
ABEV3 Despenca: Resultado do 2T25 Decepciona e Ações Caem Forte. O que Aconteceu?

O mercado amanheceu com um gosto amargo para os investidores da Ambev (ABEV3). A gigante de bebidas divulgou seus resultados do segundo trimestre de 2025 (2T25) e os números não agradaram, provocando uma forte queda nas ações da companhia, que chegaram a recuar mais de 6% logo na abertura do pregão.
Mas o que exatamente azedou o humor dos investidores? Analisamos os principais pontos do balanço e a visão dos maiores bancos de investimento para te ajudar a entender o cenário completo da ABEV3.
Um Raio-X do Resultado da Ambev no 2T25
À primeira vista, alguns números podem parecer positivos, mas o diabo mora nos detalhes. O lucro líquido normalizado da Ambev atingiu R$ 2,832 bilhões, uma alta de 15,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) também cresceu 5,9%, chegando a R$ 6,153 bilhões.
Então, por que a reação negativa? O grande problema esteve na receita e, principalmente, no volume de vendas, que frustraram as expectativas do mercado.
- Receita Líquida: Somou R$ 20,1 bilhões, uma alta tímida de 0,2%, ficando 4,6% abaixo da estimativa do JPMorgan, por exemplo.
- Volume de Cerveja no Brasil: Este foi o principal ponto de atenção. Houve uma queda expressiva de 8,9% no volume vendido no país em comparação com 2024, muito pior do que o mercado projetava.
- América Latina Sul: A performance na região também ficou abaixo do esperado, contribuindo para o resultado geral fraco.
O que Pesa Contra as Ações da ABEV3? Os 4 Cavaleiros do Apocalipse da Ambev
Diversos fatores se combinaram para criar a tempestade perfeita para a Ambev neste trimestre. Analistas de mercado, como os do Goldman Sachs e da XP Investimentos, apontam para um cenário desafiador que vai além de um resultado pontual.
1. Concorrência Agressiva
A concorrência, especialmente da Heineken, está cada vez mais acirrada. A Ambev optou por uma estratégia de reajuste de preços que, combinada com a força da rival, resultou em perda de participação de mercado, um ponto sensível para a liderança histórica da companhia.
2. Cenário de Consumo Fraco
A inflação de custos e um poder de compra ainda pressionado afetam diretamente o bolso do consumidor. Com um cenário de consumo retraído, a demanda por bebidas tende a ser uma das primeiras a sentir o impacto.
3. Clima Não Ajudou
A XP Investimentos destacou que o clima frio, especialmente em junho, teve um papel crucial na queda de volume. Segundo a corretora, o mês foi responsável por 60% da queda trimestral, sugerindo que, sem esse fator, o resultado poderia ter sido menos severo.
4. Pressão de Custos
Apesar da Ambev manter suas projeções, a inflação de custos de insumos e os impactos do câmbio continuam sendo uma ameaça para as margens de lucro da empresa no futuro próximo.
Consenso Negativo: O que os Grandes Bancos Dizem sobre o Preço-Alvo da ABEV3
A reação do mercado foi um reflexo direto do sentimento dos analistas. Praticamente todas as grandes casas de análise viram os resultados com pessimismo e anteciparam a queda das ações ABEV3. Confira o que eles dizem:
- Goldman Sachs: Foi um dos mais duros, reiterando sua recomendação de venda com um preço-alvo de R$ 11,70. O banco vê um futuro pressionado para a companhia.
- JPMorgan, Itaú BBA e Bradesco BBI: Mantiveram uma postura mais cautelosa, com recomendação neutra. Os preços-alvo variam entre R$ 12,00 (BBI), R$ 15,00 (BBA) e R$ 16,00 (JPMorgan), mas todos concordam que os resultados foram fracos e que há poucos gatilhos para uma valorização das ações no curto prazo.
- XP Investimentos: Também esperava uma reação negativa, mas ressalta que a teleconferência de resultados pode trazer novos insights para o segundo semestre.
Para o investidor que busca mais detalhes, a Ambev disponibiliza todos os seus relatórios e apresentações em sua página de Relações com Investidores, uma fonte primária de informação.
E os Dividendos da ABEV3?
A Ambev anunciou o pagamento de R$ 2 bilhões em dividendos intermediários, um valor considerado pouco atrativo pelos analistas se for mantido nesse patamar. Antes de se animar com os proventos, o mercado espera mais clareza sobre a estratégia de alocação de capital da empresa.
Em suma, o resultado da ABEV3 no 2T25 acendeu um sinal de alerta. A queda nos volumes no Brasil, somada a um ambiente competitivo e macroeconômico desafiador, coloca a gigante de bebidas em uma encruzilhada. O mercado agora aguarda os próximos passos da companhia para entender se ela conseguirá recuperar seu poder de precificação e retomar o caminho do crescimento robusto.
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