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GOAU4: Resultados da Gerdau Revelam Duas Realidades. O que Esperar das Ações?

GOAU4: Resultados da Gerdau Revelam Duas Realidades. O que Esperar das Ações?

temp_image_1754061541.031661 GOAU4: Resultados da Gerdau Revelam Duas Realidades. O que Esperar das Ações?

As ações da Gerdau (GOAU4) estão no centro das atenções do mercado, e os resultados mais recentes da companhia pintam um cenário de contrastes. De um lado, uma operação robusta e crescente nos Estados Unidos; do outro, um desafio monumental no Brasil, pressionado pela concorrência do aço chinês. Mas, afinal, o que isso significa para o investidor? Vamos mergulhar nos números e entender o futuro da maior siderúrgica do Brasil.

Resultados da Gerdau: EUA em Alta, Brasil em Queda

A Gerdau divulgou seus resultados financeiros, que, à primeira vista, parecem alinhados com as expectativas do mercado, com uma receita líquida de R$ 17,5 bilhões. No entanto, uma análise mais detalhada revela uma discrepância gritante entre suas operações internacionais e domésticas.

  • Operação nos EUA: A receita disparou 12,5%, impulsionada por uma demanda forte e resiliente, especialmente no setor de construção não residencial. Projetos de data centers, energia renovável e transmissão de energia mantêm a subsidiária americana em plena aceleração.
  • Operação no Brasil: O cenário é oposto, com uma queda de 11,5% na receita. A principal causa desse recuo tem nome e origem: o aço importado da China.

Essa diferença fica ainda mais evidente no EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização). Enquanto a operação norte-americana viu seu EBITDA crescer 36,5%, a brasileira amargou uma queda de 19,9%. Com isso, a subsidiária dos EUA agora representa expressivos 61% do EBITDA total da companhia.

O Fantasma do Aço Chinês: A Principal Ameaça à GOAU4

A grande vilã dos resultados da Gerdau no Brasil é a maciça importação de aço chinês. Segundo Rafael Japur, CFO da empresa, o volume de importações no primeiro semestre aumentou 28% em comparação com o mesmo período do ano anterior. “A média histórica de importação de aço no Brasil é de 2 milhões de toneladas, e este ano devemos chegar a 6,4 milhões. É muita coisa,” alertou o executivo.

Essa “inundação” de aço importado, que não enfrenta as mesmas barreiras tarifárias que nos EUA (onde o governo taxou o produto em 50%), cria um ambiente de competição extremamente desafiador para a indústria nacional, impactando diretamente a rentabilidade e o lucro da GOAU4. Para mais informações sobre o mercado global de aço, você pode consultar relatórios da World Steel Association.

Estratégia e Investimentos Futuros: O Caminho da Gerdau

Apesar dos desafios, a Gerdau segue com seus planos de investimento (CAPEX), que devem chegar a R$ 6 bilhões até o fim do ano. Um dos focos é a nova linha de produção de bobinas a quente em Ouro Branco (MG) e a expansão da Mina de Miguel Burnier, que promete adicionar R$ 1,1 bilhão por ano ao EBITDA da empresa com a produção de minério de alto teor.

Contudo, a incerteza no cenário brasileiro já levanta questionamentos estratégicos. O CEO Gustavo Werneck sinalizou que a companhia está reavaliando futuros investimentos no país diante da dificuldade de competir com o produto importado. “Faz sentido continuar investindo no Brasil nesse nível de incerteza?”, questionou o CFO, refletindo o sentimento da diretoria.

Análise de Mercado: O que Esperar das Ações GOAU4?

Analistas de mercado, como os da XP Investimentos, veem espaço para uma melhora no EBITDA no segundo semestre, principalmente devido aos aumentos de preços já anunciados nos EUA. Há também uma expectativa de melhora nos custos da operação brasileira, mesmo com a pressão nos preços.

Para o investidor, a ação GOAU4, que acumula queda nos últimos doze meses, apresenta um quadro complexo. O desempenho robusto nos Estados Unidos é um ponto forte, mas a vulnerabilidade à concorrência chinesa no Brasil é um risco que não pode ser ignorado. Acompanhar as cotações e os fatos relevantes da empresa diretamente na página da B3 é fundamental.

O futuro da Gerdau e de suas ações dependerá da capacidade da empresa de navegar neste cenário de duas velocidades e, principalmente, de possíveis mudanças nas políticas de importação do governo brasileiro que possam equilibrar a competição no mercado doméstico de aço.

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