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Alerta do BC: Gabriel Galípolo Revela Profundo Incômodo com Expectativas de Inflação no Brasil

Alerta do BC: Gabriel Galípolo Revela Profundo Incômodo com Expectativas de Inflação no Brasil

temp_image_1745922234.011506 Alerta do BC: Gabriel Galípolo Revela Profundo Incômodo com Expectativas de Inflação no Brasil

Alerta do Banco Central: Gabriel Galípolo e a Inflação Persistente

O cenário econômico brasileiro segue sob intenso escrutínio, especialmente no que tange ao combate à inflação. Em uma recente declaração, o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, não poupou palavras ao expressar o desconforto da autoridade monetária com a persistência das expectativas de inflação no país.

Expectativas “Desancoradas” Incomodam o BC

Durante sua participação no Safra Macro Day 2025, Galípolo foi enfático: as projeções para a inflação continuam em patamares elevados, afastando-se da meta definida pelo BC. “Nós estamos bastante incomodados”, afirmou, ressaltando a dificuldade que este cenário impõe.

Manter as expectativas inflacionárias sob controle é crucial para a eficácia da política monetária. Quando agentes econômicos (empresas, consumidores) acreditam que a inflação será alta no futuro, eles ajustam preços e salários de acordo, criando um ciclo vicioso que retroalimenta a alta de preços. A “desancoragem” dessas expectativas torna a tarefa do BC de trazer a inflação para a meta muito mais complexa.

A Dúvida sobre o Patamar Adequado da Taxa Selic

O principal instrumento do Banco Central para conter a inflação é a taxa Selic. Elevar os juros básicos encarece o crédito, desestimula o consumo e o investimento, e tende a arrefecer a atividade econômica, pressionando os preços para baixo. No entanto, o presidente Galípolo destacou que a persistência das expectativas elevadas dificulta a avaliação do patamar adequado da Selic e por quanto tempo a política monetária restritiva precisa ser mantida.

Estamos caminhando para entender se o nível [da Selic] com o qual estamos caminhando está chegando no patamar contracionista suficiente para a convergência da inflação.

Gabriel Galípolo, Presidente do Banco Central

Embora haja sinais iniciais de desaceleração em alguns índices de preços, o BC ainda busca compreender o impacto total e a defasagem da atual política de juros sobre a economia real e os preços finais ao consumidor, representados, por exemplo, pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

O “Enigma” Brasileiro: Juros Altos e Dinamismo

Uma das observações mais intrigantes de Galípolo foi a aparente contradição na economia brasileira: a convivência de juros em patamares elevados (dois dígitos) com um nível de desemprego relativamente baixo e dinamismo econômico. Este cenário difere do que se observa em muitas outras economias, onde juros altos geralmente levam a uma desaceleração mais pronunciada e aumento do desemprego.

“É estranho você entender como uma economia segue apresentando dinamismo tão elevado com um nível de juros que, para qualquer outra economia, seria entendido como um patamar bastante restritivo”, ponderou.

Para ele, isso pode sugerir que os canais de transmissão da política monetária no Brasil não funcionam com a mesma fluidez de outros países, demandando “doses maiores do remédio” para surtir efeito. Uma questão complexa que, nas palavras de Galípolo, “não vai ser resolvido com bala de prata”.

Reuniões do Copom e os Desafios Futuros

As decisões sobre a taxa Selic são tomadas pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. A necessidade de convergência da inflação para a meta tem sido o pilar das recentes elevações da taxa básica de juros.

Galípolo fez referência às discussões da reunião anterior do Copom (mencionada como março no original), que se pautaram em três pontos principais:

  • Preocupação com a inflação corrente acima do teto da meta.
  • A defasagem natural da política monetária (leva tempo para os juros altos impactarem a economia).
  • A incerteza sobre o cenário internacional.

Apesar dos desafios, o presidente avaliou positivamente a comunicação do BC na última decisão. No entanto, o caminho para a estabilidade plena das expectativas de inflação e a definição do futuro da taxa Selic ainda apresenta incertezas, tornando o acompanhamento das próximas decisões do Banco Central fundamental para entender os rumos da economia brasileira.

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