Pelicans x Timberwolves: Além da Partida – O Futuro Incerto de Zion Williamson e o Caminho dos Pelicans na NBA

No cenário competitivo da NBA, onde cada jogo e cada movimento estratégico podem definir uma temporada, o New Orleans Pelicans se encontra em uma encruzilhada familiar. Embora a atenção possa se voltar para confrontos diretos, como um possível embate entre os Pelicans x Timberwolves – dois times com aspirações no Oeste –, a narrativa mais urgente para New Orleans gira em torno de seu astro Zion Williamson e sua persistente batalha contra as lesões.

Mais uma vez, a notícia abala a franquia: Zion está afastado com uma distensão de grau 2 no adutor do quadril direito, com reavaliação prevista para três semanas. Mas para os fãs dos Pelicans, e para a própria organização, esses prazos iniciais raramente trazem clareza. A história de lesões de Williamson é longa e frustrante, transformando cada "três semanas" em uma incógnita que pode durar meses.

O Talento Inegável e a Frustração Constante de Zion Williamson

Não há dúvidas sobre o talento de Zion Williamson. Um Escolha Geral nº 1, ele é um talento genuíno com potencial de All-NBA. Mesmo com as interrupções por lesão, poucos jogadores na liga igualam sua dominância na pintura, superado apenas por Giannis Antetokounmpo em pontos marcados na área restrita. Quando está em quadra, Williamson é uma força imparável, capaz de mudar o rumo de qualquer partida, algo que os Pelicans precisam para competir contra equipes fortes como o Minnesota Timberwolves.

Entretanto, o que se vê é um paradoxo doloroso: um superastro preso em um ciclo vicioso de lesões que impede tanto seu desenvolvimento pleno quanto a estabilidade e o crescimento da equipe. Há sete anos, os Pelicans esperam o surgimento contínuo desse talento, mas a paciência parece estar se esgotando.

A Ascensão de Derik Queen e a Nova Era dos Pelicans

A diretoria dos Pelicans passou por uma reestruturação na última intertemporada, e com ela veio uma nova perspectiva. Diferente da gestão anterior, a atual equipe liderada por Joe Dumars e Troy Weaver tem um investimento emocional menor em Williamson. Prova disso é a aquisição de Derik Queen, uma jovem promessa que tem mostrado um retorno impressionante. Queen já se destaca entre os calouros, figurando entre os top 7 em pontuação, top 4 em assistências e top 3 em rebotes.

Apesar do brilho individual de Queen, a parceria com Williamson tem sido uma faca de dois gumes. Dados do Cleaning the Glass revelam que, embora o ataque dos Pelicans floresça com 120,3 pontos por 100 posses de bola quando ambos estão em quadra, a defesa sofre drasticamente, permitindo 123,3 pontos. A dupla tem um potencial ofensivo considerável, mas defensivamente são insustentáveis, com nenhum dos dois sendo um protetor de aro eficaz. O ideal seria emparelhar Queen com um pivô defensivo que possa espaçar a quadra com arremessos de três pontos, permitindo que Queen dite o ritmo do jogo, algo pelo qual os Pelicans investiram caro, inclusive uma provável escolha de primeira rodada de 2026.

O Dilema Estratégico e o Contrato de Zion Williamson

Com Queen, Jeremiah Fears e Trey Murphy III, os Pelicans possuem agora um número considerável de jovens talentos com potencial. Williamson, apesar de seu status de superestrela, lidera a equipe em uso da bola (usage rate), o que cria uma dinâmica desconfortável quando as lesões inevitavelmente surgem. A equipe é uma coisa com ele e outra completamente diferente sem ele, o que dificulta o planejamento e o desenvolvimento dos jovens.

Talvez o ponto mais crítico para o futuro de Zion com os Pelicans seja seu contrato. Williamson deve receber um salário máximo nas temporadas 2026-27 e 2027-28, mas com uma ressalva crucial: grande parte desse valor não é garantida. Conforme noticiado pelo The Athletic, 20% de seu salário anual é garantido com base em seis controles de peso, enquanto os 80% restantes dependem de um limite de jogos disputados: 40% por 41 jogos ou mais, 20% adicionais por 51 jogos, e os 20% finais por 61 jogos ou mais.

Essa estrutura contratual peculiar faz com que o verdadeiro valor de Zion no mercado de trocas não resida em sua produção atual, mas sim na flexibilidade que seu contrato oferece. Uma equipe poderia adquiri-lo, não utilizá-lo e então dispensá-lo para se livrar da maior parte de seu contrato. Isso significa que os Pelicans poderiam trocá-lo por uma equipe que queira se desfazer de um contrato "ruim" e, em troca, receber algum valor, que poderia variar de mínimo a substancial, dependendo da má vontade da outra equipe em manter seu jogador.

A Reconstrução Pós-Zion e o Futuro dos Pelicans na NBA

Dada a relutância histórica dos Pelicans em gastar, a resposta provavelmente está em algum ponto intermediário. Com Williamson fora, a equipe não teria nenhum dos 50 jogadores mais caros da NBA na próxima temporada, o que lhes daria margem para absorver um contrato indesejado. A reconstrução será demorada, e quanto mais os Pelicans esperarem para tomar uma decisão sobre Zion, mais tempo essa reconstrução levará.

Às vezes, uma separação é o melhor para todos. Dada sua história de lesões, Zion talvez não devesse mais carregar o peso que New Orleans exige dele. Ele poderia prosperar jogando 20 minutos por jogo em uma equipe mais estável, com um salário substancialmente reduzido. Ele não é mais um jogador de salário máximo. Enquanto permanecer nos Pelicans, ele estará sobrecarregado por essas expectativas, o que o atrasa e também atrasa a equipe.

É hora de ver o que realmente possuem com Queen e Fears, de entregar mais responsabilidade a Murphy, e talvez, sim, tankar por algumas temporadas para adicionar talentos jovens ao seu núcleo, mesmo com sua escolha de 2026 indo para Atlanta. Quantos comunicados de imprensa sobre lesões uma equipe pode emitir antes que seja o suficiente? A busca por estabilidade e uma identidade clara é fundamental para os Pelicans construírem um time capaz de competir consistentemente no Oeste, enfrentando equipes desafiadoras como os Timberwolves com uma base sólida e promissora.