Bear Market Impiedoso: Bitcoin Despenca e Arrastra Mercado de Criptomoedas para Nível Crítico

O cenário das criptomoedas está enfrentando um dos seus períodos mais turbulentos, com o Bitcoin (BTC) liderando uma onda de desvalorização que sacode os investidores globais. O que era um temor, agora é uma realidade: o bear market chegou com força total, e o panorama atual se mostra desafiador para quem aposta nos ativos digitais.

Bitcoin em Queda Livre: Entenda a Desvalorização

Na última sexta-feira, o preço do Bitcoin sofreu um recuo acentuado, atingindo a marca de US$ 82.540. Este valor não era visto desde abril, quando a principal criptomoeda do mundo oscilou entre US$ 79 mil e US$ 85 mil. A derrocada atual culmina em um mês sombrio para o setor, que caminha para ser o pior desde o colapso da FTX, há três anos.

Nas últimas 24 horas analisadas, o BTC registrou uma queda de impressionantes 9,9%, acumulando uma desvalorização de 23,8% em apenas 30 dias. Este movimento foi intensificado por novas liquidações massivas no mercado futuro, que somaram mais US$ 2 bilhões, somando-se aos US$ 19 bilhões em posições alavancadas zeradas em um episódio anterior.

Para Tony Sycamore, analista de mercado da IG, a situação é preocupante: “Se isso estiver refletindo o sentimento de risco como um todo, as coisas podem começar a ficar muito, muito feias, e essa é a preocupação agora”, afirmou ele sobre a queda do Bitcoin.

Altcoins Sentem o Impacto: O Vermelho Domina o Painel

Não apenas o Bitcoin está no epicentro da tempestade. As principais altcoins também experimentaram quedas significativas, refletindo a aversão ao risco que permeia o mercado de criptomoedas:

• Ethereum (ETH): Negociado a US$ 2.684, com queda de 10,8% no dia e 30,5% em 30 dias.
• XRP (XRP): Recuo de 9,7% nas últimas 24 horas.
• BNB (BNB): Desvalorização de 9,1%.
• Solana (SOL): Perda de 10,9%.
• Dogecoin (DOGE): Cedeu 11,3%.
• Cardano (ADA): Recuou 13,5% no período.

Apenas algumas exceções, como Zcash (ZEC), mantiveram estabilidade, e Bitcoin Cash (BCH) mostrou uma baixa mais moderada, de 7,1%.

Fatores Institucionais e o Clima de Risco

O ambiente institucional também contribuiu decisivamente para o humor negativo. Os recém-lançados ETFs de Bitcoin listados nos Estados Unidos registraram uma saída colossal de US$ 903 milhões em um único dia, marcando o segundo maior volume desde o seu lançamento em janeiro de 2024. O interesse aberto em futuros perpétuos diminuiu 35% desde o pico de outubro, sinalizando uma retração dos grandes players.

“O mercado parece um pouco desestabilizado, um pouco fragmentado, um pouco quebrado, na verdade, desde que tivemos aquela queda acentuada”, comentou Sycamore. Alex Saunders, do Citi, aponta que o nível de US$ 80 mil para o Bitcoin é crucial, pois se aproxima da média de reservas da criptomoeda em ETFs.

Conexão com o Mercado Tradicional: Uma Aversão Global ao Risco

A turbulência no mercado de criptoativos não é um evento isolado. Ela se soma a uma correção mais ampla que atingiu as bolsas americanas. Na quinta-feira, o S&P 500 fechou em queda de 1,6%, e o Nasdaq recuou 2,4%. O índice de volatilidade VIX, um termômetro do medo dos investidores, saltou 12%, para 26,4.

Mesmo resultados considerados sólidos de empresas como a Nvidia não foram suficientes para impulsionar o mercado, gerando dúvidas sobre valuations elevados e o ritmo de cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed). O Morgan Stanley destaca que a instabilidade nas criptomoedas amplificou a aversão ao risco entre investidores de varejo, afetando setores sensíveis como data centers e empresas expostas à mineração e infraestrutura de ativos digitais.

A incerteza sobre a decisão de juros do Fed em dezembro permanece como um ponto crucial. A probabilidade de um corte diminuiu após o Departamento do Trabalho informar a criação de 119 mil vagas no setor privado em setembro, superando as 50 mil estimadas e reforçando a visão de um mercado de trabalho mais resistente do que o esperado.

O Que Esperar do Cenário de Criptomoedas?

Diante de um quadro tão complexo, a cautela é a palavra de ordem. O mercado de criptomoedas, liderado pelo Bitcoin, está em um momento de redefinição. Investidores acompanham de perto não apenas as métricas on-chain, mas também os indicadores macroeconômicos e as decisões dos bancos centrais, que impactam diretamente o apetite por ativos de risco.

A resiliência dos ativos digitais será testada neste bear market. O futuro dependerá da capacidade do mercado de encontrar novos fundamentos e de os investidores reavaliarem seus horizontes frente a um cenário global de maior incerteza.