
25 de Março Feriado: A História Oculta da Abolição no Ceará

25 de Março Feriado: Uma Reflexão Necessária sobre a Abolição no Ceará
O dia 25 de março é marcado como feriado no Ceará, celebrando a abolição da escravidão na província em 1884, tornando-se a primeira a fazê-lo no Brasil. No entanto, por trás da aparente celebração, reside uma história complexa e muitas vezes negligenciada sobre o real impacto da abolição para a população negra.
O Ceará: ‘Terra da Luz’ ou Ilusão de Liberdade?
Embora o Ceará tenha se vangloriado de ser a “Terra da Luz” ao abolir a escravidão, a realidade para muitos negros após 25 de março era bem diferente. A abolição, embora representasse a quebra das correntes físicas, não erradicou a opressão e o racismo enraizados na sociedade.
Segundo o historiador Hilário Ferreira, a mentalidade da época revelava que, apesar da abolição, os negros continuavam a enfrentar tratamento desigual e exploração. Documentos históricos apontam que muitos ex-escravizados eram forçados a trabalhar em condições precárias, com mulheres negras frequentemente se tornando “agregadas” ou empregadas domésticas em troca de sustento.
A Resistência Silenciada e a Narrativa Oculta
A narrativa oficial da abolição muitas vezes silencia a resistência negra e enfatiza o papel dos abolicionistas brancos como os únicos protagonistas. Essa perspectiva distorce a história e perpetua a ideia de que a abolição foi uma dádiva concedida aos negros, em vez de uma conquista resultante de sua luta e perseverança.
A memória da escravidão, como evidenciado em museus e monumentos, frequentemente se concentra nos instrumentos de tortura, negligenciando a história da resistência negra. É crucial resgatar essa história e reconhecer o protagonismo dos negros na luta por sua liberdade.
O Legado da Escravidão e os Desafios Atuais
O feriado de 25 de março, portanto, deve servir como um momento de reflexão crítica sobre o legado da escravidão e os desafios que a população negra ainda enfrenta no Ceará e no Brasil. A violência, o racismo e a desigualdade persistem, evidenciando que a luta por igualdade e justiça ainda não foi concluída.
Como questiona Hilário Ferreira, quem se beneficia da narrativa que apaga o protagonismo da negrada? É fundamental questionar as narrativas oficiais e buscar uma compreensão mais profunda e honesta da história da abolição.
Um Feriado para Reflexão, Não Apenas Celebração
Em vez de simplesmente celebrar o feriado de 25 de março, devemos utilizá-lo como uma oportunidade para educar, conscientizar e promover a igualdade racial. Ao reconhecer e valorizar a história da resistência negra, podemos construir um futuro mais justo e igualitário para todos.
Afinal, a verdadeira libertação só será alcançada quando a igualdade racial se tornar uma realidade em todas as esferas da sociedade.
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