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EUA à Beira do Limite: Protestos em LA Escalados, Tropas Federais e o Conflito de Autoridade que Chocou a Califórnia

EUA à Beira do Limite: Protestos em LA Escalados, Tropas Federais e o Conflito de Autoridade que Chocou a Califórnia

temp_image_1749555282.672558 EUA à Beira do Limite: Protestos em LA Escalados, Tropas Federais e o Conflito de Autoridade que Chocou a Califórnia

EUA à Beira do Limite: Protestos em LA Escalados, Tropas Federais e o Conflito de Autoridade que Chocou a Califórnia

Los Angeles tornou-se o epicentro de uma intensa disputa que levou os Estados Unidos a uma tensão à beira do limite. Pelo quarto dia consecutivo, a cidade foi palco de violentos protestos em LA contra as ações de fiscalização de imigração do ICE (Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA). O confronto nas ruas escalou rapidamente, culminando na mobilização de tropas federais nos EUA e em um inédito conflito federal-Califórnia.

Confronto nas Ruas: Polícia vs. Manifestantes

A segunda-feira em Los Angeles foi marcada por cenários caóticos. Policiais e manifestantes se enfrentaram diretamente. Autoridades usaram táticas de dispersão, incluindo flash-bangs e balas de borracha, após objetos serem atirados contra os oficiais. A situação se tornou tão tensa que até uma equipe da CNN foi escoltada para fora de uma área de protesto.

Essa dinâmica de confronto não se limitou a LA, com manifestações anti-ICE ocorrendo em diversas cidades por todo o país, evidenciando a amplitude da crise nos EUA.

A Resposta Federal e a Escalada Militar

Em resposta à crescente instabilidade, o governo federal ativou cerca de 700 fuzileiros navais para proteger propriedades e pessoal federais. Além disso, o Presidente Donald Trump mobilizou mais 2.000 membros da Guarda Nacional, dobrando o contingente inicialmente enviado.

A justificativa oficial, segundo figuras como o czar de fronteiras Tom Homan, era a necessidade de controlar os protestos. No entanto, essa decisão federal gerou uma forte reação por parte de autoridades locais e estaduais.

O Choque de Autoridade: Califórnia vs. Trump

O governador da Califórnia, Gavin Newsom, e a prefeita de Los Angeles, Karen Bass, criticaram duramente as mobilizações federais. Bass chegou a declarar que a cidade estava sendo "usada para um experimento" de autoridade federal.

O Secretário de Defesa, Pete Hegseth, enfrentou uma série de audiências no Capitólio, onde foi questionado sobre o uso doméstico das forças armadas, tanto na Califórnia – ativando a Guarda Nacional contra a vontade de oficiais locais – quanto na fronteira, onde quase 10.000 soldados da ativa foram destacados para deter migrantes.

Um comentário de Hegseth no X (anteriormente Twitter) sobre a mobilização imediata da Guarda Nacional e a possibilidade de uso de fuzileiros navais em alerta máximo levantou preocupações no Pentágono e no Departamento de Segurança Interna, gerando perguntas sobre a necessidade e as tarefas dessas tropas, questões que os legisladores também abordaram.

As Ferramentas de Dispersão e Seus Riscos

Para controlar as multidões, a polícia de Los Angeles utilizou um arsenal de ferramentas de dispersão. A CNN documentou o uso de flash-bangs, gás lacrimogêneo, pepper balls, balas de borracha e projéteis tipo "beanbag", além de equipamentos tradicionais como bastões.

Essas armas, frequentemente descritas como "menos letais", são projetadas para incapacitar indivíduos minimizando lesões graves. No entanto, relatórios após os protestos de 2020 mostraram que muitas pessoas sofreram ferimentos, especialmente por balas de borracha, evidenciando que "menos letal" não significa inofensivo.

A Batalha Legal: Califórnia Processa o Governo Federal

A escalada do conflito levou a Califórnia a entrar com um processo contra o governo Trump, pedindo a um juiz que declare inconstitucional a mobilização da Guarda Nacional e proíba futuros destacamentos sem consentimento estadual. O processo invoca leis centenárias cruciais:

  • Décima Emenda: Reserva aos estados ou ao povo todos os poderes que não foram delegados ao governo federal pela Constituição.
  • Posse Comitatus Act: Restringe o uso das forças armadas dos EUA (Exército, Força Aérea, Marinha) para aplicar leis americanas domésticas, a menos que autorizado por lei.

Essa ação legal sublinha a profundidade do conflito de autoridade que a situação provocou.

Quem Está nas Ruas? A Dinâmica dos Protestos

As autoridades de segurança de LA notaram que nem todos os presentes nos protestos eram motivados exclusivamente pela oposição às ações do ICE. O chefe da LAPD, Jim McDonnell, fez uma distinção entre manifestantes legítimos exercendo seu direito à livre expressão e "perpetradores" de violência.

Análises de inteligência indicaram a presença de "profissionais do tumulto", indivíduos que buscam confronto constante com a polícia. Figuras como o ex-agente do FBI Steve Moore descreveram esses grupos, incluindo anarquistas e Antifa, como oportunistas que buscam criar caos.

Apesar da violência em LA, protestos em outras cidades como São Francisco foram majoritariamente pacíficos, embora incidentes isolados de vandalismo e prisões também tenham ocorrido. Manifestações de solidariedade e oposição ao ICE também aconteceram em Nova York, Seattle, Dallas, Atlanta e até mesmo na Cidade do México, onde manifestantes protestaram em frente à Embaixada dos EUA.

Vozes da Comunidade e Análise Política

Organizações comunitárias como a Unión del Barrio e a National Day Laborer Organizing Network (NDLON), através de figuras como Pablo Alvarado, expressaram apoio ao direito da comunidade de "defender seu povo" de ações do ICE, mas também lamentaram como a violência em LA prejudicou a causa dos manifestantes pacíficos.

Do ponto de vista político, analistas viram a resposta de Trump como potencialmente autoritária. Sua retórica e ações, incluindo a sugestão de prender o governador Newsom (comentada por Tom Homan na CNN), foram comparadas a táticas de líderes tirânicos, especialmente o uso de forças militares em solo doméstico. A questão em aberto é se o presidente está apenas usando retórica dura ou se está disposto a cruzar limites inéditos na história americana recente.

À Beira do Limite

A situação em Los Angeles e a resposta federal expuseram profundas rachaduras na política e na sociedade americana, colocando em xeque o equilíbrio de poder entre estados e o governo central, além de levantar sérias questões sobre segurança pública, direitos civis e o futuro da imigração no país. O cenário de confronto em LA e a tensão política permanecem elevados, mantendo os EUA à beira do limite.

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