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A Queda do Império: Rogério Andrade, o ‘Bicheiro do Rio’, Novamente Preso em Operação Contra a Contravenção

A Queda do Império: Rogério Andrade, o ‘Bicheiro do Rio’, Novamente Preso em Operação Contra a Contravenção

temp_image_1759583519.175266 A Queda do Império: Rogério Andrade, o 'Bicheiro do Rio', Novamente Preso em Operação Contra a Contravenção

A Queda do Império: Rogério Andrade, o ‘Bicheiro do Rio’, Novamente Preso em Operação Contra a Contravenção

O cenário da contravenção no Rio de Janeiro foi novamente abalado com a recente operação da Promotoria, que culminou na prisão de Rogério Andrade, amplamente conhecido como o principal bicheiro do Rio. Já detido em uma penitenciária federal, Rogério teve novos mandados de prisão cumpridos nesta sexta-feira (3), intensificando as investigações sobre uma poderosa cúpula do jogo do bicho e suas ramificações.

As ações não se restringiram a Andrade. Flávio da Silva Santos, presidente da tradicional Mocidade Independente de Padre Miguel e apontado como braço-direito de Rogério nas investigações, também foi alvo de prisão e a Justiça solicitou sua inclusão em regime federal de segurança máxima. Vinicius Drumond, filho do falecido Luiz Pacheco Drumond (ex-integrante da antiga cúpula do jogo do bicho e ligado à Imperatriz Leopoldinense), também teve mandado de busca e apreensão cumprido, sendo investigado como peça-chave na nova organização e em crimes como homicídio e furto de petróleo.

Rogério Andrade: Um Legado de Poder e Crime

A figura de Rogério Andrade carrega o peso de um sobrenome notório na história da contravenção brasileira. Sobrinho de Castor de Andrade, falecido em 1997 e considerado o mais influente bicheiro de sua era, Rogério representa a continuidade de um império construído sobre o jogo do bicho e outras atividades ilícitas. Sua reaproximação com a Mocidade Independente a partir de 2015, revivendo a era de ouro da escola sob o mecenato de Castor, culminou em um campeonato em 2017, evidenciando a profunda conexão entre a contravenção e o universo do carnaval.

A Nova Cúpula e Disputas Violentas

Para o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), a união entre Rogério, Vinicius Drumond e Flávio da Silva Santos forma a nova cúpula da contravenção estadual. A denúncia do MP-RJ é grave, vinculando o grupo a “disputas violentas com grupos rivais”. Um dos episódios mais emblemáticos mencionados é o assassinato de Fernando Iggnácio, ex-genro de Castor de Andrade, em novembro de 2020. Iggnácio travou por décadas uma guerra pelo espólio do patriarca com Rogério Andrade, que foi acusado como mandante do crime.

A brutalidade do assassinato de Iggnácio, emboscado ao desembarcar de um helicóptero, ressalta a intensidade das disputas pelo poder dentro da contravenção. Além dos confrontos diretos, promotores também apontam a corrupção de agentes policiais como uma prática do grupo, com propinas destinadas a “diversas unidades” das Polícias Civil e Militar, dificultando as investigações e perpetuando o ciclo criminoso.

O Papel das Escolas de Samba

A ligação entre o jogo do bicho e as escolas de samba não é novidade no Rio de Janeiro. A família Andrade teve forte influência na Mocidade Independente de Padre Miguel, assim como a família Drumond na Imperatriz Leopoldinense. Um dos endereços dos mandados de busca e apreensão desta sexta foi na quadra da própria Imperatriz, sublinhando a intrínseca relação entre o mundo do carnaval e as operações da contravenção.

A presidência de Flávio da Silva Santos na Mocidade, eleito em 2019, e sua suposta aliança com Rogério Andrade, reforçam a perpetuação desse padrão. Embora as escolas de samba sejam pilares culturais do Rio, a persistente sombra da contravenção sobre suas estruturas é um desafio contínuo para as autoridades e para a própria imagem do carnaval.

O Avanço das Investigações

A Promotoria do Rio de Janeiro segue incansável em seu trabalho de desmantelar o crime organizado. A prisão de figuras como Rogério Andrade e seus aliados envia uma mensagem clara de que a impunidade não prevalecerá. Os desdobramentos dessas investigações prometem revelar ainda mais detalhes sobre as complexas redes de poder e corrupção que permeiam o universo do jogo do bicho no Brasil, buscando finalmente romper com um legado de décadas de ilegalidade.

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