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Paulo Skaf de Volta à FIESP: Críticas a Lula, Tarifaço e a Nova Diplomacia Empresarial

Paulo Skaf de Volta à FIESP: Críticas a Lula, Tarifaço e a Nova Diplomacia Empresarial

temp_image_1754396367.743096 Paulo Skaf de Volta à FIESP: Críticas a Lula, Tarifaço e a Nova Diplomacia Empresarial

O cenário industrial e político de São Paulo se agita com o retorno de uma figura proeminente: Paulo Skaf. Eleito para presidir a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) a partir de 2026, Skaf não esperou a posse para sinalizar uma gestão de postura firme, com duras críticas à política externa do governo de Luiz Inácio Lula da Silva e um alerta sobre as graves consequências econômicas para o Brasil.

Uma Eleição e um Alerta Imediato: O Risco do Tarifaço Americano

Eleito em chapa única com uma votação expressiva, Paulo Skaf já deixou claro que sua nova gestão na FIESP será marcada pela defesa intransigente dos interesses da indústria. Em sua primeira entrevista após a eleição, o empresário atribuiu diretamente a gestos do governo brasileiro a iminente ameaça de um tarifaço por parte dos Estados Unidos, que poderia taxar produtos nacionais em até 50%.

“Na minha opinião, o governo brasileiro, neste momento, fez certas opções que não foram convenientes ao Brasil”, afirmou Skaf. Segundo ele, essas ações provocaram o principal comprador de manufaturados do país, gerando uma crise que precisa ser contida com urgência.

As Causas da Tensão: Por Que os EUA Reagiram?

Skaf listou uma série de ações da diplomacia brasileira que, em sua visão, foram mal recebidas pela Casa Branca. Para ele, a soma desses eventos criou uma tempestade perfeita nas relações bilaterais. Os pontos críticos incluem:

  • A aproximação com o Irã, permitindo que navios do país atracassem em portos brasileiros.
  • A participação do presidente Lula em comemorações na Praça Vermelha, em Moscou.
  • O discurso de “desdolarização” defendido por Lula durante uma reunião do BRICS, um movimento visto como um desafio direto à hegemonia econômica americana.

“Todos esses gestos provocam o nosso principal cliente. Eu não entendo que seja uma boa política”, cravou o futuro presidente da FIESP.

O Impacto na Economia e o “Pato Triste”

A preocupação de Paulo Skaf tem números. O Brasil exporta cerca de US$ 40 bilhões para os Estados Unidos. Uma sobretaxa de 50% poderia reduzir drasticamente esse volume, afetando principalmente as pequenas e médias empresas, que possuem menos recursos para absorver o impacto ou encontrar novos mercados.

Skaf estima que, no pior cenário, a queda nas exportações poderia eliminar cerca de 100 mil empregos e impactar o PIB brasileiro em até 0,5%. Diante disso, ele avisa que o famoso pato amarelo, símbolo de suas campanhas contra o aumento de impostos, está “triste” e que a FIESP voltará a ter uma “postura forte” contra medidas que prejudiquem a indústria.

A Solução Proposta: Diplomacia Empresarial e um Conselho Global

Para Skaf, a solução não está em pacotes de socorro do governo, mas sim em uma mudança de atitude e na reconstrução das pontes com os Estados Unidos. “O melhor socorro é o governo brasileiro ter gestos que possam fazer com que os Estados Unidos recuem dessa decisão”, declarou.

A partir de 2026, ele pretende implementar um modelo de “diplomacia empresarial”. A ideia é criar um trabalho permanente de aproximação entre empresas brasileiras e parceiros internacionais, antecipando crises em vez de apenas reagir a elas.

Para liderar essa iniciativa, Skaf anunciou a criação de um Conselho Global na FIESP, que será presidido pelo embaixador Roberto Azevêdo, ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC). O objetivo é claro: isolar os negócios das “tempestades políticas” e garantir um ambiente estável para a indústria nacional prosperar.

O retorno de Paulo Skaf à FIESP sinaliza, portanto, um novo capítulo de ativismo empresarial, com foco na estabilidade das relações internacionais e uma cobrança incisiva sobre os rumos da política externa do Brasil.

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