
Assata Shakur, Tupac e a Polêmica que Agita o Sindicato de Professores de Chicago

Assata Shakur: O Legado Controverso, a Conexão com Tupac e a Repercussão no Sindicato de Professores de Chicago
A morte de Assata Shakur, uma figura histórica envolta em polêmica, reacendeu um debate acalorado nos Estados Unidos, especialmente após a homenagem póstuma prestada pelo Sindicato de Professores de Chicago (CTU). Mais do que uma simples notícia, o evento desenterrou questões profundas sobre justiça, ativismo e o legado de figuras revolucionárias. Para muitos, ela é uma heroína da libertação negra; para outros, uma assassina de policiais. E o que isso tem a ver com o icônico rapper Tupac Shakur?
Quem Foi Assata Shakur? Uma História de Fuga e Controvérsia
Nascida JoAnne Deborah Byron, e também conhecida como Joanne Chesimard, Assata Shakur ganhou notoriedade por sua atuação no Partido dos Panteras Negras e no Exército de Libertação Negra nos anos 70. Sua história tomou um rumo dramático em 1973, quando foi acusada de envolvimento no assassinato do policial estadual de Nova Jersey, Werner Foerster, durante um tiroteio na rodovia. Em 1977, Shakur foi condenada pelo homicídio. Sua fuga espetacular de uma prisão em 1979 e sua subsequente concessão de asilo político em Cuba, em 1984, a transformaram em uma das fugitivas mais procuradas pelo FBI.
Por décadas, o FBI e a Procuradoria-Geral de Nova Jersey mantiveram uma recompensa de US$ 1 milhão por sua captura, classificando-a como uma terrorista doméstica. A notícia de sua morte em Havana, anunciada recentemente por autoridades cubanas, encerra um capítulo longo e disputado em sua vida.
O Tributo do CTU: “Rest in Power, Rest in Peace”
A controvérsia atingiu um novo patamar quando o Sindicato de Professores de Chicago (CTU) publicou uma mensagem em suas redes sociais lamentando a morte de Assata Shakur. A postagem dizia: “Descanse em poder, descanse em paz, Assata Shakur”, e a descrevia como “uma lutadora revolucionária, uma escritora feroz, uma reverenciada anciã da libertação Negra e uma líder da liberdade”. O sindicato citou Shakur: “É nosso dever lutar pela nossa liberdade. É nosso dever vencer. Devemos amar e apoiar uns aos outros. Não temos nada a perder além de nossas correntes.”
A Reação Indignada: “Vergonhoso e Depravado”
A homenagem do CTU provocou uma onda de condenação imediata. Corey DeAngelis, membro sênior do American Culture Project, expressou choque: “É quase como se o Sindicato de Professores de Chicago estivesse tentando alienar membros razoáveis e ganhar um prêmio de organização mais desequilibrada da Terra.” Ele questionou o porquê de uma entidade responsável pela educação de crianças estaria honrando uma assassina condenada.
O governador de Nova Jersey, Phil Murphy, classificou a postagem do CTU como “vergonhosa e depravada”, lembrando que Shakur foi “condenada pelo assassinato do Policial Estadual de Nova Jersey Werner Foerster, que foi executado a sangue frio”. Murphy destacou que existem inúmeros heróis dignos de celebração, e Assata Shakur “não é um deles”.
CTU e um Histórico de Posições Polêmicas
A postura em relação a Assata Shakur não é um incidente isolado. O Sindicato de Professores de Chicago é conhecido por suas tomadas de posição fortes e controversas em diversas questões. A união já se manifestou contra atividades do ICE, a implantação de tropas da Guarda Nacional e, mais recentemente, participou de um boicote à Target, alegando que a varejista havia “restringido seu compromisso com a diversidade, equidade e inclusão”, sendo cúmplice da “supremacia branca”.
Em junho, a presidente do CTU, Stacy Davis Gates, causou burburinho ao afirmar publicamente que o sindicato “pensa que seus filhos são os filhos do sindicato”, declaração que gerou críticas sobre o papel da união na vida familiar e educacional.
A Conexão com Tupac Shakur: Um Ícone e Sua Madrinha
Para entender a complexidade do legado de Assata Shakur, é fundamental mencionar sua ligação familiar com Tupac Shakur. Assata era madrinha do lendário rapper, uma conexão que, para muitos, lançava uma luz diferente sobre sua figura. Tupac, que se tornou um ícone cultural global, frequentemente abordava temas de injustiça social, racismo e resistência em suas músicas, ecos que podem ser traçados até as convicções de sua madrinha e o ativismo de sua mãe, Afeni Shakur, também uma Pantera Negra.
Essa relação adiciona uma camada de complexidade à percepção pública de Assata. Para os fãs de Tupac e aqueles que veem Assata como um símbolo de luta contra a opressão, sua figura é inseparável do movimento pelos direitos civis. Para outros, a conexão com uma condenada por assassinato é um lembrete doloroso de uma ferida ainda aberta na sociedade americana.
Um Debate que Permanece Vivo
A morte de Assata Shakur e a reação do Sindicato de Professores de Chicago escancaram as divisões ideológicas e históricas que persistem nos Estados Unidos. A discussão vai além de uma simples homenagem, tocando em pontos nevrálgicos sobre como a sociedade lida com seu passado, seus heróis e seus vilões, e como instituições públicas devem se posicionar diante de figuras tão polarizadoras. O debate sobre Assata Shakur, com ou sem a sombra de Tupac, está longe de terminar.
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