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Tupy: Mudança na Gestão, Impacto nos Investidores e Influência Política

Tupy: Mudança na Gestão, Impacto nos Investidores e Influência Política

temp_image_1743182588.487917 Tupy: Mudança na Gestão, Impacto nos Investidores e Influência Política


Tupy: Turbulência na Troca de Comando Agita Investidores e Desperta Debate Sobre Influência Política

A Tupy (TUPY3), gigante do setor metalúrgico brasileiro, encontra-se no epicentro de uma controvérsia que envolve governança, acionistas e até o governo federal. A recente nomeação de Rafael Lucchesi para substituir Fernando Rizzo como CEO gerou ondas de descontentamento entre investidores minoritários e reacendeu o debate sobre a interferência política na administração da companhia.

A Troca de CEO: Uma Decisão Polêmica

A formalização da mudança na liderança da Tupy, ocorrida após reunião do conselho de administração, marca o fim do mandato de Rizzo em 30 de abril e a ascensão de Lucchesi em 1º de maio. A alteração na estrutura da chefia, conforme apurado pelo Valor Econômico e confirmado pelo InfoMoney, foi motivada por sugestões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do fundo de pensão do Banco do Brasil (Previ), detentores de 53% das ações da empresa.

Apesar da justificativa do BNDES e da Previ, que alegam a necessidade de um “perfil técnico” para o cargo, a escolha de Lucchesi, atual diretor da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e presidente do conselho de administração do BNDES, tem sido vista com reservas por diversos investidores, que questionam sua falta de experiência prévia como executivo-chefe de uma empresa de grande porte.

Reação dos Investidores Minoritários: Desconfiança e Questionamentos

Representantes de fundos como 4UM Investimentos, Organon Capital, Charles River e Real Investor, que juntos detêm cerca de 10% das ações da Tupy, manifestaram publicamente sua insatisfação com a substituição. Para Camilo Marcantonio, sócio da Charles River, a indicação de Lucchesi, sem um histórico de gestão empresarial, surpreende negativamente o mercado.

Visões Divergentes: Renovação ou Interferência?

Enquanto alguns investidores criticam a decisão, Werner Roger, sócio da Trígono, defende que a mudança na liderança faz parte de um ciclo natural de renovação de mandatos na Tupy. Ele ressalta que o estatuto da companhia prevê a troca na diretoria dentro de prazos regulares e que a decisão do BNDES, como acionista relevante, precisa ser validada pelo conselho de administração.

Roger argumenta que a alteração no comando não deve impactar a estrutura ou o valor da empresa, uma vez que a governança é baseada nos nove membros do conselho de administração. Marcos Pavarini, sócio da Biguá Capital, por outro lado, questiona os critérios adotados pelos acionistas controladores para a indicação de Lucchesi e a falta de uma análise aprofundada de outros candidatos.

XP Investimentos Alerta Para Possível Influência Política

A XP Investimentos, em relatório, expressou preocupações com a falta de proximidade de Lucchesi com as operações diárias da Tupy, levantando questões sobre uma potencial influência política na empresa. Essa preocupação se refletiu na queda de 7% nas ações da Tupy no dia da divulgação da notícia, com desvalorização de 12,23% no mês e 31,41% nos últimos 12 meses.

O Futuro da Tupy: Incógnitas e Desafios

A transição na liderança da Tupy gera incertezas sobre o futuro da empresa, que tem se destacado por sua expansão e inovação sob a gestão de Rizzo. A questão que se coloca é se a companhia manterá seu rumo estratégico, especialmente no que diz respeito à descarbonização e à transformação de resíduos em biocombustíveis, com a possível chegada de Lucchesi à presidência.

Ingerência Governamental: Um Ponto de Atenção

Além da divergência entre os acionistas, a presença de três ministros do governo Lula no conselho da Tupy, indicados por entidades ligadas ao BNDES, suscita preocupações sobre a autonomia da gestão da empresa. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) chegou a abrir um processo para investigar a nomeação dos ministros devido à falta de consulta prévia sobre conflitos de interesse.

Diante desse cenário, o grupo de minoritários da Tupy prepara uma resposta à decisão de troca de comando, buscando defender seus interesses e garantir a continuidade do sucesso da empresa.


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