
Acidente Fatal no Metrô de São Paulo: Falta de Sensor Crucial na Linha 5-Lilás Levanta Alerta de Segurança

Acidente Fatal no Metrô de São Paulo: Falha na Linha 5-Lilás Expõe Questão Crítica de Segurança
Um trágico acidente na Linha 5-Lilás do Metrô de São Paulo na manhã desta terça-feira (6) resultou na morte de um passageiro e reacendeu o debate sobre a segurança nas plataformas. O incidente, ocorrido na movimentada estação Campo Limpo, zona sul da capital paulista, chocou usuários e especialistas.
Entenda o Acidente na Estação Campo Limpo
Lourivaldo Ferreira Silva Nepomuceno, de 35 anos, ficou preso no espaço entre o trem e a porta de plataforma enquanto tentava embarcar, sendo subsequentemente imprensado e caindo na via. A tragédia aconteceu por volta das 8h, horário de pico, evidenciando a vulnerabilidade do sistema em momentos de grande fluxo de passageiros.
A ViaMobilidade, concessionária responsável pela operação da Linha 5-Lilás, afirmou em nota que o passageiro não respeitou os avisos sonoros e visuais de fechamento das portas. No entanto, especialistas apontam para uma falha estrutural no sistema de segurança.
A Questão Crucial: A Falta do Sensor de Presença
Segundo Luis Kolle, presidente da AEAMESP (Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô), a principal falha reside na ausência de um sensor de presença entre as portas da plataforma e o trem. Ele explica que, caso uma pessoa fique presa nesse espaço, o sensor deveria impedir a partida do trem e, idealmente, reabrir as portas da plataforma para liberar o indivíduo da zona de risco.
Kolle é categórico: “Ali [entre as portas] é preciso um sensor, tem que detectar que há uma pessoa ali. A porta de plataforma teria de abrir de novo… Algum erro de procedimento, alguma falha aconteceu”.
A ViaMobilidade confirmou que a Linha 5-Lilás possui sensores de obstrução nas portas do trem (que impedem a partida se a porta do trem estiver aberta), mas não sensores de presença na área entre o trem e a porta de plataforma. “No caso em questão, mesmo após os alarmes visuais e sonoros, ao tentar entrar no vagão, o passageiro acabou ficando no espaço entre o trem e a plataforma, onde não há sensores. Como tanto as portas de plataforma quanto as do vagão estavam fechadas, o trem partiu”, detalhou a empresa.
Análise Técnica e Medidas Futuras
Carlos Peterson Tremonte, engenheiro mecânico e coordenador adjunto da Câmara Especializada de Engenharia Mecânica e Metalúrgica do Crea-SP, reforça a importância dos sensores de presença. Para ele, a instalação desses dispositivos é tecnicamente viável e não representa um alto custo de segurança para um sistema de metrô. “É um custo de segurança muito baixo para um metrô”, afirma.
Diante da fatalidade, o presidente da ViaMobilidade, Francisco Pierrini, anunciou que a concessionária irá antecipar a instalação de sensores de presença nas portas das plataformas, com previsão de conclusão até fevereiro do próximo ano. Além disso, um sistema de barreiras físicas será implantado até o fim deste ano para bloquear a presença de pessoas ou objetos no vão entre o trem e a plataforma.
Contraste com Outras Linhas e Incidentes Anteriores
O Metrô de São Paulo, que administra outras linhas (1-Azul, 3-Vermelha e 15-Prata), informou que todas as portas de plataforma instaladas em suas linhas já contam com sensores para evitar o fechamento com a presença de pessoas ou objetos.
Este não é um incidente isolado. Em março, uma passageira ficou presa entre a porta de segurança e o vagão na estação Vila Prudente da Linha 2-Verde, administrada pelo Metrô. Esse caso levou a estatal a intensificar orientações e instalar anteparos para evitar que usuários se coloquem em risco.
A Voz dos Metroviários e o Clamor por Segurança
O Sindicato dos Metroviários destacou que a Linha 5-Lilás, sob gestão privada desde 2018, não foi originalmente construída com portas de segurança completas nas plataformas. O sindicato cobra a ViaMobilidade pela instalação e funcionamento adequado dos dispositivos de segurança, que poderiam impedir o fechamento das portas na presença de pessoas e, consequentemente, a movimentação dos trens.
A tragédia também gerou relatos dramáticos de passageiros. Um gestor comercial que testemunhou o acidente descreveu a cena como “desesperadora”, relatando o pânico e a correria na estação.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que a ocorrência está sob investigação da Delegacia de Polícia do Metropolitano (Delpom). O Metrô de São Paulo colocou-se à disposição das autoridades e da concessionária para discutir medidas adicionais de segurança.
Conclusão
O lamentável acidente na Linha 5-Lilás em São Paulo serve como um alerta severo sobre a urgência de aprimorar os sistemas de segurança no transporte público. A instalação de tecnologias como os sensores de presença, considerados básicos por especialistas, torna-se uma prioridade inadiável para garantir a proteção dos milhões de usuários que dependem diariamente do Metrô de São Paulo. A expectativa agora recai sobre a rápida implementação das medidas prometidas pela ViaMobilidade para que tragédias como essa não voltem a ocorrer.
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