
China vs Boeing: Guerra Comercial Impacta a Aviação Global

China vs Boeing: Guerra Comercial Abalando os Céus da Aviação
A escalada da tensão comercial entre China e Estados Unidos ganha um novo capítulo com a decisão de Pequim de instruir suas companhias aéreas a interromperem a aquisição de aeronaves da gigante americana Boeing. Essa medida, divulgada pela Bloomberg, surge como uma retaliação direta às políticas tarifárias implementadas pelo governo de Donald Trump.
O Impacto da Decisão Chinesa
A China representa um dos mercados de aviação mais promissores do mundo. A Boeing, em suas projeções para 2024, estimava que a frota chinesa saltaria de 4.345 para 9.740 aeronaves até 2043, impulsionada principalmente pela demanda por modelos de corredor único, que somariam 6.720 unidades.
Apesar da forte presença da Airbus no mercado chinês, com cerca de 55% de participação e 2.200 aeronaves entregues, a Boeing possui um histórico de 1.400 entregas nos últimos 20 anos, além de aeronaves mais antigas em operação por meio de leasing. A decisão chinesa, portanto, representa um golpe significativo para a fabricante americana.
Quem se Beneficia?
A princípio, a Airbus e a Comac, fabricante chinesa, emergem como potenciais beneficiárias desta crise. A Comac, com seu modelo C919, busca desafiar o domínio da Airbus e da Boeing no segmento de aeronaves de corredor único. No entanto, sua produção ainda é limitada, com uma carteira de 713 encomendas, majoritariamente domésticas, e apenas 12 entregas no ano passado.
Apesar da suspensão das compras da Boeing, a Comac enfrenta desafios, uma vez que seus aviões utilizam componentes americanos, como motores da GE e aviônicos da Honeywell. A suspensão da compra desses equipamentos pode elevar os custos de manutenção e exigir substituições demoradas, impactando os preços.
Implicações Estratégicas
Ao atingir a Boeing, a China envia um sinal à indústria de defesa americana, da qual a gigante aeroespacial é um dos principais players. Com cerca de 40% de sua receita proveniente de produtos bélicos, a Boeing acaba de firmar um contrato bilionário para o desenvolvimento do novo caça dos EUA. A crise no setor comercial pode, portanto, ter repercussões na área militar.
O Contexto da Guerra Tarifária
A decisão chinesa se insere em um contexto de escalada da guerra tarifária iniciada por Donald Trump, que impôs sobretaxas sobre importações chinesas. Em resposta, Pequim retaliou com sobretaxas de até 125% sobre produtos americanos.
Diante deste cenário de incertezas, a indústria aeronáutica, caracterizada por sua complexa cadeia de produção global, emerge como um dos exemplos mais evidentes do impacto da disputa comercial entre as duas maiores economias do mundo.
Embraer no Cenário Global
A Embraer, fabricante brasileira, entregou 73 jatos comerciais e possui 373 pedidos. Embora tenha uma posição dominante no mercado executivo e uma boa entrada no setor de defesa, seu papel no mercado de aviação comercial, impactado pela disputa entre China e Boeing, é menos direto.
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