
Nepal em Chamas: A Renúncia do Primeiro-Ministro e a Revolta da Geração Z

Nepal em Chamas: A Renúncia do Primeiro-Ministro e a Revolta da Geração Z
O Nepal mergulhou em um dos seus períodos mais turbulentos das últimas décadas, culminando na renúncia do então primeiro-ministro Khadga Prasad Oli. O país foi palco de uma onda de protestos sem precedentes, liderados em grande parte pela Geração Z, que transformou a capital Katmandu em um cenário de confronto e descontentamento. Mas o que realmente desencadeou essa revolta?
O Estopim da Insatisfação Popular
A faísca que acendeu o barril de pólvora foi a controversa decisão do governo de banir 26 plataformas de redes sociais, incluindo gigantes como WhatsApp, Instagram e Facebook. Em um país onde a conectividade digital é vital e as taxas de uso per capita estão entre as mais altas do sul da Ásia, essa medida foi vista não como uma forma de combater notícias falsas, mas como uma tentativa direta de sufocar a voz do povo e uma campanha anticorrupção crescente. Embora a proibição tenha sido rapidamente revogada, a indignação já havia se espalhado.
No entanto, a proibição das redes sociais foi apenas a ponta do iceberg. Os manifestantes revelaram um descontentamento muito mais profundo e antigo com a corrupção generalizada e uma elite política percebida como desconectada das necessidades da população. Slogans como “nepo baby” e “nepo kids” viralizaram, simbolizando a frustração com o estilo de vida ostensivo dos filhos de políticos, contrastando drasticamente com a realidade da maioria dos cidadãos comuns. Para mais contexto sobre a política nepalesa, você pode consultar fontes como a BBC News sobre o Nepal.
A Geração Z na Vanguarda da Mudança
Diferentemente de protestos anteriores, este movimento foi mobilizado e liderado predominantemente pela Geração Z – os nativos digitais nascidos entre 1995 e 2010. Utilizando as redes sociais como ferramenta principal para organização e disseminação de informações, eles deram um novo rosto à resistência. Embora o movimento não possua uma liderança centralizada, diversos coletivos emergiram, coordenando ações e compartilhando atualizações em tempo real.
É importante ressaltar que os líderes da Geração Z têm reiterado que o movimento é essencialmente pacífico e que os atos de destruição foram “sequestrados” por oportunistas. Eles se apresentaram como protetores do patrimônio público e da ordem cívica, enquanto tentam gerenciar a situação em meio ao caos.
Escalada da Violência e as Consequências
A tensão explodiu em violência. Casas de políticos, incluindo a do próprio primeiro-ministro Oli, foram vandalizadas e incendiadas. Prédios governamentais e até mesmo o Parlamento foram alvos da fúria dos manifestantes. O complexo de Singha Durbar, sede de muitos escritórios do governo, foi invadido, e a Suprema Corte suspendeu audiências devido aos danos.
A violência teve um custo humano terrível: 30 pessoas perderam a vida, incluindo civis e dois policiais, e mais de mil ficaram feridas. Entre os feridos estava a esposa do ex-primeiro-ministro Jhalanath Khanal, que sofreu queimaduras graves. O caos se estendeu até as prisões, com milhares de detentos escapando, e confrontos fatais com as forças de segurança resultaram na morte de jovens fugitivos.
O Exército do Nepal foi mobilizado para patrulhar as ruas de Katmandu, impondo toques de recolher e advertindo contra atos de vandalismo. Dezenas de pessoas foram presas, e armas de fogo foram apreendidas em um esforço para restaurar a ordem.
Um Vazio de Liderança e o Caminho Adiante
A renúncia do primeiro-ministro Khadga Prasad Oli e de outros três ministros do primeiro escalão deixou um vazio de liderança no país. Atualmente, o Nepal é governado pelo presidente Ram Chandra Poudel, de centro-esquerda, em um cenário de incerteza sobre quem assumirá o comando.
Os manifestantes da Geração Z expressaram claramente suas demandas: uma liderança livre de laços partidários tradicionais, baseada em competência, integridade e qualificação. Eles clamam por um governo transparente e estável, que trabalhe para o povo e não para o benefício de elites corruptas. Enquanto alguns nepaleses expressam surpresa e choque com a intensidade da violência, muitos mantêm a esperança de que essa “revolução” possa, de fato, trazer uma melhor governança e um futuro mais brilhante para o país.
Acompanhe o desenvolvimento desta crise e a influência da juventude em movimentos globais. Para entender melhor o papel da Geração Z em protestos ao redor do mundo, consulte pesquisas sobre a Geração Z.
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