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Que Dia é o Dia dos Pais? Mais que uma Data, uma Reflexão sobre a Paternidade no Brasil

Todo segundo domingo de agosto, o Brasil se prepara para celebrar uma figura central na família. Mas quando nos perguntamos que dia é o Dia dos Pais, a resposta vai muito além do calendário. Ela revela uma complexa teia de economia, cultura e, principalmente, o papel em constante transformação da paternidade em nossa sociedade. Você já parou para pensar por que essa data, em termos comerciais, vale metade do Dia das Mães?

A resposta curta é surpreendente e nos convida a uma reflexão profunda. Vamos mergulhar nos números e entender o que eles dizem sobre o afeto, a presença e o futuro da figura paterna.

Os Números Não Mentem: O Peso do Dia dos Pais na Economia

No varejo brasileiro, as datas comemorativas são o termômetro do comportamento do consumidor. E nesse quesito, a balança pende fortemente para um lado. Segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o Dia dos Pais é a quarta data mais lucrativa para o comércio, atrás do Natal, Dia das Mães e Dia das Crianças.

A diferença para o Dia das Mães é gritante: enquanto a celebração materna movimenta bilhões a mais, o faturamento do Dia dos Pais representa cerca de metade desse valor. Mas por quê? Seria o amor pelos pais menos valioso? A resposta, segundo especialistas, é não. A questão é mais sobre o papel que a sociedade historicamente atribuiu a cada um.

Por Trás das Vendas: O que a Disparidade Revela sobre a Sociedade?

Essa diferença econômica é um espelho de uma construção social profundamente enraizada. Tradicionalmente, a figura materna é associada ao cuidado, ao afeto e ao lar, o que gera um apelo emocional e cultural muito mais forte na hora de presentear. Já o pai, por muito tempo, foi visto primariamente como o provedor, uma figura mais distante do cotidiano afetivo.

• Centralidade Materna: A sociedade ainda sobrecarrega a mulher com a responsabilidade principal pelo cuidado dos filhos, tornando a celebração do Dia das Mães um evento de maior magnitude simbólica.
• A Sombra da Ausência: A realidade da ausência paterna no Brasil é um fator inegável. Como questiona o psicanalista Thiago Queiroz, idealizador do site Paizinho, Vírgula!, “Como você presenteia a ausência?”.

Dados da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil) mostram um cenário alarmante: milhões de crianças no país não possuem o nome do pai no registro de nascimento. Além disso, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), mais de 11 milhões de mães criam seus filhos sozinhas. Esses números transformam a discussão sobre presentes em uma questão social urgente.

Uma Luz no Fim do Túnel: A Nova Cara da Paternidade Ativa

Felizmente, o cenário está mudando. Uma nova geração de pais está redefinindo o seu papel, entendendo que a paternidade ativa vai muito além de pagar contas. Eles trocam fraldas, participam de reuniões escolares, consolam em noites de febre e, o mais importante, constroem laços afetivos sólidos e presentes.

Essa mudança já se reflete na publicidade. As campanhas de Dia dos Pais têm abandonado o estereótipo do pai provedor e distante para abraçar narrativas de um pai cuidadoso, vulnerável e participativo, que chora, brinca e se conecta de verdade.

“A paternidade não é sobre ajudar a mãe. É sobre assumir a responsabilidade conjunta na criação de um ser humano, compartilhando as alegrias, os medos e as tarefas diárias.”

Como Celebrar o Dia dos Pais de Verdade?

Talvez a maior mudança comece quando os próprios homens passarem a conversar mais sobre suas experiências, medos e desafios como pais. Quebrar o “pacto do silêncio” é fundamental para fortalecer a figura paterna e aliviar a sobrecarga feminina.

Então, neste Dia dos Pais, mais do que um presente, que tal celebrar a presença? A data é um convite para reconhecer e incentivar os pais que estão se reinventando e, ao mesmo tempo, refletir sobre como podemos, enquanto sociedade, apoiar uma paternidade cada vez mais ativa, afetuosa e, acima de tudo, presente.