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Extra Omnes: O Conclave Começa no Vaticano para Eleger o Novo Papa

Extra Omnes: O Conclave Começa no Vaticano para Eleger o Novo Papa

temp_image_1746633912.004343 Extra Omnes: O Conclave Começa no Vaticano para Eleger o Novo Papa

O Vaticano em Expectativa: Início do Conclave e a Ordem “Extra Omnes”

Um momento de profunda expectativa toma conta do Vaticano e da Igreja Católica em todo o mundo. Após a sé vacante, os cardeais eleitores se reúnem na histórica Capela Sistina para dar início ao Conclave, o processo solene e secreto que definirá o 267º sucessor do Apóstolo Pedro. Este é um rito ancestral, carregado de simbolismo e regras rigorosas, culminando na famosa ordem latina: Extra Omnes.

O Significado de “Extra Omnes”

A frase latina “Extra Omnes” significa, literalmente, “Fora Todos”. É o comando solene proferido pelo Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, Monsenhor Diego Giovanni Ravelli, marcando o início formal da clausura do Conclave. Após o juramento de todos os cardeais eleitores, a ordem é dada para que todos que não participam diretamente da eleição – guardas, assistentes, técnicos e outros funcionários – deixem a Capela Sistina. As portas então são fechadas e lacradas, garantindo o isolamento e o segredo absoluto dos trabalhos.

A Procissão e o Solene Juramento dos Cardeais

O dia do Conclave começa com uma missa especial, a “Pro eligendo Romano Pontifice” (Pela Eleição do Romano Pontífice), celebrada na Basílica de São Pedro. Em seguida, os 133 cardeais eleitores – vindos de 71 países – caminham em procissão da Capela Paulina para a Capela Sistina, entoando as Ladainhas dos Santos e o hino “Veni Creator Spiritus”, invocando a guia do Espírito Santo para a difícil e crucial tarefa que têm pela frente.

Dentro da Capela Sistina, diante do altar e sob os afrescos de Michelangelo, cada cardeal, um a um, presta um juramento solene, colocando a mão sobre o Evangelho. A fórmula é clara e incisiva, prometendo fidelidade às normas da Constituição Apostólica “Universi Dominici Gregis” e, crucialmente, mantendo o mais absoluto segredo sobre tudo o que ocorrer durante o Conclave, sob pena de excomunhão automática (latae sententiae). Este juramento abrange não apenas os cardeais, mas também todos os poucos assistentes e técnicos autorizados a permanecer em áreas restritas, que também prestaram juramento nos dias anteriores.

A Espera pela Fumata: O Sinal para o Mundo

Com as portas fechadas e o “Extra Omnes” cumprido, os cardeais iniciam as votações. O método é por escrutínio secreto. São necessárias dois terços dos votos para eleger o novo Papa – neste Conclave, 89 votos. As votações ocorrem até quatro vezes ao dia: duas pela manhã e duas pela tarde, exceto no primeiro dia, que geralmente tem apenas uma votação no final da tarde.

Ao término de cada sessão de votação (manhã e tarde), as cédulas são recolhidas e queimadas em uma estufa especial instalada na Capela Sistina. A cor da fumaça que sai da pequena chaminé no telhado da capela anuncia o resultado ao mundo:

  • Fumata Negra: Indica que o novo Papa ainda não foi eleito, pois nenhum candidato alcançou o quorum necessário. Para produzir a fumaça escura, adiciona-se um composto químico às cédulas.
  • Fumata Branca: Anuncia ao mundo que o novo Papa foi escolhido! Um composto químico diferente é usado para gerar fumaça clara, e os sinos da Basílica de São Pedro também tocam para confirmar a notícia.

Este sistema de fumata, embora tenha sido aprimorado ao longo do tempo (com a introdução de substâncias químicas para garantir a cor e uma segunda estufa), é um dos rituais mais aguardados e reconhecidos globalmente, conectando a Praça de São Pedro com o que acontece secretamente dentro da Capela Sistina.

Nos Bastidores: Logística e Curiosidades

Durante o Conclave, os cardeais ficam hospedados na Casa Santa Marta, uma residência dentro do Vaticano. Para garantir o isolamento e evitar qualquer comunicação externa, medidas de segurança rigorosas são implementadas, incluindo o desligamento de sinais de telefonia móvel e internet na área do Vaticano.

Uma curiosidade histórica é a lenda da “Pasta do Conclave”, um prato simples (pasta com manteiga e parmesão) que, segundo a tradição, seria servido aos cardeais em tempos de deliberação prolongada, lembrando a dieta frugal imposta em conclaves antigos para acelerar a eleição.

Outro local significativo é a “Stanza delle Lacrime” (Sala das Lágrimas), uma pequena sacristia onde o Papa recém-eleito se retira logo após aceitar a escolha. É ali que ele veste a batina branca pela primeira vez e, muitas vezes, se emociona com a imensidão da responsabilidade recebida, antes de se apresentar ao mundo na Sacada das Bênçãos da Basílica de São Pedro para o aguardado “Habemus Papam”.

O Perfil e as Expectativas para o Novo Pontificado

Com 133 cardeais de origens tão diversas, o Conclave de hoje reflete a universalidade da Igreja. Há perfis variados entre os eleitores: do mais jovem, o Cardeal Mykola Bychok (45 anos, da Ucrânia), ao mais idoso (Cardeal Carlos Osoro Sierra, 79 anos, da Espanha). A escolha é complexa, buscando um pastor capaz de guiar a Igreja em um mundo em constante transformação, enfrentando desafios como a globalização, as questões sociais e ambientais (temas caros ao Pontificado anterior) e a manutenção da unidade na diversidade.

Nomes como os Cardeais Pietro Parolin, Luis Antonio Tagle, Pierbattista Pizzaballa, Matteo Zuppi e Robert Prevost foram citados como possíveis “papabili”, mas o processo é imprevisível e, para os fiéis, a escolha final é vista como inspirada pelo Espírito Santo.

Conclusão: A Espera Continua

Enquanto as portas da Capela Sistina permanecem fechadas, o mundo católico aguarda. A cada sessão de votação, a atenção se volta para a chaminé, na expectativa de ver a fumaça que anunciará o fim do Conclave e a chegada de um novo líder para milhões de fiéis. A ordem “Extra Omnes” deu início ao processo; agora, resta esperar pelo sinal no céu de Roma que dirá: o Papa foi eleito.

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