caricata e autoritária.
- Toni Collette: Interpretando Ylfa, a esposa que dita os passos de Marshall.
- Steven Yeun: No papel de Timo, amigo do protagonista.
- Naomi Ackie: Como Nasha Barridge, uma agente de segurança e interesse romântico de Mickey.
- Anamaria Vartolomei: Completando o time de coadjuvantes.
A fluidez narrativa e a ambientação meticulosa são marcas da colaboração de Joon-ho com sua equipe técnica, incluindo o diretor de fotografia Darius Khondji e a designer de produção Fiona Crombie.
A Dualidade de Robert Pattinson: Um Show de Atuação
No centro da trama está Mickey Barnes, o personagem de Robert Pattinson. Sua motivação inicial para se juntar a uma missão colonizadora é fugir de um agiota na Terra após um negócio fracassado. No entanto, ele logo descobre que seu papel é ser um “Descartável” – um indivíduo enviado para missões perigosas e, inevitavelmente, fatais, apenas para ser clonado e substituído por uma nova versão com suas memórias intactas.
É aqui que Robert Pattinson realmente brilha. A premissa do filme permite que ele interprete múltiplas iterações do mesmo personagem. Quando o “Mickey 18” é impresso antes que o “Mickey 17” esteja, de fato, morto, a narrativa ganha novas camadas de conflito e complexidade.
Pattinson entrega uma performance notável, conseguindo diferenciar sutilmente as personalidades de cada clone. O Mickey 17, com sua voz um tanto infantilizada, transmite inocência e insegurança, enquanto o Mickey 18, moldado pela revolta e pela experiência da exploração, se mostra mais agressivo e incisivo.
Essa capacidade de encarnar nuances em personagens complexos tem sido uma constante na carreira de Robert Pattinson, que há anos prova ser um dos atores mais talentosos de sua geração, com trabalhos memoráveis em filmes como Cosmópolis (2012), Bom Comportamento (2017) e O Farol (2019).
O trabalho de pós-produção, fundamental para as cenas em que os dois Mickeys interagem, complementa a performance de Pattinson, tornando crível a existência simultânea das duas versões.
Uma Crítica Afiada em Roupa de Ficção Científica
Além de ser uma obra de ficção científica envolvente, Mickey 17 utiliza a clonagem e a figura do “Descartável” como metáfora potente para a desumanização e a comoditização do trabalhador no sistema capitalista. Assim como os empregados em Parasita, os clones de Mickey são vistos como produtos descartáveis, substituíveis sem hesitação.
Bong Joon-ho nos lembra que cada “número” é uma pessoa, com suas dores, medos e desejos, mesmo que replicados. A trama explora não apenas a exploração física, mas também o peso psicológico de um ciclo interminável de vida e morte, onde as memórias dolorosas são constantemente carregadas.
Conclusão
Mickey 17 é mais do que um simples filme de ficção científica; é uma continuação coerente da filmografia de Bong Joon-ho, mergulhando em temas profundos com sua assinatura irreverente e crítica. E no centro de tudo, Robert Pattinson entrega uma atuação multifacetada que eleva a narrativa e solidifica seu status como um dos grandes atores da atualidade.
Disponível na Max, o filme é um convite à reflexão sobre o valor da vida, a ética da tecnologia e os extremos a que somos levados para sobreviver em um mundo implacável. Uma obra que, sem dúvida, gerará discussões e reafirma o talento visionário de seu diretor e de seu protagonista.
Compartilhar: