Mota-Engil Conquista Túnel Santos-Guarujá: A Obra Gigante do Novo PAC no Brasil

Uma notícia que promete transformar a infraestrutura brasileira: a construtora portuguesa Mota-Engil, em parceria estratégica com a gigante chinesa CCCC, saiu vitoriosa do aguardado leilão para a construção do Túnel Santos-Guarujá. Realizado na B3, em São Paulo, este evento marca um passo decisivo para um dos projetos mais ambiciosos do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC) do governo federal.

Este empreendimento não é apenas uma ponte submersa; será o primeiro túnel imerso do Brasil, uma solução de engenharia inovadora que conectará duas das cidades mais importantes do litoral paulista, Santos e Guarujá, facilitando o acesso ao maior porto da América Latina.

A Proposta Vencedora da Mota-Engil e Seus Detalhes

A Mota-Engil apresentou uma oferta robusta, propondo uma contraprestação pública anual de R$ 436,10 milhões, o que representa um desconto de 0,5% sobre o valor base de R$ 438,30 milhões estipulado no edital. Esta proposta superou a da concorrente espanhola Acciona, que não ofereceu desconto, garantindo à Mota-Engil a concessão para operar o túnel por 30 anos.

O consórcio liderado pela Mota-Engil se beneficiará de uma Parceria Público-Privada (PPP) patrocinada, onde o investimento total de R$ 6,8 bilhões será dividido entre o governo federal, o estado de São Paulo (R$ 5,14 bilhões) e a concessionária (R$ 1,66 bilhão). A empresa terá direito à arrecadação do pedágio e às contraprestações anuais, com tarifas pré-definidas em R$ 6,15 para carros, R$ 3,07 para motos e R$ 18,35 para ônibus e caminhões. A previsão é que as obras comecem em 2026 e sejam concluídas até 2030.

Um Salto de Engenharia: O Túnel Imerso Santos-Guarujá

O Túnel Santos-Guarujá representa um avanço tecnológico notável para o Brasil. Com um projeto que remonta a quase um século, essa obra finalmente se concretiza utilizando o método de túnel imerso. Serão seis módulos pré-fabricados, construídos em um dique seco no Guarujá. Após a fabricação, esses módulos flutuarão (com o auxílio de balões), serão testados e, em seguida, posicionados com precisão no canal por embarcações. Lentamente, serão imersos e fixados no leito estuarino, formando uma rota seca e rápida com três pistas em cada sentido, conectando as rampas de acesso em ambas as cidades.

Para entender mais sobre essa fascinante técnica de construção, você pode consultar informações detalhadas sobre túneis imersos na Wikipedia.

Bastidores e Desafios Políticos

O caminho até a vitória da Mota-Engil não foi isento de percalços. O leilão, inicialmente previsto para agosto, foi adiado a pedido de empresas internacionais. Houve intervenções do Tribunal de Contas da União (TCU), com o ministro Bruno Dantas mediando um acordo entre os governos federal, estadual e a Autoridade Portuária de Santos (APS), que buscava maior autoridade na gestão da obra. Além disso, questionamentos sobre um suposto favorecimento do BNDES a concorrentes estrangeiros foram levantados, embora o banco tenha negado qualquer pedido referente ao projeto.

Construtoras brasileiras como Odebrecht e Andrade Gutierrez chegaram a analisar a participação, mas desistiram, citando dificuldades de financiamento e altas taxas de juros. O cenário político, com a rivalidade entre o presidente Lula e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, também adicionou uma camada de complexidade, apesar dos esforços iniciais para apresentar a obra como uma união pelo bem do país.

O Legado da Mota-Engil e o Futuro da Região

A conquista do Túnel Santos-Guarujá pela Mota-Engil é um marco para a infraestrutura brasileira. Após 30 anos de concessão, a administração da obra passará para a Autoridade Portuária de Santos (APS), garantindo a continuidade do benefício para a região. Este túnel não apenas desafogará o trânsito e otimizará a logística portuária, mas também impulsionará o desenvolvimento econômico e social de Santos e Guarujá, consolidando a importância do porto para o comércio exterior do Brasil.