
Balin Miller: A Lenda da Escalada que Encantou e Chocou o Mundo

O mundo da escalada perdeu um de seus talentos mais promissores e carismáticos. Balin Miller, de apenas 23 anos, que estava rapidamente se tornando uma verdadeira lenda entre os alpinistas, faleceu em 1º de outubro de 2025 após uma queda dramática de 730 metros em El Capitan, no Parque Nacional de Yosemite. Sua morte, ocorrida durante a ascensão da desafiadora rota ‘Sea of Dreams’ (5.9 A4), chocou a comunidade global, especialmente porque foi testemunhada ao vivo por centenas de pessoas através de uma transmissão.
Uma Trajetória Meteórica e Inesquecível
Balin Miller passou o ano de 2025 consolidando seu nome com impressionantes solos — e sequências de solos — que o levaram do Alasca à Patagônia. Sua ousadia e técnica apurada o destacavam, transformando-o em um ícone para muitos. A notícia de sua partida foi compartilhada por sua mãe, Jeanine Girard-Moorman, em uma postagem emocionante no Facebook, expressando a dor de um coração partido.
O Incidente em El Capitan: Uma Queda Trágica
No dia 1º de outubro, Balin estava nos estágios finais de sua escalada em ‘Sea of Dreams’, uma das rotas mais técnicas e desafiadoras de El Capitan. Após alcançar o topo do último lance, sua mochila de transporte (‘haul bag’) ficou presa abaixo. Ao descer para liberá-la, Balin Miller inadvertidamente rapelou além das extremidades de sua corda, resultando na fatalidade.
O incidente foi acompanhado por Tom Evans, conhecido pelo ‘El Cap Report’, e por Eric, um blogueiro e “super fã de Yosemite” que estava transmitindo a ascensão de Balin ao vivo em seu canal do TikTok. Eric, que monitorava a escalada com um telescópio e seu celular, descreveu Balin como a “Pessoa da Barraca Laranja” devido à sua tenda suspensa característica. Cerca de 500 espectadores estavam online no momento da queda, e muitos relataram estar em choque profundo com o que testemunharam.
Os Feitos Históricos de um Solista Destemido
Apesar da curta carreira, o legado de Balin Miller é vasto. Quatro meses antes, ele já havia feito história com um solo da rota ‘Slovak Direct’ (M6 WI 6 A2; 2.743m) no Denali. Uma ascensão que ele considerava “toneladas de diversão para escalar sozinho”, levando três dias e uma famosa “soneca” de 19 horas em sua primeira bivy glacial. Quase todos os lances foram escalados em solo livre, um feito que o alpinista Colin Haley classificou como “super foda” e uma das maiores conquistas de estilo alpino solo na Cordilheira Central do Alasca.
Não menos impressionante foi sua sequência de solos de uma semana pela Patagônia e pelas Montanhas Rochosas Canadenses. Em janeiro, ele conquistou ‘Californiana’ (5.10c; 700m) em Cerro Chaltén, alternando solo livre e solo com corda. Em seguida, no Canadá, Balin enfrentou ‘Virtual Reality’ (WI6) e a infame ‘Reality Bath’, graduada VIII pela sua dificuldade e perigos objetivos. Sua atração por ‘Reality Bath’ vinha do “lore” da rota, construído por lendas como Mark Twight.
Balin Miller: Além da Montanha
Fora do mundo vertical, Balin Miller era um homem multifacetado. Trabalhava como pescador de caranguejos no Alasca e como removedor de neve em Montana. Nascido em Anchorage, ele cresceu escalando ao lado de seu pai e seu irmão Dylan, e deixa também sua irmã mais nova, Mia.
Um detalhe peculiar que marcava sua personalidade era a listra de glitter em cada bochecha, um hábito adotado em um verão de rock alternativo e festas. “Se eu estivesse apenas fazendo um ‘cragging’, provavelmente não usaria glitter”, explicou Balin. “Mas é como um guerreiro colocando maquiagem antes de ir para a batalha… você sabe que está prestes a fazer algo difícil.” Essa frase encapsula o espírito de um homem que via cada escalada como uma batalha, encarada com estilo e coragem.
Um Adeus à Lenda
A partida prematura de Balin Miller é um lembrete doloroso dos riscos inerentes ao montanhismo extremo e à escalada em rocha. Sua paixão, determinação e espírito livre inspiraram muitos e deixam um vazio imenso. Ele será lembrado não apenas pelos feitos impossíveis que realizou, mas também pela alma vibrante que ele trazia para cada aventura. A comunidade de escalada lamenta a perda de um de seus mais brilhantes filhos, mas seu legado de ousadia e inovação continuará a ecoar nas paredes das grandes montanhas do mundo.
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