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Portabilidade de Empréstimo Consignado CLT: Oportunidade com Juros em Alta

Portabilidade de Empréstimo Consignado CLT: Oportunidade com Juros em Alta

temp_image_1749220458.165139 Portabilidade de Empréstimo Consignado CLT: Oportunidade com Juros em Alta

Portabilidade de Empréstimo Consignado CLT: Oportunidade com Juros em Alta

Uma nova etapa importante para os trabalhadores celetistas que possuem empréstimo consignado privado começou. Agora, é possível realizar a **portabilidade de empréstimo consignado CLT**, trocando contratos antigos por novas ofertas com condições potencialmente mais vantajosas em outras instituições financeiras. Essa movimentação faz parte do programa do governo federal conhecido como **Crédito do Trabalhador**.

Lançado em março deste ano, o Crédito do Trabalhador inovou ao permitir que qualquer empregado com carteira assinada (CLT) pudesse acessar o **crédito consignado privado** de qualquer banco, utilizando o sistema eSocial do governo para o desconto direto na folha. Antes, essa modalidade era restrita a empresas que possuíam convênio com bancos específicos.

Juros Disparam e Preocupam

Apesar da ampliação do acesso e da nova fase de portabilidade, um fator tem gerado grande preocupação: o expressivo aumento das taxas de juros para o **empréstimo consignado CLT**. Em abril, o primeiro mês completo de vigência do programa, a taxa média de juros cobrada atingiu 59,1% ao ano, o maior patamar registrado na série histórica do Banco Central, iniciada em 2011.

Esse salto representa uma alta de 15,1 pontos percentuais em relação a março (44% ao ano) e de 20,6 pontos percentuais em 12 meses, conforme dados do BC. O volume total de crédito concedido também cresceu, chegando a R$ 45,2 bilhões em abril, uma alta de 7,4% comparado a março, marcando outro recorde para a modalidade.

Por Que os Juros Subiram Tanto?

Diversos fatores contribuem para essa alta inesperada nos **juros do consignado CLT**:

  • Novo Perfil de Tomador: A ampliação do acesso incluiu trabalhadores com perfil de risco de crédito um pouco maior, muitas vezes de empresas menores ou com situação financeira menos estruturada. Isso eleva o risco percebido pelos bancos.
  • Aumento da Demanda: A maior oferta e a novidade do programa geraram um aumento na procura, permitindo que os bancos cobrassem taxas mais altas.
  • Novidade do Programa: A modalidade ainda é recente, e os bancos estão em uma fase de adaptação e coleta de dados para entender o comportamento dos tomadores e das empresas. Há uma “curva de experiência”, como destaca o CEO da ABBC, Leandro Vilain.
  • Taxa Selic Alta: A taxa básica de juros (Selic) em patamares elevados (14,75% na época dos dados) impacta todo o crédito na economia, embora o aumento no consignado privado tenha sido desproporcionalmente maior.

Ricardo Hammoud, economista e professor da FGV, ressalta: “Eles só conseguem cobrar essa taxa porque as pessoas estão pegando. E porque as outras modalidades são ainda mais caras.”

Preocupação com o Endividamento e Impactos no Trabalho

Entidades empresariais, como a Abras (Associação Brasileira de Supermercados) e a Cebrasse (Central Brasileira do Setor de Serviços), têm manifestado preocupação com o aumento do endividamento dos trabalhadores. Há um temor de que funcionários, pressionados pelas dívidas, possam até mesmo pedir demissão buscando um “respiro” financeiro.

É uma coisa que a gente percebe que está começando a acontecer.

João Diniz, presidente da Cebrasse

O programa do Crédito do Trabalhador prevê a suspensão do pagamento em caso de demissão, descontando o valor devido das verbas rescisórias (com limites no FGTS e multa rescisória), mas a preocupação com o bem-estar e a produtividade do trabalhador endividado persiste entre os empregadores.

Apesar da Alta, Ainda é Vantajoso?

Mesmo com o salto nas taxas, o **crédito consignado para CLT** ainda apresenta juros significativamente menores quando comparado a outras modalidades de crédito disponíveis no mercado. Para referência, em abril, o crédito pessoal não consignado teve juros médios de 106,2% ao ano, o cheque especial 135,5% ao ano e o rotativo do cartão de crédito surpreendentes 443,3% ao ano.

Portanto, a **portabilidade de empréstimos sem garantia** para a modalidade consignada privada, que começou a valer em 16 de maio, é vista como uma ferramenta crucial para ajudar a reduzir o endividamento geral da população trabalhadora, trocando dívidas caras por outras mais baratas.

A gente espera sim ver uma redução no endividamento, à medida em que as pessoas saem de uma modalidade mais emergencial e vão para essa outra modalidade que tem os juros menores.

Isabela Tavares, analista de crédito da Tendências Consultoria

O Que Esperar para o Futuro?

A expectativa do setor bancário é que, com o amadurecimento do programa, a coleta de mais dados sobre o perfil dos tomadores e das empresas, e uma maior competição, as taxas de juros tendam a diminuir nos próximos meses. Há uma projeção de queda mais acentuada em 60 a 90 dias, segundo a ABBC.

Para o trabalhador CLT, a **portabilidade de consignado** representa uma oportunidade real de buscar condições mais favoráveis para seus empréstimos, mas é fundamental pesquisar e comparar as taxas oferecidas pelos diferentes bancos na Carteira de Trabalho Digital, considerando o cenário atual de juros elevados na modalidade.

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