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Decisão do Copom: Mercado Financeiro Projetou Forte Alta da Taxa Selic e Discutiu os Rumos da Política Monetária

Decisão do Copom: Mercado Financeiro Projetou Forte Alta da Taxa Selic e Discutiu os Rumos da Política Monetária

temp_image_1746629198.755655 Decisão do Copom: Mercado Financeiro Projetou Forte Alta da Taxa Selic e Discutiu os Rumos da Política Monetária

Decisão do Copom: Mercado Financeiro Projetou Forte Alta da Taxa Selic e Discutiu os Rumos da Política Monetária

No período que antecedeu a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, a expectativa no mercado financeiro era quase unânime: a taxa básica de juros, a Selic, seria elevada significativamente. Analistas projetavam um aumento de 0,50 ponto percentual, levando-a ao patamar de 14,75% ao ano, um nível não visto desde agosto de 2006.

Essa projeção refletia o cenário desafiador da economia brasileira, marcado pela persistência da inflação e por um contexto global complexo.

A Força da Expectativa: 14,75% no Radar do Mercado

Uma pesquisa da Bloomberg com 32 instituições financeiras revelou a forte convicção do mercado: 31 delas esperavam a alta de 0,50 p.p. Apenas uma projetava um ajuste menor, de 0,25 p.p. Essa unanimidade (ou quase) destacava a pressão sobre o Banco Central para continuar o ciclo de aperto monetário, visando ancorar as expectativas de inflação que se mantinham distantes da meta oficial.

Termos como incerteza, cautela e flexibilidade, frequentemente usados por membros do Copom em suas declarações públicas, reforçavam a visão dos economistas de que a decisão seria ponderada, mas firme na busca pela convergência inflacionária.

Fatores Chave na Mesa do Copom

Diversos elementos entravam no cálculo dos analistas ao projetar a decisão da política monetária:

  • Expectativas de Inflação: A desancoragem das projeções para a inflação futura era um dos principais motores para a continuidade da alta da Selic. O IPCA-15, prévia da inflação oficial, mostrava aumentos persistentes, especialmente em alimentos e saúde.
  • Atividade Econômica: Apesar da alta do desemprego no primeiro trimestre, a taxa ainda era a menor para o período desde 2012, com destaque para o emprego formal e a recuperação da renda média. Isso sugeria que a atividade econômica poderia estar operando acima de seu potencial, gerando pressões inflacionárias.
  • Cenário Global: As decisões de outros bancos centrais, como o Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos, e o impacto da guerra comercial imposta pelos EUA adicionavam uma camada de complexidade. Embora se esperasse que o Fed mantivesse seus juros, o cenário externo exigia vigilância.
  • Câmbio: A cotação do dólar também era monitorada, com projeções para uma leve queda, o que poderia ter um efeito desinflacionário via preços de commodities.

O Debate: O Fim do Ciclo de Alta Estava Próximo?

Apesar do consenso sobre a alta imediata, havia divergência significativa sobre o futuro. Uma parcela do mercado acreditava que o ajuste seria o último do ciclo, enquanto outra via espaço para um pequeno aumento residual na reunião seguinte, levando a Selic a 15%.

Economistas como Alexandre Schwartsman e Tatiana Pinheiro apontavam para a distância da inflação em relação à meta e a falta de sinais claros de arrefecimento da economia como argumentos para a continuidade do aperto, talvez com um ajuste final em junho.

Marco Antonio Caruso, por outro lado, via um cenário com mais espaço para o fim do ciclo, considerando o alto nível do juro real (em torno de 9,5%) e a possibilidade de efeitos desinflacionários do cenário externo, como a guerra comercial. Ele sugeria que o Banco Central poderia adotar um comunicado mais sutil, um “guidance light”, sem se comprometer rigidamente com os próximos passos, mantendo a flexibilidade.

Perspectivas para o Futuro: Quando Viriam os Cortes?

Apesar do foco na alta, o mercado já começava a ponderar a possibilidade de início do ciclo de flexibilização (cortes de juros) ainda naquele ano. O Boletim Focus do Banco Central, que reúne as projeções do mercado, mostrava uma primeira queda na mediana das expectativas para a Selic em 2025, após semanas de alta.

Para que os cortes de juros se materializassem, os analistas destacavam a necessidade de uma combinação de fatores favoráveis:

  • Efeito da Política Monetária atuando plenamente na economia.
  • Possibilidade de desinflação vinda do cenário externo.
  • Fundamentalmente, uma política fiscal “bem comportada” e comprometida com as metas de resultado primário.

Em suma, a reunião do Copom era vista como um passo crucial na luta contra a inflação, com o mercado financeiro atento não apenas ao número final da taxa Selic, mas também às pistas sobre os próximos capítulos da política monetária no Brasil.

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