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Tensão no Oriente Médio Eleva Preço do Petróleo Brent: O Risco Crítico do Estreito de Hormuz
A recente escalada de tensões no Oriente Médio, marcada por ataques entre Israel, Estados Unidos e Irã, reacendeu a preocupação nos mercados globais, especialmente no setor de energia. Embora grandes interrupções no fornecimento de petróleo ainda não tenham ocorrido, o medo de uma possível retaliação iraniana no crucial Estreito de Hormuz fez com que os preços futuros do petróleo disparassem cerca de 10% desde o início das hostilidades.
O Estreito de Hormuz: Um Gargalo Vital para a Economia Global
Do ponto de vista da economia mundial, poucos lugares são tão estrategicamente importantes quanto o Estreito de Hormuz. Localizada entre o Golfo Pérsico e o Golfo de Omã, esta passagem marítima tem apenas 34 quilômetros em seu ponto mais estreito. É, essencialmente, a única rota marítima para escoar o petróleo produzido na rica região do Golfo Pérsico para o resto do mundo. O Irã controla a margem norte do estreito.
Diariamente, cerca de 20 milhões de barris de petróleo – aproximadamente um quinto da produção global diária – fluem por este canal, segundo dados da Administração de Informação sobre Energia dos EUA (EIA), que o classifica como um “gargalo crítico de petróleo”. As rotas de navegação para superpetroleiros são ainda mais restritas, com cerca de apenas 3,2 quilômetros de largura em cada direção, forçando as embarcações a passar por águas territoriais tanto do Irã quanto de Omã.
Petróleo Brent em Evidência: Volatilidade Pós-Ataques
A instabilidade se refletiu diretamente nos preços. Na noite de domingo, após ataques aéreos dos EUA contra instalações nucleares iranianas, o petróleo Brent, referência global, chegou a ultrapassar brevemente a marca de US$ 80 por barril, algo que não acontecia desde janeiro. Antes do conflito, os preços haviam se mantido amplamente entre US$ 60 e US$ 75 por barril desde agosto de 2024.
No entanto, o mercado demonstrou volatilidade. Durante a sessão de negociação asiática na segunda-feira, tanto o Brent quanto o WTI (referência dos EUA) cederam parte dos ganhos iniciais. O Brent foi negociado em leve queda, indicando a incerteza do mercado e a reavaliação dos riscos.
O Risco de Interrupção e a Reação Iraniana
O futuro dos preços do petróleo depende agora da resposta do Irã. Especialistas como Rob Thummel, gerente sênior da Tortoise Capital, alertam que uma possível interrupção na rota marítima controlada pelo Irã poderia fazer com que os preços do petróleo disparassem em direção a US$ 100 por barril. Um importante assessor do líder supremo do Irã já defendeu o fechamento do Estreito.
Apesar da retórica, analistas como Vandana Hari, fundadora da Vanda Insights, consideram o bloqueio do Estreito de Hormuz um “risco remoto”. A presença reforçada da frota naval dos EUA na região atua como um impedimento. Além disso, o Irã teria muito a perder, incluindo a deterioração das relações com vizinhos produtores de petróleo e, crucialmente, com seus principais compradores de petróleo, como a China.
Impacto nos Principais Compradores de Petróleo
Um fechamento do Estreito de Hormuz seria particularmente prejudicial para a Ásia, que é a principal destinatária do petróleo e gás natural liquefeito que passa pela rota. Segundo a EIA, 84% do petróleo bruto e 83% do gás natural liquefeito que transitaram pelo estreito no ano passado foram para mercados asiáticos.
A China, maior compradora de petróleo iraniano, recebeu 5,4 milhões de barris por dia pelo estreito no primeiro trimestre deste ano. Índia e Coreia do Sul também importaram volumes significativos. Em contraste, EUA e Europa importaram volumes bem menores pelo mesmo canal no mesmo período.
Reações de China e Índia
Diante da situação, a China destacou a importância da segurança e estabilidade na região do Golfo Pérsico para o comércio internacional, pedindo esforços para promover a desescalada e evitar um impacto maior no desenvolvimento econômico global.
A Índia, por sua vez, buscou tranquilizar os investidores, afirmando ter diversificado suas fontes de abastecimento de petróleo nos últimos anos, reduzindo a dependência do Estreito de Hormuz. O país garantiu ter estoques para várias semanas e receber suprimentos por diversas rotas.
A situação no Oriente Médio continua a ser um fator crucial para a estabilidade do mercado de energia global. A volatilidade do preço do petróleo Brent reflete a incerteza quanto ao futuro da região e a segurança das rotas de transporte marítimo mais vitais do mundo.
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