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Braskem (BRKM5) em Crise: Rebaixamento de Ratings e o Desafio da Reestruturação de Dívida

Braskem (BRKM5) em Crise: Rebaixamento de Ratings e o Desafio da Reestruturação de Dívida

temp_image_1759179346.918738 Braskem (BRKM5) em Crise: Rebaixamento de Ratings e o Desafio da Reestruturação de Dívida

Braskem (BRKM5) em Crise: Rebaixamento de Ratings e o Desafio da Reestruturação de Dívida

O cenário para a Braskem (BRKM5) tem sido de grande turbulência, com suas ações sob intensa pressão no mercado financeiro. A gigante petroquímica anunciou a contratação de assessores financeiros e jurídicos para revisar sua estrutura de capital, um movimento que ligou o sinal de alerta entre os investidores e analistas. Este é um sinal claro de que a empresa está se preparando para enfrentar um período desafiador de sua história recente.

A Queda Vertical e os Rebaixamentos Cruciais

A sexta-feira agitada (26) e a segunda-feira subsequente (29) trouxeram péssimas notícias para a Braskem. As ações da companhia, já fragilizadas, aprofundaram suas perdas após a S&P Global Ratings rebaixar a classificação de crédito global da empresa de “B+” para “CCC-“, acompanhada de uma perspectiva negativa. Este downgrade abrupto é um indicativo forte do aumento do risco de inadimplência.

O impacto nos papéis da BRKM5 foi imediato e severo, com uma desvalorização de mais de 44% acumulada em 2025. O tombo de mais de 14% em um único dia na semana anterior, somado à queda recente, reflete a desconfiança do mercado e a preocupação com a saúde financeira da companhia.

O Peso da Dívida e as Perspectivas do Mercado

A decisão da Braskem de buscar assessoria para sua estrutura de capital foi interpretada como um prelúdio para uma reestruturação de sua dívida. Atualmente, a empresa opera com um patamar de endividamento considerado elevado, com margens comprimidas devido ao ciclo global desfavorável da indústria química.

  • Endividamento Insustentável: O JPMorgan avalia que a Braskem opera com uma alavancagem de 10,5 vezes, um nível considerado insustentável. A dívida líquida da empresa é estimada em US$ 7,3 bilhões ao final deste ano, podendo atingir US$ 8,6 bilhões no quarto trimestre de 2025.
  • Recuperação Judicial (RJ) como Último Recurso: Embora a RJ seja vista como uma possibilidade extrema, a presença da Petrobras como acionista relevante poderia ajudar a conduzir um processo mais organizado, mitigando riscos para os credores.
  • Corte Drástico Necessário: Para atingir um nível de alavancagem líquida ideal (próximo de três vezes), a dívida líquida da Braskem precisaria ser reduzida para cerca de US$ 3,1 bilhões, menos da metade do valor atual.
  • Dívida Internacional e Sem Garantia: A maior parte da dívida da Braskem (83%) está concentrada em títulos internacionais e é, em grande parte, sem garantia (unsecured), o que oferece margem para negociação com os detentores de bonds.

Além da S&P, a Fitch Ratings também cortou a nota de crédito da Braskem, reduzindo sua classificação global de BB- para CCC+ e a nota no Brasil de AA(bra) para CCC(bra). Ambos os rebaixamentos sinalizam um aumento significativo no risco de inadimplência, reforçando a urgência da situação da companhia.

Soluções e Desafios Futuros

O Bradesco BBI, em relatório recente, alertou que a revisão da estrutura de capital, embora importante, não é uma “bala de prata” para resolver os problemas da Braskem. Estrategistas apontam para a necessidade de combinar diversas medidas:

  • Corte de custos operacionais.
  • Venda de ativos não essenciais.
  • Renegociação de contratos de matérias-primas.
  • Possível oferta de ações para capitalização.

Uma esperança reside no Projeto de Lei 892/2025, o Programa Especial para a Sustentabilidade da Indústria Química (Presiq), que prevê a concessão de créditos tributários ao setor. A aprovação do regime de urgência para a proposta já causou um salto de mais de 8% nas ações da BRKM5 em julho, alimentando expectativas de geração de até US$ 500 milhões por ano em Ebitda até 2026. Contudo, analistas alertam que, mesmo aprovado, o Presiq pode ser insuficiente para resolver os problemas estruturais da companhia, dados os altos custos com juros e investimentos obrigatórios.

O UBS BB, por sua vez, rebaixou a recomendação para BRKM5 de compra para neutra, cortando o preço-alvo de R$ 15 para R$ 10. O banco destaca que, no curto prazo, a Braskem necessita de tarifas de importação mais altas e da aprovação do Presiq para conter a queima de caixa.

Análise Técnica: O Que Esperar de BRKM5?

Do ponto de vista técnico, as ações da Braskem acumulam uma queda expressiva de 39,38% neste ano, sendo 25,08% somente em setembro. Em 12 meses, a desvalorização atinge 63,48%, colocando o papel no menor preço do ano e em forte tendência de baixa, indicando uma grande pressão vendedora.

O Índice de Força Relativa (IFR), que mede o ritmo das oscilações de preço, está em 33,58 pontos, aproximando-se da “zona de sobrevenda”. Essa condição pode, eventualmente, abrir espaço para pequenas recuperações de curto prazo, mas sem alterar a tendência principal de queda.

Os pontos de resistência (barreiras de preço) para a BRKM5 estão em R$ 9,86, R$ 12,59, R$ 14,98, R$ 20,98 e na faixa de R$ 27,53. Já os suportes (pontos de maior atenção na queda) ficam em R$ 7,02 (já ultrapassado), R$ 6,15, R$ 5,30, R$ 4,05 e R$ 3,68.

No mercado de títulos internacionais, a situação não é diferente. O JPMorgan projeta que a maioria dos bonds da empresa deve se manter em forte desconto, refletindo a desconfiança dos credores. A recomendação overweight (compra) para os títulos de 5,875% com vencimento em 2050 foi cortada para neutro.

A Braskem enfrenta um momento crítico, exigindo ações rápidas e eficazes para contornar seu endividamento e restaurar a confiança do mercado. Acompanhe as notícias sobre a B3 e o mercado financeiro para se manter atualizado sobre a trajetória da companhia.

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