
Müller São Paulo: O Gênio Polêmico Abre o Jogo Sobre Carreira, SPFC e Seleção

Poucos nomes evocam tanta paixão e polêmica na história do futebol brasileiro quanto Luís Antônio Corrêa da Costa, o eterno Müller. Ídolo incontestável do São Paulo FC, campeão do mundo com a Seleção e dono de uma sinceridade cortante, o ex-atacante hoje é uma voz poderosa como comentarista. Em uma conversa franca, Müller revisitou sua carreira gloriosa, criticou o “futebol moderno” e não poupou palavras ao comparar gerações.
Müller e o São Paulo: A Era de Ouro com Telê Santana
Falar de Müller é falar do São Paulo dos anos 90, uma máquina de conquistar títulos sob o comando do mestre Telê Santana. Müller foi peça-chave nas conquistas da Libertadores e do Mundial de Clubes em 1992 e 1993, cravando seu nome na história do Tricolor. No entanto, a relação com Telê também teve seus momentos de atrito.
“Fiquei chateado com ele”, revela Müller sobre o episódio de 1994, quando Telê disse à diretoria que ele e Palhinha estavam “acabados” após a perda do tricampeonato da Libertadores. “Depois de tantos títulos, falar uma coisa dessa… Mas a vida continuou”. E como continuou! Müller retornaria ao clube para brilhar novamente, provando que seu talento estava longe do fim.
“Cérebro de Passarinho”: A Crítica Feroz ao Futebol Atual
Quando o assunto é o futebol de hoje, Müller não mede palavras. Para ele, a força física se sobrepôs à inteligência, e a essência do jogador brasileiro, o drible, foi domesticada.
“A cabeça joga tanto quanto os pés. O jogador hoje tem muita força, mas ele pensa pouco. Como tem muita força, o cérebro dele é de passarinho, ele não pensa muito. Infelizmente, o protagonista hoje no Brasil é a força.”
Müller
Ele critica a “revolução tática” que inibe a criatividade: “O jogador brasileiro hoje é atacante, ele pedala diante do lateral e toca para trás. Graças a Deus não vivi isso! Mano a mano, você supera o adversário. Esse princípio se perdeu”.
Principais Títulos da Carreira de Müller:
- Copa do Mundo: 1994
- Mundial de Clubes (pelo São Paulo): 1992 e 1993
- Copa Libertadores (pelo São Paulo): 1992 e 1993
- Campeonato Brasileiro: 1986 e 1991 (São Paulo)
- Campeonato Paulista: 1985, 87, 91, 92 (São Paulo), 96 (Palmeiras) e 2001 (Corinthians)
Seleção Brasileira: Reservas de 94 vs. Geração Atual
A comparação entre a geração que conquistou a Copa do Mundo de 1994 e a seleção atual é outro ponto alto da análise de Müller. Sem hesitar, ele afirma que o banco de reservas do tetra era superior ao time titular de hoje.
“Não dá para comparar, as individualidades de 94 não se comparam com nenhuma geração de hoje”, crava. “Os reservas de 94 eram Ronaldo, eu, Viola, Paulo Sérgio, Cafu… Com certeza, os reservas de 94 tinham mais possibilidades de ganhar uma Copa do que a geração de hoje.”
Um Gênio Incompreendido na Europa?
Apesar de uma passagem pelo futebol italiano, onde foi o segundo estrangeiro mais bem pago, atrás apenas de Maradona, Müller acredita que sua carreira na Europa não atingiu o ápice. O motivo? A escolha de jogar em um time mediano, o Torino. “A mudança geográfica não pode mudar o jogador. Preferi permanecer no Torino, porque já tinha criado um ambiente favorável. Joguei num time mediano. Aqui no Brasil joguei só em time grande, em especial no São Paulo e no Palmeiras. Fez toda a diferença.”
O Legado de um Ícone
Hoje, como comentarista e pastor evangélico, Müller segue sendo uma figura autêntica. Ele se define como um “jogador multifuncional” que jogava em quatro posições em alto nível. Sua visão do futebol pode ser polêmica para alguns, mas reflete a mentalidade de uma era em que o talento e a genialidade decidiam jogos.
A história de Müller no São Paulo e no futebol é um capítulo essencial para entender não apenas as glórias do passado, mas também os dilemas do presente. Um gênio da bola, com a palavra tão afiada quanto seus dribles e finalizações.
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