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Vila Isabel Anuncia Enredo 2026: Heitor dos Prazeres e o Sonho Africano no Samba

Vila Isabel Anuncia Enredo 2026: Heitor dos Prazeres e o Sonho Africano no Samba

temp_image_1746918308.179737 Vila Isabel Anuncia Enredo 2026: Heitor dos Prazeres e o Sonho Africano no Samba

Vila Isabel Anuncia Enredo 2026: Heitor dos Prazeres e o Sonho Africano no Samba

O chão histórico da Pedra do Sal, berço da Pequena África no Rio de Janeiro, foi palco neste sábado (10/05) de um anúncio de peso para o Carnaval de 2026: a Unidos de Vila Isabel levará para a Avenida um enredo que mergulha no universo onírico e multifacetado de Heitor dos Prazeres. Com o título poético “Macumbembê, Samborembá: Sonhei que um Sambista Sonhou a África”, a escola da Zona Norte promete um desfile que vai além da biografia convencional, explorando o legado e a visão de um dos pilares da cultura brasileira.

O enredo, assinado pelos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora, busca inspiração na própria filosofia de Heitor dos Prazeres, que, em um documentário de 1965, afirmava que “tudo ele sonhava”. É esse fio condutor que guiará a Vila Isabel, retratando o desejo de Heitor de sonhar um Brasil mais festivo, colorido e comunitário, visualizando uma África em festa no coração da Primeira República, na efervescência da Pequena África.

Macumbembê, Samborembá: A Mistura que Virou Enredo

O título enigmático “Macumbembê, Samborembá” é uma adaptação de um verso da canção “Tia Chimba”, parceria de Heitor dos Prazeres com Paulo da Portela. A expressão ressalta a fusão intrínseca entre samba e macumba, elementos que, na visão do mestre, “se misturam desde sempre”, forjando a identidade cultural afro-brasileira.

Heitor dos Prazeres: Um Artista Plural

Conhecido por sua pintura vibrante que retratava o cotidiano das favelas e dos terreiros, Heitor dos Prazeres foi muito mais que um pintor. Ele foi um dos arquitetos do próprio samba carioca. Ogã no terreiro da lendária Tia Ciata, participou dos primeiros Ranchos e foi peça fundamental na fundação de escolas icônicas como Deixa Falar, Portela e Mangueira.

Sua genialidade se estendeu à composição, vencendo um concurso de sambas em 1929, antes mesmo do primeiro desfile oficial. O pesquisador Vinicius Natal destaca a dimensão internacional de sua obra, com participações em Bienais e até uma tela adquirida pela Rainha Elizabeth II. O enredo da Vila Isabel visa reposicionar e celebrar essa pluralidade extraordinária do artista Heitor dos Prazeres.

A Conexão Profunda com a Vila Isabel

A ligação de Heitor dos Prazeres com a Vila Isabel não é fortuita. Amigo próximo de Noel Rosa, com quem compôs a marcha “Pierrô Apaixonado”, o artista teve seu destino cruzado de forma definitiva com a escola em 1966. Naquele ano, ao viajar para o Senegal para o Primeiro Festival Internacional de Artes Negras, Heitor “levou” a Vila com ele, através de documentários exibidos no evento, um sobre sua vida e obra e outro sobre os preparativos da Vila para o Carnaval do Quarto Centenário do Rio.

Essa sincronicidade foi vista como a confirmação do caminho. Desejo antigo da presidência, o enredo sobre Heitor dos Prazeres para o Carnaval 2026 promete ser uma das grandes atrações da Sapucaí, com a Unidos de Vila Isabel sendo a segunda escola a desfilar na terça-feira de Carnaval do ano que vem.

A escolha de Heitor dos Prazeres pela Vila Isabel para o Carnaval 2026 é mais do que uma homenagem; é um reconhecimento merecido a um mestre que, através de seus sonhos, cores e sons, construiu pontes entre o Brasil e a África, deixando um legado imensurável para a cultura nacional.

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