
AZUL4 em Turbulência: Prejuízo Dispara no 1T25 e Ações Despencam; Entenda o Resultado da Azul

AZUL4 em Turbulência: Prejuízo Dispara no 1T25 e Ações Despencam
O mercado financeiro amanheceu nesta quarta-feira (14 de maio de 2025) com os olhos voltados para o setor aéreo, e a notícia do resultado da Azul (AZUL4) no primeiro trimestre de 2025 (1T25) não foi bem recebida. Após um período de montanha-russa, as ações da Azul registraram uma forte desvalorização, refletindo a decepção dos investidores com os números divulgados pela companhia.
Por volta das 11h05 (horário de Brasília), os papéis AZUL4 exibiam uma queda significativa de 14,69%, sendo negociados a R$ 1,22, em um cenário que reacende as discussões sobre a saúde financeira da empresa em meio a desafios macroeconômicos e setoriais.
Os Números por Trás do Prejuízo: Detalhes do Balanço da Azul no 1T25
A principal manchete do balanço da Azul no 1T25 foi o expressivo aumento do prejuízo líquido ajustado. A companhia aérea reportou um resultado negativo de R$ 1,82 bilhão nos três primeiros meses do ano, um salto de 5,66 vezes em relação ao prejuízo de R$ 324 milhões apurado no mesmo período de 2024.
Outro indicador sob pressão foi o Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), que alcançou R$ 1,38 bilhão, representando uma queda de 29,4% na comparação anual. Consequentemente, a margem Ebitda recuou de 30,3% para 25,7%.
Apesar desses desafios, a Azul conseguiu elevar sua receita líquida total em 15,3%, atingindo R$ 5,39 bilhões no trimestre. No entanto, esse crescimento foi ofuscado pela queda de 3,5% no indicador de yield, que mede o preço médio pago pelos passageiros por quilômetro voado, indicando uma possível pressão nos preços das passagens.
É importante notar a diferença entre o resultado ajustado e o resultado sem ajustes. Sem considerar os ajustes, a Azul registrou um lucro líquido positivo de R$ 783 milhões no 1T25, revertendo o prejuízo de R$ 1,12 bilhão de um ano antes. A empresa frequentemente utiliza métricas ajustadas para refletir seu desempenho operacional principal, excluindo itens não recorrentes ou não operacionais.
Alavancagem Crescente e Posição de Caixa: O Cenário de Endividamento
A Azul, que tem se notabilizado por evitar a recuperação judicial, viu sua alavancagem financeira (dívida líquida/Ebitda) subir para 5,2 vezes ao final de março de 2025, comparado a 3,7 vezes um ano antes. A companhia explicou que o aumento se deveu principalmente à desvalorização do Real frente ao Dólar, moeda em que grande parte de sua dívida é denominada. Ao considerar a potencial conversão de parte da dívida em ações, a alavancagem seria de 4,4 vezes.
Em termos de liquidez, o caixa da Azul encerrou março em R$ 3,3 bilhões, uma redução de 19% na comparação com o fim de 2024. A dívida bruta totalizou R$ 34,7 bilhões. A frota em utilização foi incrementada em três aeronaves, totalizando 184 aviões ao final do trimestre.
Para entender mais sobre a divulgação de informações por companhias abertas, você pode consultar o site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A Visão dos Analistas: Decepção e Recomendações Neutras
As reações do mercado não se limitaram à queda das ações. Bancos de investimento renomados como JPMorgan e Goldman Sachs expressaram suas avaliações sobre o resultado da Azul.
- O JPMorgan classificou os números como negativos e decepcionantes, com o Ebitda 19% abaixo de suas projeções e 17% aquém do consenso do mercado. O banco apontou que o CASK (custo unitário por assento-quilômetro oferecido) ex-combustível ficou 9% acima do esperado, impulsionado por despesas relacionadas a problemas de desempenho e fornecimento de fabricantes de equipamentos originais (OEMs), gerando custos judiciais e com passageiros. O JPMorgan manteve a recomendação neutra para AZUL4.
- O Goldman Sachs também considerou o Ebitda abaixo de suas expectativas (20%) e manteve a recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 4,60, indicando um potencial de alta significativo, apesar da cautela no curto prazo. O banco corroborou a análise sobre o impacto dos problemas com OEMs no CASK ex-combustível.
O Que Esperar para AZUL4? O Contexto e a Potencial Diluição
A Azul não atualizou sua projeção para o Ebitda anual de 2025 no comunicado de resultados, o que pode indicar uma reafirmação da meta anterior (R$ 7,4 bilhões), apesar do desempenho mais fraco no 1T25.
O cenário para AZUL4 continua desafiador, especialmente considerando o plano de gestão de passivos que a companhia tem negociado com credores. Analistas apontam que esse plano pode resultar em uma diluição substancial do patrimônio dos atuais acionistas, possivelmente superior a 80%, o que adiciona uma camada de risco à tese de investimento nas ações da Azul.
Em resumo, o resultado da Azul no 1T25 trouxe números que desagradaram o mercado, com destaque para o aumento do prejuízo ajustado e a queda do Ebitda. A alavancagem continua sendo um ponto de atenção, e a incerteza em torno do plano de reestruturação de dívida e seu impacto na potencial diluição dos acionistas mantêm as ações AZUL4 sob pressão.
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