Corinthians sob Ameaça: Entenda as Dívidas, Transfer Bans e o Risco de Perda de Pontos na FIFA

O Sport Club Corinthians Paulista, um dos gigantes do futebol brasileiro, vive dias de intensa preocupação nos bastidores. Mais uma vez, o clube se vê enredado em uma série de disputas jurídicas e financeiras que colocam em xeque não apenas a saúde econômica, mas também a performance esportiva do Timão. A recente condenação pela Corte Arbitral do Esporte (CAS) em favor do meia Matías Rojas acendeu um alerta vermelho, reabrindo discussões sobre o temido transfer ban e, o que é ainda mais grave, a possibilidade de perda de pontos no Campeonato Brasileiro. Mas, afinal, qual o real cenário e até onde essas dívidas podem levar o alvinegro?

A Bola da Vez: As Condenações da FIFA e o Novo Transfer Ban

A situação mais urgente para o Corinthians envolve o meia paraguaio Matías Rojas. O jogador obteve uma vitória na Corte Arbitral do Esporte (CAS), culminando em uma condenação que exige o pagamento de aproximadamente R$ 45 milhões ao atleta. Caso o clube não honre esse compromisso em até 45 dias, a FIFA aplicará um novo transfer ban, impedindo o registro de novos jogadores em futuras janelas de transferência.

Este não é um território desconhecido para o Timão. Atualmente, o Corinthians já cumpre uma sanção de transfer ban imposta pela FIFA devido a uma dívida com o Santos Laguna, do México, referente à aquisição do zagueiro Félix Torres. O acúmulo dessas punições tem deixado a torcida apreensiva e levantado questionamentos sobre a gestão financeira do clube.

Existe Risco de Perda de Pontos? Especialistas Explicam

A dúvida que paira sobre a cabeça dos torcedores corintianos é clara: o acúmulo de condenações pode levar à perda de pontos no Campeonato Brasileiro? Para desvendar essa questão, consultamos renomados especialistas em direito esportivo.

Cristiano Caús, sócio da CCLA Advogados, explica a hierarquia das punições da FIFA:

“Há uma hierarquia nas punições. Primeiro vem o transfer ban, que é dado por períodos de inscrição. No caso do Corinthians, foi definida a proibição de registro de novos atletas por três janelas de transferências consecutivas. Se o clube se mantiver inadimplente, aí sim a medida seguinte será a perda de pontos. Não é o acúmulo de condenações que resulta nessa punição, mas sim a persistência na falta de pagamento.”

Já Higor Maffei Bellini, advogado mestre em Direito Desportivo, aponta outro cenário onde a perda de pontos poderia ser aplicada:

“Pode acontecer de um credor sinalizar à FIFA que o Corinthians, mesmo com um ou dois transfer bans em curso, não está honrando o pagamento. Neste caso, ele poderia requerer que o clube fosse sancionado com a perda de pontos, que não é automática. Há um prazo para pagar e evitar a penalidade após a comunicação da FIFA.”

Bellini ainda ressalta que, em casos de reincidência extrema e não pagamento contínuo, a FIFA pode até aplicar a punição de rebaixamento, embora seja um cenário muito mais grave e raro, que exige um pedido expresso do clube credor e uma análise minuciosa da entidade máxima do futebol mundial. Um precedente notável no futebol brasileiro foi o Cruzeiro, que em 2020 perdeu seis pontos na Série B por conta de uma dívida.

O Acúmulo de Débitos: Um Panorama Preocupante

Os casos de Matías Rojas e Félix Torres são apenas a ponta do iceberg. O Corinthians aguarda decisões da Corte Arbitral do Esporte (CAS) em relação a outros três processos nos quais já foi condenado pela FIFA. Essas dívidas representam um passivo financeiro considerável, que exige atenção imediata da diretoria:

• Rodrigo Garro: Aproximadamente US$ 4,3 milhões (cerca de R$ 22,7 milhões) ao Talleres, da Argentina, pela contratação do meia.
• Maycon: 1,075 milhão de euros (cerca de R$ 6,7 milhões) ao Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, pelo empréstimo do meia.
• José Martínez: Aproximadamente R$ 10 milhões ao Philadelphia Union, dos EUA, pela contratação do volante.

No total, os valores em disputa ultrapassam a marca dos R$ 80 milhões, sem contar juros e multas. A resolução dessas pendências é crucial para evitar novas sanções e garantir a tranquilidade do clube para planejar o futuro.

O Que o Corinthians Pode Fazer Agora?

Diante desse cenário complexo, a diretoria do Corinthians tem o desafio de agir com celeridade e estratégia. A prioridade é negociar os pagamentos das dívidas ou buscar acordos que suspendam as punições. A experiência com o caso Santos Laguna, onde o clube tem até o segundo semestre de 2026 para quitar a dívida antes de sofrer sanções mais severas, mostra a importância da proatividade.

A transparência e a responsabilidade na gestão financeira são fundamentais para restaurar a confiança da torcida e evitar que o Timão precise enfrentar mais problemas fora das quatro linhas. A situação atual reforça a necessidade de um planejamento financeiro robusto e de uma governança esportiva alinhada às exigências dos regulamentos da FIFA e da Corte Arbitral do Esporte (CAS). Para mais informações e análises sobre o Corinthians, acesse o Globo Esporte.

Conclusão

O Corinthians se encontra em uma encruzilhada financeira que exige atenção máxima. As ameaças de transfer ban e a possibilidade de perda de pontos são reais, embora não automáticas, e dependem da capacidade do clube de resolver suas pendências com celeridade. A lição que fica é a importância de uma gestão financeira rigorosa para evitar que problemas burocráticos e dívidas impactem o desempenho esportivo e a imagem de um dos maiores clubes do Brasil. A torcida, como sempre, espera que o Timão encontre o caminho para superar mais este desafio e volte a focar apenas no que acontece dentro de campo.