A Surpreendente Jornada de Carrascal: Do Beisebol ao Coração da Torcida do Flamengo na Libertadores

O Flamengo avança a passos largos rumo à final da CONMEBOL Libertadores, e um nome tem se destacado de forma especial nesta jornada: o colombiano Carrascal. Autor de gols cruciais e com uma técnica que encanta a torcida rubro-negra, o meia esconde uma história de vida e uma trajetória esportiva que vão muito além dos gramados. Antes de seus pés habilidosos balançarem as redes pelo Mengão, Carrascal sonhava com outro esporte: o beisebol.
O Diamante Bruto Que Quase Foi Arremessador
Em uma Colômbia onde o beisebol tem grande relevância, com jogadores inclusive na MLB dos Estados Unidos e uma medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2023, o pequeno Carrascal deu seus primeiros passos no esporte com cerca de seis anos, no “Campo de Las Gaviotas”. Influenciado pelo pai, ele se declarava torcedor fervoroso do New York Yankees. “Antes de me dedicar ao futebol, eu praticava beisebol. Dediquei-me ao primeiro porque tinha mais talento com os pés do que com as mãos”, revelou Carrascal à Rádio Caracol, com bom humor.
Curiosamente, os efeitos e a inteligência que ele hoje imprime na bola, nos passes precisos que enganam marcadores adversários no meio-campo do Flamengo, têm suas raízes no passado: “Eu era arremessador. Tentava fazer bolas curvas. Agora, mais velho, tenho muitos amigos em Cartagena que são jogadores de beisebol.” Uma habilidade oculta que ele mesmo revelou em um “pingue-pongue” do Fla nas redes sociais.
De Cartagena das Índias ao Estrelato Rubro-Negro
Nascido em Cartagena das Índias, uma região com desafios sociais marcantes, Carrascal trocou as luvas e tacos de beisebol pela chuteira graças ao apoio e à visão de seu tio. Ele começou a frequentar a escolinha de futebol do Heroicos FC, e ali, seu destino começou a ser traçado. A realidade de sua infância, em um bairro super pobre e de classe baixa, o confrontava com escolhas duras.
“Sempre fui um jogador talentoso, desde criança. Gostava de fazer pequenas coisas, truques e tudo mais. Eles chamam isso de ‘chiches’. E é por isso que eu tive muitos problemas. Eu também já me meti em brigas, sabe o que quero dizer? Quando querem te bater no bairro, você tem que revidar, tem de ganhar respeito. Isso era um pouco complicado. Quando eu era mais novo, também brigava, carregava facas, tudo isso. Era um bairro super pobre, um bairro de classe muito baixa. Você tinha de se defender,” desabafou Carrascal em entrevista ao jornal argentino Olé em 2019.
“A falta de oportunidades na minha cidade é muito complicada… Tem muitos talentos que se perderam por causa disso: porque é isso ou roubar, é isso ou você acaba na cadeia, ou você acaba morto. Eles não te oferecem opção. E as pessoas também podem estar muito confortáveis: gostam de ter dinheiro, de ter isso ou aquilo, e se não saem para trabalhar, procuram-no das formas mais sujas, vendendo drogas, vendendo todo o tipo de coisas. A verdade é que se eu não tivesse tido esse apoio familiar, ou de várias pessoas que me apoiaram muito, agora mesmo eu estaria em Cartagena e se não estivesse preso, estaria por aí a roubar,” completou o jogador.
O futebol se tornou a tábua de salvação, um caminho para construir um futuro diferente do que o cenário de violência e falta de oportunidades oferecia. A história de Carrascal é um testemunho da força do esporte como ferramenta de transformação social.
O Impacto de Carrascal no Flamengo e na Libertadores
Chegando ao Flamengo como o último reforço da janela de transferências, Carrascal demorou um pouco para se adaptar, mas sua determinação e talento logo conquistaram a Nação Rubro-Negra. Inicialmente visto como um possível substituto para Arrascaeta, ele rapidamente mostrou que veio para brilhar com luz própria.
“Como eu sempre disse, a ideia é aportar meus grãos de areia onde eu jogar, pela direita ou pela esquerda. A ideia é dar esse apoio aos companheiros e dar o máximo do meu potencial,” afirmou o meia. Em 12 partidas, ele já acumula quatro assistências e dois gols decisivos – um no clássico contra o Vasco e outro fundamental na Libertadores, contra o Racing. Este último gol, inclusive, colocou o Flamengo um passo mais próximo da grande final.
Seus companheiros de equipe e a comissão técnica não poupam elogios. Filipe Luís, em particular, enalteceu a evolução do colombiano: “O Flamengo busca jogadores com muita qualidade, jogadores que sejam diferentes com a bola no pé, que saibam o que fazem (…) O que me deixa feliz no Carrascal é que é um jogador que melhorou ainda mais desde que ele estava lá na Rússia e a chegada dele aqui. A tomada de decisão no terço final, perto da área, é um jogador ainda mais letal do que era.”
A adaptabilidade, a visão de jogo e a capacidade de ser letal perto da área adversária fazem de Carrascal uma peça cada vez mais importante no esquema tático do Flamengo. Sua jornada é um exemplo de superação, talento e resiliência, provando que o caminho, por mais tortuoso que seja, pode levar ao topo do futebol sul-americano.
Com um passado no beisebol e um presente brilhante no Flamengo, Carrascal continua a escrever sua história, agora com os pés que um dia arremessavam bolas curvas, mas que hoje encantam milhões de torcedores rubro-negros!
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