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Justine Henin: A Rainha Inesquecível de Roland Garros e o Legado no Saibro

Justine Henin: A Rainha Inesquecível de Roland Garros e o Legado no Saibro

temp_image_1749406263.453918 Justine Henin: A Rainha Inesquecível de Roland Garros e o Legado no Saibro

Justine Henin: A Rainha Inesquecível de Roland Garros e o Legado no Saibro

Paris. A cidade da luz, do romance e, para os amantes do tênis, o lar de um dos torneios mais icônicos do mundo: Roland Garros. Ao longo das décadas, suas quadras de saibro foram palco de lendas que gravaram seus nomes na história. Nomes como Rafael Nadal, Björn Borg, Chris Evert, Steffi Graf, e sim, figuras marcantes de diferentes gerações como Andre Agassi, e claro, a incomparável Justine Henin.

Hoje, recordamos a trajetória brilhante dessa belga que construiu um verdadeiro império no saibro parisiense, conquistando quatro títulos entre 2003 e 2007. Para Henin, Roland Garros era mais que um torneio; era “sempre o meu maior desafio de cada temporada”.

O Sonho que Começou na Infância

A conexão de Henin com o tênis e, em particular, com Roland Garros, começou cedo. “Minha primeira memória do mundo do tênis foi vendo jogadoras como Steffi Graf quando eu tinha 5 ou 6 anos. A partir desse momento, comecei a me projetar para o futuro, era ali que eu queria estar”, explicou a ex-número 1 do mundo em um belo relato produzido pelo próprio torneio.

O ponto de virada veio em 1992. “Tinha 10 anos e acabara de ganhar um torneio de prestígio na Bélgica, cujo prêmio era duas passagens para o torneio. Tive sorte, ganhei e ainda testemunhei a final daquele ano: Graf contra Seles”, recorda, emocionada. Foi então que veio a célebre frase para sua mãe: ‘Mamãe, algum dia jogarei nesta quadra e serei campeã de Roland Garros’. Sua mãe respondeu: ‘É muito bonito ter sonhos’. A partir daquele dia, o sonho virou missão.

A Conquista do Primeiro Título: Emoção e Promessa Cumprida

Embora tenha chegado às semifinais em sua segunda participação, Henin precisou de quatro tentativas para finalmente sentar-se no trono francês. “Foi uma data muito especial, meu primeiro Grand Slam, foi como a culminação de um sonho que se tornou realidade, a missão de uma vida”, diz Justine, que já havia chegado à final de Wimbledon e à semifinal em Melbourne.

O triunfo de 2003 contra sua compatriota Kim Clijsters teve um peso emocional ainda maior. “Até aquele momento, tinha vivido muitas coisas, tanto na infância quanto na idade adulta. Havia feito uma promessa à minha mãe, que faleceu naquela época. Mais que uma promessa, era uma confirmação; eu realmente precisava alcançar esse objetivo. Era minha forma de me comunicar com ela e dizer: ‘Mãe, eu consegui, realizei meu sonho, está tudo bem’. Foi um dia tremendamente especial”, recorda sobre a vitória histórica.

Uma Era de Dominância Inigualável no Saibro

Apesar de uma derrota inesperada em 2004, Justine Henin estabeleceu um domínio impressionante em Roland Garros nos anos seguintes. Conquistou vitórias consecutivas:

  • 2005: Derrotando Mary Pierce
  • 2006: Superando Svetlana Kuznetsova
  • 2007: Vencendo Ana Ivanovic

Essa tríplice coroa solidificou seu status como uma das maiores jogadoras no saibro de todos os tempos. “Claro que os outros títulos também foram muito especiais. Penso no de 2007, que significou a terceira vitória consecutiva. Naquele período de 2003 a 2007, tive a sorte de estar entre as melhores do circuito, fui abençoada”, comentou a belga, destacando 2007 como o ano em que jogou o melhor tênis de sua carreira.

Rivalidades Épicas: Serena Williams e Kim Clijsters

Em sua jornada gloriosa em Roland Garros, Justine Henin enfrentou adversárias formidáveis. Entre elas, duas se destacam: Serena Williams e Kim Clijsters.

“Serena sempre foi uma das minhas grandes rivais. As armas que ela tinha eram incríveis. Lembro com muita emoção da semifinal de 2003. Se tivesse que reviver uma partida neste torneio, escolheria essa”, afirmou Henin. Ela também mencionou Clijsters, não apenas pela rivalidade em quadra (incluindo a semifinal de 2001, sua primeira grande derrota em Paris), mas pela conexão pessoal como compatriota e amiga.

A Pausa, o Retorno e o Adeus Definitivo

Em 2008, quando era número 1 do mundo, Henin surpreendeu o mundo do tênis ao anunciar sua primeira aposentadoria, pouco antes de Roland Garros. Sentia-se esgotada.

Quase dois anos depois, em 2010, decidiu retornar. Chegou à final do Australian Open, mostrando flashes de seu antigo brilho, mas a derrota para Serena Williams naquele torneio, e a posterior derrota para Samantha Stosur em Roland Garros 2010, a fizeram perceber que o tênis havia evoluído e seu corpo já não respondia da mesma forma.

“Foi uma edição agridoce [2010]. Consegui superar Sharapova na terceira rodada, embora ainda não saiba como, pois estava há várias temporadas fora do circuito. Mas ali [na final do Australian Open] já percebi que não era a mesma jogadora, especialmente fisicamente”, confessa Justine. A derrota dolorosa em Paris foi decisiva para que ela entendesse que seu tempo no circuito havia passado.

Um Legado Gravado no Saibro

Justine Henin participou nove vezes de Roland Garros, acumulando um impressionante recorde de 41 vitórias e apenas 5 derrotas, com uma taxa de sucesso próxima de 90%. Sua performance no saibro em geral é monumental: 130 vitórias e 22 derrotas.

Na Era Aberta, apenas Chris Evert (7 títulos) e Steffi Graf (6 títulos) levantaram o troféu em Paris mais vezes que Henin (4), que atualmente divide o mesmo patamar de títulos com a polonesa Iga Swiatek.

Apesar do fim agridoce de sua carreira, o legado de Justine Henin em Roland Garros é inquestionável. “Roland Garros faz parte da minha vida, é mais que tênis, foi sempre o maior desafio de cada temporada que joguei”, conclui a lenda, que mesmo após anos, ainda sente a magia do lugar, “aquela sensação muito especial, a de estar em casa”. Sua história é um testemunho de talento, determinação e um amor profundo pelo saibro parisiense.

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