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Teste de Fidelidade no TikTok: A Nova Era de Suspeitas e Lucros (com Alertas Essenciais!)

Teste de Fidelidade no TikTok: A Nova Era de Suspeitas e Lucros (com Alertas Essenciais!)

temp_image_1758540191.994752 Teste de Fidelidade no TikTok: A Nova Era de Suspeitas e Lucros (com Alertas Essenciais!)

“Para, para, para!” Quem não se lembra do bordão icônico de João Kleber, que transformou o Teste de Fidelidade em um fenômeno televisivo no Brasil? Por anos, o programa da Rede TV manteve o público grudado na tela, curioso para ver a lealdade de parceiros ser posta à prova. Mas o que antes era um espetáculo dominical, hoje renasce com uma roupagem totalmente digital e, surpreendentemente, lucrativa, através dos influenciadores no TikTok.

A internet não só ressuscitou a curiosidade sobre a infidelidade e os relacionamentos, como também abriu as portas para uma nova modalidade de negócio: o Teste de Fidelidade virtual. Influenciadores digitais transformaram a desconfiança em uma fonte de renda, oferecendo seus serviços para parceiros que desejam verificar a lealdade de seus companheiros. Mas o que está por trás dessa nova onda? E quais são os riscos?

TikTok: De Plataforma de Dança a Laboratório de Lealdade

A ascensão do Teste de Fidelidade nas redes sociais, especialmente no TikTok, é inegável. Vídeos que narram as “provas de lealdade” se tornaram virais, alimentando a curiosidade e, inevitavelmente, o mercado. Influenciadoras como Bianca Santos, de 22 anos, viram nesse movimento uma oportunidade de negócio, transformando a prática em sua principal fonte de renda. Ela relata chegar a abordar 30 “alvos” por dia, com preços que variam de R$ 40 a R$ 100, dependendo da interação (texto, áudio, videochamada).

Bianca, que usa suas próprias fotos e múltiplos perfis para manter o anonimato e a segurança — trocando chips para não ser rastreada por algum “infiel insatisfeito” — desenvolveu uma tática de abordagem gradual, começando com assuntos leves. Suas histórias incluem desde casamentos cancelados por noivos que “caíram na tentação” até situações inusitadas com amantes se passando por esposas.

A Jornada de Luiza Bertoncello: Da Suspeita Pessoal ao Empreendedorismo

Luiza Bertoncello, de 27 anos, é outra figura proeminente nesse cenário. Sua própria experiência de desconfiança em um relacionamento a levou a testar seu então parceiro. O que começou como uma ajuda informal a amigas, por sugestão de sua psicóloga, evoluiu para um negócio estruturado. Hoje, Luiza cobra até R$ 250 por teste e lidera uma equipe de 20 mulheres. Entre as regras do grupo: sigilo absoluto (o parceiro nunca deve saber do teste) e a proibição de envio de fotos íntimas.

Segundo Luiza, a taxa de “fidelidade” é baixa: apenas 4% dos homens testados são fiéis ou não respondem. Ela argumenta que o objetivo não é “destruir” relações, mas “mostrar o que já existe” e ajudar mulheres a não persistirem em relacionamentos sem respeito. Um caso marcante foi o de uma dentista que, ao desconfiar do parceiro, contratou Luiza e descobriu uma traição não apenas com o teste, mas também uma revelação sobre sua melhor amiga. Para a dentista, mesmo com o término, a experiência foi positiva, ajudando-a a se livrar de um “homem manipulador”.

Não Apenas para Eles: Homens Também na Mira e no Negócio

O Teste de Fidelidade virtual não se restringe ao público masculino. Junior Araujo, de 26 anos, autointitulado “Fiscal da Galha”, atua com mulheres e chega a realizar 30 testes por mês, com um custo de R$ 50 por dia de conversa. Sua entrada no ramo foi motivada pela atuação de sua esposa na área, e a demanda foi tão alta que ele precisou deixar seu emprego para se dedicar integralmente ao novo negócio.

Outro influenciador, Pablo Loyo, com mais de 3 milhões de seguidores, oferece testes gratuitos no TikTok e Instagram, atendendo a pedidos de seus seguidores. Ele escolhe as histórias mais “interessantes” para seus conteúdos, que frequentemente ultrapassam um milhão de visualizações. Para Loyo, o sucesso está na identificação do público com as histórias de infidelidade alheia.

O Alerta de João Kleber e os Riscos Legais e Éticos

Mesmo o “pai” do Teste de Fidelidade televisivo, João Kleber, faz ponderações sobre a versão digital. Ele reconhece o potencial, mas alerta para os “campos de possibilidades e ilusões” da internet, onde as reações online podem não corresponder à realidade. “O teste tradicional envolve presença, emoção, olho no olho, é mais intenso”, compara.

Mas, além das ponderações de João Kleber, há riscos sérios. A oferta de serviços de testes online também é um terreno fértil para golpes, com perfis fraudulentos cobrando por um serviço que não entregam ou que utilizam dados de forma irregular.

Onde o “Teste” Pode Virar Problema na Justiça?

Advogados alertam que, embora o Teste de Fidelidade em si não seja ilegal, seus desdobramentos podem levar a sérias consequências jurídicas:

  • Cyberbullying e Stalking: Se a conversa for ofensiva, insistente, gerar constrangimento ou configurar perseguição reiterada.
  • Difamação: Em caso de divulgação dos resultados nas redes sociais, denegrindo a imagem do testado.
  • Crimes de Imagem: Se o alvo enviar fotos ou vídeos íntimos e estes forem encaminhados sem consentimento.

Fabio Manoel, advogado criminalista, e Maíra Fernandes, especialista em crimes digitais, reforçam a importância de limites claros para evitar que a busca por respostas se torne um problema legal. Para eles, a linha entre a curiosidade e o crime pode ser tênue no ambiente digital.

O Veredito dos Especialistas: Comunicação Acima de Tudo

Profissionais como Sabrina de Cillo, da agência SPC do Amor, especializada em investigações conjugais, questionam a confiabilidade do teste virtual, classificando-o como uma “situação induzida” que pode gerar comportamentos artificiais. Ela sugere a investigação particular como uma alternativa mais robusta.

A psicóloga Giselle Barreto, especialista em casais e relacionamentos, é ainda mais enfática. Embora reconheça que os testes podem revelar fragilidades, ela alerta que não são o melhor método para lidar com suspeitas de infidelidade. “Eles dão uma falsa sensação de controle, geram dilemas éticos e emocionais, reforçam a vigilância excessiva e corroem o que realmente sustenta a fidelidade: a comunicação honesta“, explica.

Para construir e manter relações saudáveis, o diálogo aberto e a confiança mútua são insubstituíveis. Em vez de recorrer a “detetives digitais”, buscar o diálogo ou, se necessário, o apoio profissional de um terapeuta de casais, pode ser um caminho muito mais construtivo e menos arriscado para lidar com a dúvida e fortalecer os laços. Afinal, a verdadeira fidelidade se constrói na transparência e no respeito, não em armadilhas digitais.

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