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O Fim de ‘Professor’: Morte do Traficante que Comandava a Fazendinha e Ascendeu no Comando Vermelho

O Fim de ‘Professor’: Morte do Traficante que Comandava a Fazendinha e Ascendeu no Comando Vermelho

temp_image_1748853414.707813 O Fim de 'Professor': Morte do Traficante que Comandava a Fazendinha e Ascendeu no Comando Vermelho

A Queda de um Líder: Quem Era o Traficante ‘Professor’?

A morte de Fhillip da Silva Gregório, conhecido no submundo do crime como “Professor”, marca o fim da trajetória de uma figura central e violenta no Comando Vermelho (CV). Apontado como o terceiro homem mais influente da facção fora das grades, Professor teve sua vida abruptamente encerrada na noite de domingo, sob circunstâncias que ainda estão sendo investigadas pela polícia.

Com 65 anotações criminais em seu nome, Fhillip Gregório estava foragido há mais de seis anos. Sua ascensão meteórica no CV ocorreu nos últimos cinco anos, especialmente após assumir o estratégico papel de fornecedor de armas. Essa função crucial para a expansão da facção na Zona Oeste do Rio de Janeiro lhe rendeu poder e o controle da favela da Fazendinha, no coração do Complexo do Alemão.

O Império na Fazendinha: Tráfico e Poder

Foi na Fazendinha que o traficante Professor montou sua base e viveu recluso por cerca de três anos. De lá, ele orquestrava a complexa logística da distribuição de armas e entorpecentes adquiridos em países como Paraguai, Bolívia e Colômbia, abastecendo diversas comunidades dominadas pelo Comando Vermelho.

A base na Fazendinha não era apenas um quartel-general de negócios ilícitos, mas também o centro de onde partiam ordens violentas. Em outubro de 2023, Professor ordenou a execução de um aposentado de 74 anos com Alzheimer. A vítima brincava com crianças e animais na comunidade quando foi cruelmente espancada e morta após ser confundida com um pedófilo. O crime chocante resultou em mais um mandado de prisão contra o traficante.

Da Prisão à Fuga: Uma Longa Ficha Criminal

A carreira criminal de Fhillip Gregório teve início anos antes. Em 2015, ele foi capturado pela Polícia Federal por contrabando de armas e drogas. Cumpria uma pena de 14 anos de prisão quando, em 2018, tornou-se foragido ao não retornar de uma saída temporária.

Sua importância ia além do Rio. Ele era procurado também pela Justiça Federal da Bahia. Investigações revelaram que Professor integrava uma quadrilha responsável por movimentar espantosos R$ 1,2 bilhão em apenas três anos, sendo o elo vital entre fornecedores sul-americanos e a cúpula do CV.

O Perfil: Violência, Estratégia e Vaidade

Agentes policiais o descreviam como um “matuto” – termo para traficantes especializados em aquisições internacionais. Era considerado violento e estrategicamente recluso, evitando sair do morro. Uma conversa interceptada pela PF de 2021 mostra sua mentalidade: “Eu não saio de dentro do morro tem três anos… Chego em casa e fico esperando para ver se vai ter operação ou não”.

Contrastando com a brutalidade do seu dia a dia, investigações também revelaram um perfil vaidoso. Professor submeteu-se a procedimentos estéticos como lipoaspiração, clareamento dentário e implante capilar, demonstrando uma faceta inesperada para alguém em sua posição.

Ele exercia controle férreo sobre a comunidade. Mensagens interceptadas mostram-no negando autorização para uma moradora dar entrevista sobre a reativação do teleférico do Alemão, evidenciando seu poder sobre o cotidiano local.

Supostos Vínculos com Policiais: Teias de Corrupção

Um dos aspectos mais sombrios da investigação sobre Professor foi a revelação de supostos contatos diretos com oficiais da Polícia Militar que comandavam Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Complexo do Alemão. Em abril, reportagens indicaram que ele negociava com policiais a presença ou ausência de patrulhamento em certas áreas e chegava a ser elogiado por sua “gestão” do tráfico.

Esses diálogos fazem parte do inquérito da Operação Dakovo, que desmantelou um esquema de tráfico internacional de 43 mil armas do Paraguai para facções brasileiras, com Professor apontado como o principal comprador do arsenal para o Comando Vermelho.

A Morte e o Futuro das Investigações

O corpo de Fhillip Gregório foi levado à UPA de Del Castilho já sem vida na noite de domingo. Identificado por sua esposa e advogado, sua morte encerra um capítulo na história recente do Comando Vermelho no Rio de Janeiro, mas a Delegacia de Homicídios da Capital segue investigando as circunstâncias exatas do ocorrido, buscando esclarecer quem e por que matou o ‘Professor’.

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