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Assata Shakur: Fim de uma Era – A Fugitiva Mais Procurada pelo FBI Morre em Cuba

Assata Shakur: Fim de uma Era – A Fugitiva Mais Procurada pelo FBI Morre em Cuba

temp_image_1758906052.449561 Assata Shakur: Fim de uma Era – A Fugitiva Mais Procurada pelo FBI Morre em Cuba

Assata Shakur: Fim de uma Era – A Fugitiva Mais Procurada pelo FBI Morre em Cuba

O mundo se despede de uma figura que marcou profundamente a história da luta por direitos civis e da contestação política nos Estados Unidos. Assata Shakur, também conhecida como Joanne Chesimard, membro proeminente do Black Liberation Army (BLA) e uma das fugitivas mais procuradas pelo FBI, com uma recompensa de US$ 2 milhões por sua captura, faleceu em Havana, Cuba, onde vivia sob asilo político concedido por Fidel Castro.

O anúncio de sua morte foi feito na última sexta-feira pelo Ministério das Relações Exteriores de Cuba, informando que Shakur, de 78 anos, havia morrido na quinta-feira de “enfermidades de saúde e idade avançada”. Sua passagem marca o encerramento de uma vida repleta de controvérsias, ativismo e uma fuga que durou décadas, mantendo-a no centro das tensões entre Cuba e os Estados Unidos.

Uma Vida de Luta e Acusações

Nascida em 1947, Assata Shakur emergiu como uma voz influente durante o turbulento período das décadas de 1960 e 1970, tornando-se uma defensora ferrenha da revolução armada nos Estados Unidos. Sua associação com o Black Liberation Army a colocou diretamente na mira das autoridades federais. A notoriedade de Shakur atingiu seu ápice com seu envolvimento em um tiroteio na rodovia de New Jersey em 1973, um incidente que resultou na morte de um policial estadual.

Embora ferida no confronto, Shakur foi condenada por seu papel no assassinato do policial Werner Foerster. Ela sempre manteve sua inocência, alegando ter sido alvo de uma campanha de assassinato orquestrada pelo FBI como parte de uma perseguição generalizada a organizações militantes negras, um contexto histórico conhecido como COINTELPRO. Em 1979, enquanto cumpria sua sentença de prisão perpétua, Assata Shakur orquestrou uma audaciosa fuga da prisão em New Jersey, iniciando sua vida na clandestinidade.

Asilo em Cuba e a Perseguição Contínua

Após anos de busca, Assata Shakur ressurgiu publicamente em 1984, quando o então líder cubano Fidel Castro lhe concedeu asilo político, um ato que se tornaria um ponto de atrito persistente nas relações diplomáticas entre os EUA e Cuba. Vivendo na ilha caribenha, Shakur não se calou: ela escreveu livros, participou de documentários e, por vezes, ironizou os esforços dos EUA para conseguir sua extradição.

A determinação das autoridades americanas em capturá-la jamais esmoreceu. Em 2013, o FBI deu um passo sem precedentes, incluindo Assata Shakur como a primeira mulher em sua lista de “terroristas mais procurados” (FBI Most Wanted Terrorists), e, em conjunto com a Procuradoria de New Jersey, aumentou a recompensa por sua captura para impressionantes US$ 2 milhões. Sua presença em Cuba, ao lado de outros fugitivos da justiça americana, alimentou as críticas de ativistas anti-Castro e de políticos que defendiam a manutenção de Cuba na lista do Departamento de Estado dos EUA de países que patrocinam o terrorismo.

Legado e Conexão Familiar

Além de seu próprio ativismo, Assata Shakur carregava uma conexão familiar notável: ela era madrinha e tia-avó do renomado rapper Tupac Shakur, cujo trabalho muitas vezes ecoou temas de injustiça social e resistência, ressoando com a própria trajetória de Assata.

A morte de Assata Shakur encerra um capítulo longo e complexo na história contemporânea. Sua vida, de militante a fugitiva e asilada, continuará a ser objeto de debates e análises, representando diferentes perspectivas sobre justiça, liberdade e o legado do movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos e as tensões geopolíticas que moldaram o século XX e XXI.

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