
A Doku Desafia: O Mito do Conflito Entre Gerações é Real?

A Doku Desafia: O Mito do Conflito Entre Gerações é Real?
Você já ouviu que Boomers são conservadores, Millennials são “frouxos” ou que a Geração Z é preguiçosa? Esses rótulos simplificam demais e alimentam a ideia constante de um “conflito de gerações”. Mas e se disséssemos que tudo isso é, em grande parte, um mito? Uma doku recente e diversas pesquisas sociais vêm jogando luz sobre essa narrativa.
Desvendando o Mito das Gerações
A divisão da sociedade em caixas rígidas como Geração X, Y, Z ou Boomers é onipresente no discurso atual. Atribuímos características fixas a grupos definidos arbitrariamente por anos de nascimento. No entanto, segundo a pesquisa social, essa categorização não se sustenta como uma ferramenta útil para entender as pessoas ou suas visões de mundo.
Especialistas, como o sociólogo Martin Schröder (citado na doku “X, Y, Z – Die Generationenlüge”), comparam a validade de estudos geracionais superficiais à de um horóscopo. A ciência social robusta mostra que atitudes sobre temas como a crise climática ou a disposição para o trabalho são influenciadas por uma complexa rede de fatores, e não primariamente pelo ano em que você nasceu.
O psicólogo organizacional Hannes Zacher reforça: não há evidências sólidas de que grupos de nascidos no mesmo período compartilhem valores homogêneos. O que realmente molda realidades são as circunstâncias de vida:
- Status socioeconômico
- Educação
- Renda
- Local de moradia
- Experiências vividas em momentos cruciais (como crises econômicas)
Esses fatores socioeconômicos (saiba mais sobre desigualdade social aqui) e as experiências vividas têm um impacto muito maior do que a “geração” à qual você supostamente pertence. Há muito mais diversidade dentro de cada suposta geração do que entre elas. Focar na idade isoladamente obscurece essas nuances essenciais.
Por Que Insistimos Nesse Rótulo?
Apesar da falta de base científica, a narrativa do conflito geracional é surpreendentemente resiliente. E lucrativa. Livros, coachings, memes e conteúdos de “especialistas” se baseiam nela para vender a ideia de que é preciso “decifrar” cada geração no mercado de trabalho ou no consumo. Isso gera um ciclo de pseudociência que reforça estereótipos. Para entender o conceito de ‘geração’ na sociologia, consulte esta referência acadêmica.
Além disso, o mito serve a uma função política conveniente. Ao enquadrar demandas por melhores condições de trabalho como “caprichos da Geração Z” ou discussões sobre aluguel alto como “reclamações contra Boomers ricos”, desvia-se o foco de conflitos de interesse reais baseados em classe social e desigualdade econômica. É mais fácil culpar uma “geração” do que questionar o sistema.
Construindo Pontes, Não Muros
A realidade é que pessoas de diferentes idades podem e frequentemente trabalham juntas por objetivos comuns. Iniciativas como a (conceitual) “Avós pelo Futuro” mostram a solidariedade intergeracional em ação, unindo idosos e jovens pela causa ambiental e quebrando estereótipos de “Boomers anti-clima”.
Nossas atitudes e a sociedade como um todo estão em constante evolução. Rotular jovens como “incapazes” ou idosos como “ultrapassados” não só é redutor, mas também uma forma de ageismo (discriminação por idade). Esse foco no que separa impede que vejamos o aprendizado e as mudanças coletivas que atravessam todas as faixas etárias.
Em vez de nos apegarmos a rótulos convenientes, talvez seja hora de olhar para o que realmente conecta as pessoas: interesses compartilhados, desafios comuns e a simples necessidade de compreensão mútua. O que nos define e nos move vai muito além do ano em que nascemos.
Para aprofundar, a doku “X, Y, Z – Die Generationenlüge” oferece uma visão crítica baseada em dados sobre esse tema complexo.
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