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A Igreja Mórmon em Transição: Desvendando a Diversidade Global dos Santos dos Últimos Dias

A Igreja Mórmon em Transição: Desvendando a Diversidade Global dos Santos dos Últimos Dias

temp_image_1760422409.9679 A Igreja Mórmon em Transição: Desvendando a Diversidade Global dos Santos dos Últimos Dias

A Igreja Mórmon em Transição: Desvendando a Diversidade Global dos Santos dos Últimos Dias

Recentemente, a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, frequentemente conhecida como Igreja Mórmon, viveu um período de profunda reflexão e mudança. Eventos como um trágico incidente em Michigan e a transição na liderança máxima da igreja, com o falecimento do presidente Russell M. Nelson aos 101 anos, colocaram em evidência a complexidade e a natureza multifacetada desta instituição religiosa. O provável sucessor, Dallin H. Oaks, herdará uma igreja que é, ao mesmo tempo, profundamente americana e cada vez mais global, desafiando as percepções simplistas que a mídia frequentemente apresenta.

Como antropóloga cultural e pesquisadora das comunidades dos Santos dos Últimos Dias, Brittany Romanello destaca que muitos ainda associam a igreja quase que exclusivamente a Utah, seu quartel-general. No entanto, essa visão é um dos muitos estereótipos mórmons que não correspondem à realidade atual. A igreja, fundada por Joseph Smith em 1830 em Nova York, tem uma história rica de expansão, com missionários chegando à Inglaterra já em 1837.

Além de Utah: O Crescimento Global da Igreja SUD

A percepção da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias como predominantemente branca e conservadora está desatualizada. Longe do “Corredor Mórmon” do oeste americano, existem congregações vibrantes em todo o mundo. Desde o período pós-Segunda Guerra Mundial, a igreja intensificou sua abordagem missionária internacional, impulsionando um notável crescimento global da Igreja Mórmon.

  • Hoje, a Igreja conta com mais de 17,5 milhões de membros.
  • A maioria desses membros reside fora dos Estados Unidos, distribuídos por mais de 160 países.
  • Regiões como América Central, América do Sul e Ilhas do Pacífico viram um crescimento exponencial.

Um indicativo claro dessa expansão é a construção de novos templos. Antigamente concentrados nos EUA, os templos — edifícios para cerimônias especiais como casamentos, e não para o culto semanal — agora estão presentes em dezenas de nações, da Argentina a Tonga. Durante a presidência de Russell M. Nelson, mais de 200 novos templos foram anunciados, solidificando o compromisso da igreja com sua identidade global. Para mais informações sobre templos e a missão global, visite o site oficial da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

A Diversidade Crescente nos Estados Unidos

Mesmo dentro dos EUA, a demografia da Igreja SUD está em transformação. Dados do Pew Research Center revelam que a porcentagem de membros americanos brancos caiu de 85% em 2007 para 72% atualmente. O aumento significativo de latinos, que hoje representam 12% dos membros nos EUA, tem sido crucial para a sustentação de muitas congregações em todo o país. Essa diversidade é evidente em cada estado americano, incluindo comunidades como Grand Blanc, Michigan, local do recente e lamentável tiroteio.

Desafios de uma Liderança Global com Raízes Americanas

Apesar de seu caráter global e da crescente diversidade mórmon, as fundações institucionais da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias permanecem firmemente enraizadas nos Estados Unidos. Os principais corpos de liderança ainda são compostos quase que integralmente por homens brancos e, em sua maioria, nascidos nos EUA. Este cenário levanta questões importantes sobre como as normas e tradições de uma igreja baseada em Utah se alinham com as realidades culturais de membros em cidades como Manila, Cidade do México, Bangalore ou Berlim.

Tensão Cultural e Expressões de Fé

A busca por uma padronização histórica, artística e doutrinária, que sempre caracterizou a Igreja Mórmon, torna-se cada vez mais difícil à medida que suas congregações abrangem dezenas de países, idiomas, costumes e histórias. Membros latinos, por exemplo, enfrentaram resistência a tradições culturais como a criação de altares e oferendas durante o Dia de Los Muertos, consideradas “não-LDS”. Embora a igreja tenha feito esforços, como uma campanha em espanhol usando a iconografia do Dia dos Mortos em 2021, ainda há um longo caminho a percorrer.

Aspectos estéticos, como estilos musicais (o hinário padronizado inclui canções patrióticas americanas como “America the Beautiful”), e até mesmo expectativas sobre vestuário e aparência física, como a recente oferta de versões sem mangas de vestes sagradas para áreas úmidas em 2024, demonstram a persistência de um modelo cultural americano. A visão histórica da igreja sobre tatuagens como tabu, por exemplo, contrasta com milênios de tradições de tatuagem sagrada em regiões com alta adesão, como a Oceania.

O Futuro da Igreja Mórmon: Um Chamado à Sensibilidade Cultural

O próximo presidente da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias terá a complexa tarefa de liderar uma igreja global a partir de sua sede americana. Esta é uma igreja que continua a ser mal compreendida e estereotipada, por vezes, com consequências violentas. O crescimento contínuo em muitas partes do mundo acentua a necessidade de uma maior sensibilidade cultural.

A estrutura organizacional, muitas vezes comparada a uma corporação com um processo decisório de cima para baixo, pode dificultar a abordagem de questões delicadas, como histórias raciais dolorosas e as necessidades de grupos marginalizados, incluindo membros LGBTQ+. A transição de liderança representa, portanto, uma oportunidade não apenas para a igreja se reavaliar, mas também para o público em geral aprofundar seu entendimento sobre a natureza rica, diversificada e global da vida dos Santos dos Últimos Dias hoje.

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