
Caso Mackenzie: Mãe Denuncia Racismo Após Aluna Ser Encontrada Inconsciente na Escola

Caso Mackenzie: Mãe Denuncia Racismo Após Aluna Ser Encontrada Inconsciente na Escola
Um grave incidente ocorrido no Colégio Mackenzie, em São Paulo, lança luz sobre denúncias sérias de racismo e bullying escolar. A mãe de uma estudante de 15 anos, encontrada desacordada nas dependências da instituição, revelou ao UOL que a filha segue internada em tratamento psiquiátrico e que a situação é fruto de episódios frequentes de violência racial que teriam sido ignorados pela escola.
A adolescente, que é bolsista, enfrentava dificuldades e relatava o racismo desde meses antes do incidente, ocorrido no final de abril. Segundo a mãe, os apelos por ajuda e as denúncias sobre o sofrimento da filha não teriam encontrado eco nos profissionais do Mackenzie.
O Relato Doloroso da Mãe
Em depoimento à Polícia Civil e compartilhado com a reportagem, a mãe descreve o agravamento do quadro da filha:
- A estudante começou a chegar em casa chorando, relatando exclusão e a ausência de amigos.
- Sofria xingamentos racistas diretos de outros alunos, inclusive na frente da avó.
- As notas, que antes eram altas, despencaram drasticamente no Colégio Mackenzie.
- Mesmo diante da reprovação e do risco de perder a bolsa, a mãe recorreu, expôs a situação de racismo e pediu uma nova chance.
- Uma coordenadora da escola teria descredibilizado a mãe, alegando que o racismo era “coisa da cabeça” da filha.
- A adolescente continuou no colégio, mas as perseguições, segundo a mãe, persistiram, sem que os funcionários acreditassem nela.
- Houve relatos de que funcionárias teriam mandado a aluna parar com “mimimi” e “síndrome de perseguição”, expondo a situação em sala.
- Um dos outros filhos da mãe, mais velho e também aluno do Mackenzie, já havia sido vítima de injúria racial.
- A mãe tentou, sem sucesso, conseguir acompanhamento psicológico na própria escola.
No dia em que foi encontrada desacordada, a estudante, ao ser socorrida, teria expressado que “não aguentava mais aquela escola”.
A Resposta do Colégio Mackenzie
Em nota, o Colégio Mackenzie contesta parte das alegações. A instituição afirma ter prestado atendimento médico à estudante no dia do ocorrido e que a direção e coordenação acolheram a mãe presencialmente minutos após o incidente. Eles alegam que a equipe de orientação educacional e a psicóloga escolar já acompanhavam a aluna e a família e seguem prestando suporte contínuo.
O colégio diz ainda que está apurando cuidadosamente as circunstâncias do ocorrido, ouvindo todos os envolvidos, inclusive a aluna, assim que ela estiver em condições de se manifestar no ambiente pedagógico. O Mackenzie, no entanto, alega ter sido impedido pela família de ter acesso ao local onde a estudante está internada.
Investigação em Andamento
A Polícia Civil registrou boletim de ocorrência e investiga o caso, tratando-o, inicialmente, como suspeita de tentativa de suicídio. O celular da adolescente passará por perícia.
A mãe detalhou à polícia ataques racistas atribuídos a cinco estudantes do Colégio Mackenzie. Entre os termos pejorativos que a filha era chamada estariam “cigarro queimado” e “lésbica preta”.
Há também a informação de que a menina teria sido chantageada por colegas após ter sido obrigada a beijar um aluno no banheiro, com a ação supostamente gravada em vídeo. A polícia, no entanto, ainda não teve acesso a essas imagens.
A advogada da família ressalta a busca por justiça: “Estamos empenhados em fazer com que o caso tenha o menor impacto possível na vida da vítima. A família espera que esse caso de racismo e bullying dentro da escola não fique impune.”
A família planeja entrar com uma ação judicial contra a escola e solicitar que a bolsa de estudos seja mantida em outro colégio até a formatura da adolescente na faculdade, preferencialmente em uma instituição com foco em letramento racial.
O Que Fazer e Entender: Ajuda e Lei
Este caso no Mackenzie reacende o debate sobre a violência racial e o acolhimento nas escolas. É fundamental lembrar a distinção legal entre:
- Racismo: Crime que atinge uma coletividade, impedindo o acesso ou a fruição de direitos a um grupo por motivo de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. É inafiançável e imprescritível, com pena de 1 a 5 anos de prisão.
- Injúria Racial: Crime que atinge a honra e a dignidade de um indivíduo específico, utilizando elementos de raça, cor, etnia, religião ou origem.
Denúncias de racismo e injúria racial podem ser feitas em delegacias especializadas, em qualquer delegacia física ou online, ou pelos canais Disque 100 e 190 (em caso de flagrante).
Se você, ou alguém que você conhece, está passando por sofrimento psíquico, pensando em suicídio ou precisando de apoio emocional, procure ajuda especializada. O Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio gratuito e sigiloso 24 horas por dia pelo telefone 188, além de chat, e-mail e atendimento presencial em diversas unidades. Os Caps (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade também são recursos importantes de saúde mental pública.
O caso segue sob investigação, e a comunidade escolar e a sociedade aguardam por respostas e medidas eficazes para garantir a segurança e o bem-estar de todos os estudantes, combatendo o racismo e o bullying em todas as suas formas.
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