Investigação Exclusiva da CNN News Desmascara a Brutal Repressão Pós-Eleitoral na Tanzânia

EDITOR’S NOTE: Este artigo contém imagens e descrições que podem ser perturbadoras.
Investigação Exclusiva da CNN News Desmascara a Brutal Repressão Pós-Eleitoral na Tanzânia
Uma investigação aprofundada da CNN News trouxe à luz uma série de violações de direitos humanos e a brutalidade da repressão que se seguiu à disputada eleição presidencial na Tanzânia. O que se desenrolou nas semanas após o pleito de outubro é um cenário perturbador de violência policial contra manifestantes, muitos deles desarmados, e evidências crescentes de mortes e até mesmo valas comuns.
A Tanzânia, outrora vista como um bastião de estabilidade na África Oriental e um destino turístico popular, agora enfrenta sérias acusações de abuso de poder. A reportagem da CNN News compila vídeos geolocalizados, análises forenses de áudio dos disparos e relatos chocantes de testemunhas e vítimas, pintando um quadro sombrio da realidade no país.
O Contexto Político: Eleições Controvertidas e Protestos Silenciados
A controvérsia teve início com a reeleição da Presidente Samia Suluhu Hassan, que alegou uma vitória esmagadora de 98% dos votos em 29 de outubro. Contudo, essa vitória foi precedida pela exclusão de seus principais rivais da corrida presidencial, incluindo o líder da oposição, Tundu Lissu, que está sob custódia desde abril, acusado de traição. A exclusão de vozes críticas alimentou a indignação pública, levando a protestos generalizados contra as eleições.
Em resposta aos crescentes protestos, as autoridades impuseram um toque de recolher e um blecaute total de internet. Quando a conectividade foi parcialmente restaurada uma semana depois, a polícia emitiu um aviso proibindo o compartilhamento de fotos e vídeos que pudessem “causar pânico”. Inicialmente, o governo negou qualquer morte de manifestantes, mas a própria Presidente Hassan, na semana passada, reconheceu que houve “algumas baixas”, sem, no entanto, fornecer números ou detalhes.
Evidências Chocantes: Balas, Corpos e Valas Comuns
Testemunhos Visuais e Sonoros da Violência
A investigação da CNN News conseguiu verificar vídeos que sustentam os relatos de testemunhas sobre o número mortal da repressão pós-eleitoral. Em um dos encontros mais chocantes analisados pela equipe, na cidade de Arusha, a polícia tanzaniana atirou fatalmente em dois manifestantes que pareciam não representar ameaça: uma mulher grávida baleada nas costas enquanto tentava fugir, e um jovem atingido na cabeça. A brutalidade da violência policial é inegável.
Um vídeo, cuja autenticidade foi confirmada pela CNN News através de metadados e geolocalização por Benjamin Strick, mostra o momento em que a mulher grávida, segurando apenas um pedaço de pau e uma pedra, é atingida. Outro vídeo captura um jovem manifestante desarmado caindo após ser baleado na cabeça. A análise forense de áudio realizada por Rob Maher, especialista da Montana State University, confirmou a distância e a natureza dos disparos, corroborando os relatos.
Morgues Superlotados: O Preço Humano da Repressão
Os vídeos verificados pela CNN News também expõem a realidade horrível nos hospitais. Morgues de instituições como o Sekou-Toure Regional Referral Hospital, em Mwanza, e o Mwananyamala Hospital, em Dar es Salaam, foram filmados com dezenas de corpos amontoados. Um médico, que tratou vítimas de ferimentos a bala e pediu anonimato por medo de retaliação, descreveu como a polícia trazia os mortos “até que o necrotério ficasse cheio”, após o que os corpos eram “empilhados” do lado de fora.
Em Dar es Salaam, imagens da morgue do Mwananyamala Hospital mostram o chão coberto por dezenas de corpos. Embora o Ministério da Saúde da Tanzânia tenha negado a autenticidade das imagens, uma mulher reconheceu o corpo de seu irmão, morto durante os protestos, em uma dessas filmagens. São testemunhos da dimensão da repressão.
Valas Comuns: Ocultando a Evidência?
Além disso, a investigação revela imagens de satélite de alta resolução que mostram solo recém-mexido consistente com relatos de valas comuns no cemitério de Kondo, ao norte de Dar es Salaam. Análises de imagens de satelite Sentinel-2 indicam que a escavação ocorreu entre 2 e 5 de novembro. Grupos de direitos humanos e testemunhas afirmam que corpos de manifestantes mortos nas últimas semanas foram enterrados lá, reforçando as alegações da principal sigla da oposição, Chadema, de que a polícia estaria descartando centenas de corpos em locais não revelados.
O Impacto na Reputação e a Reação Internacional
A repressão aos manifestantes manchou gravemente a reputação da Tanzânia como uma democracia estável. A Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos (OHCHR), com base em informações de múltiplas fontes, sugeriu que centenas de manifestantes e outros civis foram mortos, com um número desconhecido de feridos ou detidos. A Presidente Hassan lançou uma comissão para investigar a agitação, mas também insinuou que os manifestantes foram pagos, levantando dúvidas sobre a imparcialidade da investigação.
A CNN News tentou obter comentários do governo tanzaniano e da polícia, mas não obteve resposta. A comunidade internacional e organizações de direitos humanos, como a Anistia Internacional, observam atentamente a situação, exigindo transparência e responsabilização pelos atos de violência. A estabilidade da Tanzânia e o respeito pelos direitos humanos estão agora em xeque.
Para mais informações sobre a situação dos direitos humanos na Tanzânia, consulte o escritório da OHCHR: OHCHR – Tanzânia.
Você também pode acompanhar relatórios de organizações como a Anistia Internacional: Anistia Internacional – Tanzânia.
Este é um trabalho contínuo de jornalismo investigativo que visa trazer a verdade à tona, mesmo diante da censura e da repressão.
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